Capítulo 16

591 33 0
                                    

Deitada no sofá do Miles – que inclusive tem seu cheiro, na verdade a casa toda tem seu cheiro – escuto a porta abrindo e se fechando.

Com o cenho franzido, me levanto para observar o espaço e me deparo com Miles. Ele voltou cedo para casa. Mas fico feliz por finalmente vê-lo após dois dias sem nos vermos mesmo morando na mesma casa.

Ele está lindo como sempre. Hoje seu terno é cinza contrastando com os sapatos pretos. Sua camisa está dentro das calças e as mangas arregaçadas. Seu cabelo está um pouco bagunçado, do jeito que ele sempre está. Eu gosto disso, dos seus cachos rebeldes.

— Hannah — ele diz com um pequeno sorriso em seus lábios.

Ah, que saudades desse sorriso...

Por que eu sinto saudades do sorriso dele? Que não é só do sorriso dele que sinto falta. Eu sinto falta da sua voz, dos seus olhos azuis sobre mim, suas mãos tocando a minha pele...

— Miles. — Eu sorrio para ele, um sorriso maior que o seu.

Ele está com uma feição feliz. Talvez esteja feliz como eu por finalmente nos encontrarmos.

Miles larga sua pasta de couro e seu casaco cinza sob a estante ao lado da porta e enfia suas mãos no bolso enquanto caminha em minha direção. Ele fica tão sexy desse jeito.

— O que está assistindo?

Você está mesmo interessado ou só está tentando criar uma conversa comigo?

— Alguns programas de remodelações de casas — respondo.

— Tentando ter ideias para o apartamento do Tyler?

Eu me ajeito no sofá antes de responder a sua questão.

Acho que como uma boa arquiteta e designer eu devo ficar a par das tendências atuais.

— Na verdade, só não tenho nada para fazer — respondo em tom brincalhão.

Miles sorri e abaixa a cabeça olhando para seus pés.

Quando eu olho para esse homem uma emoção desconhecida desperta dentro de mim. Sinto choques e arrepios e uma vontade extrema de pular para cima dele.

Ainda me questiono porque ele está em casa tão cedo, mas decido não perguntar isso para ele agora.

— Quer sair para almoçar?

Sua pergunta é extremamente convidativa e eu sorrio interiormente.

Talvez ele tenha vindo para casa almoçar só, apesar de que esse não é o seu hábito. Miles nunca fez isso. Não desde que estou aqui.

Eu analiso seu rosto e sorrio para ele. Miles me encara com uma feição curiosa de quem está esperando uma resposta.

— Estou morrendo de fome.

Minha resposta não é direta, eu não quero dar-lhe um "sim" assim de uma vez. Felizmente, Miles percebe que eu aceito.

— Eu vou trocar de roupa rapidinho — aviso já correndo para o meu quarto.

Dizer essa frase me faz lembrar de três noites há trás, uma noite que eu não consegui esquecer. Uma noite que tem me deixado inquieta.

Mas eu não me arrependo nem um pouco e nem mesmo por Dylan, até porque ele também deve ter se divertido muito na noite da festa de casamento.

Como eu posso não me sentir arrependida por... Tecnicamente ter traído o meu namorado? Não tem como eu me sentir mal sabendo que ele fez o mesmo.

E agora eu só penso em Miles e em mais ninguém.

E Dylan não tem me ligado, o que também permitiu que eu não pensasse nele e só pensasse em Miles.

Eu observo Miles enquanto ele liga o carro e avança para fora do estacionamento do edifício. Ele dirige tão bem. Fica tão estiloso e extremamente gostoso dirigindo. Ele não se irrita e muito menos sai por aí gritando com as pessoas que não sabem dirigir e parece tão calmo e confiante.

Eu o assisto pelo trajeto todo até o tal local onde vamos almoçar. E a minha vontade durante esse tempo todo era pular para cima dele, mas me contive.

Por que eu me sinto assim? O que ele tem de diferente de Dylan ou dos outros, além de ser extremamente atraente?

Miles me leva a um restaurante um pouco distante do nosso apartamento... Não, do apartamento dele que eu estou utilizando de graça e ele parece não se importar com isso.

Nós nos sentamos numa das mesas na varanda com vista para um vasto jardim esverdeado.

Enquanto Miles faz o pedido eu aproveito para verificar as notificações no meu celular.

Tem uma mensagem do Tyler perguntando se estou bem, como sempre ele agindo como o irmão super protetor. Eu o respondo com uma mensagem curta e passo para a próxima, uma mensagem da minha mãe. É um texto enorme e eu não tenho a mínima vontade de ler, então eu ignoro. Deve ser somente mais um dos sermões dela e eu não estou com paciência para aturar isso.

— Está tudo bem? — Miles pergunta.

— Está... Está sim — eu respondo e, felizmente para mim, ele não insiste.

Durante a refeição toda nós falamos aqui e ali, mas apenas sobre o casamento. Miles continua não falando muito, sempre com frases curtas, pelo menos comigo.

Depois do almoço nós voltamos para casa. Ele recebeu uma ligação e precisava ir logo para casa para resolver o seu problema. Eu também preciso passar do apartamento do Tyler para ver como as coisas estão.

Miles estaciona o carro na sua vaga de estacionamento e desliga o carro. Escuto sua respiração pesada enquanto ele encosta a cabeça no seu assento.

— O que foi? — pergunto e ele se vira para mim quando escuta minhas palavras.

Em um rápido movimento ele se solta do cinto de segurança e se aproxima do meu rosto pressionando seus lábios contra os meus. Eu não tenho qualquer reação, apenas cedo ao seu gesto.

Sua mão puxa minha cabeça para mais perto dele enquanto seus lábios me possuem. A minha respiração é tão profunda que eu quase perco o ar. A temperatura do carro parece ter subido uns dez graus em apenas alguns segundos.

Miles corre sua mão por baixo da minha blusa até que ela encontra meu sutiã. Eu deslizo a minha mão para trás e aperto a sua.

— O que você está fazendo? — pergunto ofegante.

Ele planta alguns beijos no meu pescoço e eu estremeço.

— Eu acho que você sabe.

LoverOnde histórias criam vida. Descubra agora