Capítulo 8

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Exatamente às seis da manhã, como combinado eu me encontro em frente à porta do meu quarto esperando por Miles.

Alguns minutos depois uma porta se abre a minha frente e eu tomo um pequeno susto. Eu ando tomando muitos sustos ultimamente, acho que ando muito distraída.

Miles surge vestindo um camisa branca abotoada, bermudas jeans escuro e tênis branco. Ele está tão casual, mas tão lindo. Eu abro um pequeno sorriso quando ele olha para mim.

Não, Hannah! Pare já!

Eu preciso falar com ele sobre o que aconteceu ontem. Precisamos conversar e garantir que concordamos que aquilo foi errado. Eu tenho um namorado e ele... Ele provavelmente tem alguém... Eu não sei. Isso não me interessa. O que interessa é que os dois admitamos que aquilo foi errado.

— Você está linda — ele diz com um sorriso no rosto e eu sorrio de volta.

Ahh, por que?

Por que eu fico desse jeito quando ele me diz isso? Eu não consigo evitar sorrir, eu fico tímida, sem jeito. Ahh, que raiva!

— Vamos? — ele pergunta e eu concordo com um aceno.

Nós caminhamos lado a lado, passando por vários lugares legais até chegar ao tal sítio que ele falou. Foi uma caminhada de uns quinze minutos, contando que estávamos andando um pouco devagar. E para chegar ao sítio andamos por um caminho bem calmo, com muitas árvores por todo lado, até encontrar uma placa que vinha escrito "Green Lagoon".

Um pouco depois dessa placa a gente encontra um espaço aberto lindo, com algumas árvores e uma lagoa enorme cheia de patos e cisnes.

Esse lugar é o paraíso. Sozinha eu não iria encontrar nunca, eu ia me perder.

Me encontro toda encantada apreciando o espaço todo quando Miles segura minha mão para me guiar para algum lugar próximo ao lago. Meu corpo estremece com o seu toque.

— Por aqui.

Nós nos aproximamos ao lago e nos sentamos mesmo à beira dele.

Acho que agora entendo o nome do lago, Green Lagoon. As árvores refletem no rio dando um aspeto esverdeado a água, talvez seja daí que tenham tirado o nome. De qualquer jeito, isto é perfeito.

Eu estou tão maravilhada pelo lugar que ainda não disse uma palavra.

— O que achou do lugar?

— Eu amei. É lindo demais. Queria poder ter mais tempo para ficar aqui — comento desapontada por saber que hoje praticamente o último dia livre que terei aqui. Amanhã é o casamento do Ty e no domingo estamos voltando para casa.

Os passarinhos assobiam aos nosso redor criando uma música agradável juntamente com o barulho do vento passando pelas folhas das árvores.

Tem mais algumas pessoas – poucas, na verdade – nesse jardim, mas estão muito distantes de nós.

Eu finalmente ganho coragem para falar sobre a situação de ontem. Miles em nenhum momento mencionou o assunto e ele não parece estar incomodado. Na verdade, ele está muito mais à vontade e relaxado. Mas claro que seu jeito de ser não muda, sempre misterioso, calado e confuso.

Olho para ele e respiro fundo. Felizmente o ambiente de natureza ajuda a me acalmar.

— Miles... Sobre ontem... — Ele imediatamente se vira para mim e me encara como se já soubesse o que eu vou dizer.

Ah, esses olhos que estão mais claros agora com a luz do sol...

Me pergunto se Tyler falou com Miles e deu algum aviso a ele em relação a mim porque é isso que ele sempre faz.

— Eu quero fazer aquilo de novo — ele fala antes que eu possa terminar a minha frase, me deixando espantada.

Ele quer fazer aquilo de novo?

— Aquilo o quê?

Como assim "aquilo o quê?"? Eu entendi muito bem a sua frase e isso foi antes de eu perder a minha capacidade de percepção, então por que eu fiz essa pergunta?

— Eu quero beijar você, Hannah. Muito.

Como ele quer que eu o impeça de me beijar novamente com ele falando coisas assim?

Meu coração parou por um segundo e quando voltou a bater ele acelerou de um jeito inexplicável.

Eu inspiro e expiro duas vezes e solto uma resposta impulsiva.

— Então beije — digo sem hesitar.

O que há de errado comigo, Jesus Cristo?!

Eu esqueci completamente que tenho um namorado e estou aqui falando para um cara que mal conheço me beijar.

Mas o problema é que eu quero. Quero muito isso. Eu só não tinha percebido antes. Ou não quis perceber...

— Eu não posso — ele diz.

Miles está olhando para mim com a feição tranquila, mas ele parece desesperado.

— Por que, Miles?

Miles permanece em silêncio, ignorando completamente a minha pergunta.

— Você me deixa tão confusa. Desde o momento que eu apareci eu achava que você nem sequer gostava de mim. E do nada você me beijou e me disse para eu não te deixar fazer aquilo novamente, e agora está aqui me dizendo que quer me beijar, mas que não pode.

— Não é que eu não goste de você, Hannah. — Miles respira pesadamente e faz uma curta pausa. — Eu apenas não quero gostar de você e me sentir atraído por você. Nem quero que você sinta o mesmo por mim.

Suas palavras me deixam de algum modo desconfortável. E eu não sei o que fazer nesse momento. Não sei o que dizer. Não sei o que pensar.

Nossas respirações colidem quando ele se aproxima mais de mim. A distância entre os nossos corpos é de exatamente dois centímetros. O ambiente é silencioso, mas não silencioso o suficiente para eu ouvir sua respiração, mas de alguma forma eu consigo ouvir cada suspiro seu.

— E eu tenho medo de começar isso e não conseguir parar — sua voz é tão grossa e baixa quando ele diz essas palavras.

Eu sinto arrepios pelo meu corpo todo e espero que ele não se aperceba disso. Eu acho que ele quer muito mais do que somente me beijar. Eu também quero.

Sem pensar duas vezes Miles me beija. Seus lábios são tão quentes e possessivos e transmitem choques pelo meu corpo inteiro. Eu nunca senti isso antes. Isso é estranho, mas bom.

Sua língua invade minha boca acariciando a minha que repete seus movimentos. Sua mão percorre as minhas costas até a minha cintura. São tantas sensações e eu não consigo me concentrar numa só.

Miles me beija mais intensamente como se não quisesse me soltar, mas é isso que ele faz, ele me solta.

— Eu não posso fazer isso.

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