Capítulo 43

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Miles mal terminou comigo e já está com outra. Eu achava que ele era diferente, mas eu acho que me enganei. E me enganei muito.

Eu olho uma última vez para eles e vejo Miles sorrindo para ela. Ele está sorrindo para ela! Meu coração se aperta dolorosamente com essa cena.

Caminho alguns passos para longe do prédio e entro no primeiro táxi que aparece. Olho através da janela enquanto o táxi passa por Miles e ele está olhando para mim. Ele me viu.

O táxi avança e eu perco Miles de vista. Lágrimas imediatamente encharcam os meus olhos e eu luto para não deixá-las cair.

Essa noite não podia ficar pior.

Agora eu definitivamente vou voltar para Seattle! O meu plano é simples: voltar para Seattle, trabalhar no meu novo emprego, gerir o projeto do Reid à distância e esquecer Miles.

***

— Bom dia, Senhor Reid — eu digo sorridente quando o vejo entrar no escritório improvisado no terreno da construção.

— Bom dia, Hannah — ele diz. — Por favor, me chame por John, ou Reid só. Essas formalidades são um pouco demais para mim.

Eu rio do seu comentário e abano a cabeça positivamente.

— Tudo bem, Reid. — Ele levanta uma de suas sobrancelhas grossas. — Me sinto mais confortável com Reid — acrescento.

— Pode ser — ele concorda e eu fico aliviada. — Então, o que a traz aqui? Ainda estamos fazendo as escavações.

Eu olho pela janela e vejo os camiões trabalhando no terreno, tirando pedras e areia. Eu suspiro na tentativa de ganhar coragem para dizê-lo que eu estou voltando para Seattle.

— Bom... — Eu faço uma pausa enquanto me sento em uma cadeira. — Primeiro quero agradecê-lo pela oportunidade, sinceramente não há forma de agradecer. Mas a verdade é que eu preciso voltar para Seattle por motivos... Pessoais.

O motivo principal tem nome e sobrenome: Miles Coleman.

— Oh — ele diz surpreso e faz uma rápida pausa. — Bom, você pode me agradecer continuando a gerir o projeto à distância mesmo. Isso se você concordar.

— Na verdade, eu estava preocupada que você não concordasse. — Eu sorrio. — Mas claro que posso fazer isso!

Reid sorri também aliviado.

Eu sei que já deixei o projeto pronto e que seria fácil para outro arquiteto continuar, porém não seria a mesma coisa, ele até poderia alterar algumas coisas. Sem falar que deixar outra pessoa realizar esse projeto que é tão especial, seria doloroso para mim.

— Quanto tempo você vai ficar lá? — ele pergunta.

— Eu não sei.

Eu abaixo a minha cabeça e olho para as minhas mãos, me sentindo péssima por essa situação.

— Esse projeto é seu, Hannah, e eu não vou entregar a um outro arquiteto e nem quero isso.

— Obrigada — eu digo.

Reid é uma pessoa incrível e a pessoa perfeita com quem eu poderia trabalhar no meu primeiro projeto. Ele não está preocupado só com a construção do edifício e o dinheiro, ele também está tendo consideração por mim e pelo meu trabalho me dando essa oportunidade maravilhosa.

Depois dessa conversa com ele, nós acabamos conversando sobre mais alguns detalhes do projeto. Estávamos discutindo sobre o melhor local para colocar o estacionamento para visitas.

O edifício terá um estacionamento subterrâneo para os moradores e trabalhadores e um estacionamento exterior para visitas, pois nesta área as vagas de estacionamento público são escassas. Além do mais, o Senhor Reid quer dar o maior conforto possível para qualquer pessoa que frequente o edifício.

Achei uma ideia incrível, pois pensei em situações como familiares ou amigos de moradores vindo visitá-los, tendo um estacionamento privado eles não terão que pagar taxas de estacionamento lá fora.

Quando dá cinco em ponto, eu arrumo as minhas coisas e saio.

Eu preciso passar da casa do Miles antes de ele voltar. Quando eu ainda morava lá, ele chegava por volta das seis, então eu ainda tenho algum tempo para ir até lá e sair antes de ele voltar.

Não vai ser justamente hoje que ele vai voltar mais cedo. Isso não pode acontecer.

Vinte minutos depois eu finalmente chego. Pago o táxi e caminho rumo ao térreo. Jay abre um enorme sorriso quando me vê.

— Estou feliz por vê-la novamente — ele diz sorrindo e eu sorrio de volta.

— Temo que essa seja a última vez que me vê — eu digo em tom triste.

— Como assim? Por quê? — Seu sorriso imediatamente se desfaz.

— Estou voltando para Seattle. Vim buscar as minhas coisas.

— Ah — ele diz desiludido. — Eu espero que esteja tudo bem.

Talvez as coisas melhorem quando eu voltar para Seattle e eu esqueça tudo que aconteceu. E esqueça Miles...

Eu não consegui me impedir de me apaixonar por ele, mas eu espero conseguir esquecê-lo.

O que eu achava que seria o início de uma vida nova, me mostrou que isso realmente eram só umas férias e o que Miles e eu tínhamos era uma diversão temporária. Infelizmente as coisas tomaram outro rumo e terminaram de um jeito nada bom.

— As coisas vão melhorar.

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