Capítulo 45

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Eu entro no aeroporto e procuro por Jess. Ela disse que estaria aqui para me despedir.

Jess tentou me convencer a ficar, mas depois me disse que eu fizesse o que eu achava que era melhor para mim. E nesse momento eu acho que o melhor é voltar para Seattle. Porque é isso que eu faço, eu me afasto quando as coisas dão errado e corro atrás da primeira oportunidade que pode dar certo.

Eu olho para os lados e dou de cara com uma Jess super sorridente. Corro para abraçá-la e vejo Tyler parado onde Jess estava. Tyler veio, eu não esperava isso. Jess deve tê-lo obrigado.

— Você o obrigou a vir? — eu pergunto para a Jess.

— Hannah! — ela me repreende séria, mas ri em seguida. Ela definitivamente o obrigou. — O importante é que ele está aqui. Vem.

Nós começamos a caminhar em direção a Tyler e ele olha para o lado, fingindo estar focado em alguma coisa.

— Tyler.

— Hannah — ele diz sem me olhar.

— É sério isso? — Jess pergunta cruzando os braços. — Tyler, pelo menos finja que está aqui por vontade própria!

Jess parece uma mãe zangando com seu filho que está todo amuado porque queria ficar em casa jogando videogame.

Eu rio quando penso nisso.

— Não ria disso — Tyler adverte sério, mas logo em seguida cai numa gargalhada comigo.

— Ah, boa, agora estão rindo de mim. — Jess revira seus olhos.

Nós os dois rimos ainda mais e Jess acaba rindo também.

Nossa, eu senti falta disso! Falta dessa minha amizade com Tyler. Falta de rir com ele enquanto zombamos de alguém, nesse caso, Jess.

Tadinha.

— Tenho pena dos seus filhos — eu digo para Tyler que levanta as mãos em rendição.

Jess volta a revirar seus olhos enquanto Tyler e eu rimos. Ela não refuta porque ela sabe que será uma mãe bem dura. Espero que os meus futuros sobrinhos fiquem na linha, caso contrário terão que aturar os sermões da mãe deles.

— Você deveria ir — Tyler diz.

— É, não existe nada pior do que chegar no último minuto — ela diz. — Não é mesmo Tyler? — Jess fala dando ênfase nas suas palavras e Tyler revira os olhos.

Eu rio porque eu sei porquê ela está falando assim. Quando ela me contou os detalhes da lua de mel, um dos primeiros foi que eles quase perderam o voo e por culpa do Tyler que esqueceu a carteira no resort.

Eu não sabia que Tyler era tão distraído a esse ponto.

— Boa viagem, Hannah — Tyler diz, me abraça e beija a minha cabeça.

Jess me abraça forte em seguida e enche as minha bochecha de beijos, eu fico até sufocada.

— Nos vemos no aniversário do seu pai? — Jess pergunta. Sua mão está na minha.

Isso me faz lembrar que o meu pai convidou Miles para o aniversário dele e eu não sei se ele vai.

— Com certeza.

Meu sorriso é enorme e eu tento disfarçar a cara de choro. Inevitavelmente lágrimas rolam pelo meu rosto. São lágrimas de dor não só por eu estar indo embora, mas também porque eu percebo que esse é o fim entre Miles e eu e provavelmente não vou vê-lo mais.

Me sinto péssima também pela amizade dele e Tyler que, se depender do Tyler, está acabada.

— Por favor, não chore, você vai me fazer chorar também e nós ainda precisamos tirar uma foto juntas — Jess afirma limpando uma lágrima que caiu do seu olho. — Vem. — Ela me puxa.

Nós tiramos umas cinco fotografias juntas e então ela pede para Tyler tirar mais algumas fotografias nossas.

— Eu te envio as fotos depois.

— Tudo bem. Estou indo agora — eu digo.

Eu abraço os dois ao mesmo tempo uma última vez e sigo para fazer o check-in e em seguida para a sala de embarque.

***

A primeira coisa que faço quando chego é ver Max. Eu me aproximo da vedação da Dona Margaret e vejo Max correndo da parte de trás da casa até mim. Ele chega a pular a vedação quase me derrubando contra o chão.

Ele estava mesmo com saudades. Eu também estava.

— Max! — eu digo quando ele começa a tentar lamber a minha cara. — Pois é, eu estou de volta — eu falo fazendo voz de criança.

Eu faço carinho nele por longos minutos e depois guio-o de volta ao quintal da Dona Margaret antes que ela surte por ver Max na rua.

Entro em casa e está tudo na mesma. Nada mudou. Exceto o cheirinho que está ainda mais maravilhoso do almoço acabado de fazer da Olívia. Eu caminho até a cozinha seguindo e cheiro e vejo Olívia mexendo alguma coisa no fogão.

— Cheguei numa boa hora — eu digo enquanto pouso a minha bolsa na cadeira junto à bancada da cozinha.

— Hannah! Você está de volta! — ela diz animada e corre para me abraçar. Seu abraço é forte e confortante e ela deposita um beijo na lateral da minha cabeça. — E sim, chegou na hora certa. Eu já vou servir o almoço.

Eu senti tanta falta dela e da comida dela que sou capaz de comer um prato bem cheio. Ou dois. Não, eu não aguentaria dois, é demais.

Antes mesmo de Olívia preparar a mesa na sala de jantar, eu peço para ela servir um prato para mim. Ela concorda que eu coma antes dos meus pais porque ela sabe que estive durante um bom tempo sem comer.

Eu sento na bancada da cozinha mesmo e como na sua companhia. Ela me pergunta como foram as coisas lá e eu digo que foi tudo bem, sem dar detalhes. Conto-a também sobre Miles, mas apenas as coisas boas.

Algum tempo depois eu escuto salto altos socando o chão e o som vai ficando cada vez mais alto. Eu conheço esses passos e reviro os meus olhos antes sequer de confirmar a quem pertecem.

— Hannah — a minha mãe diz vindo em minha direção.

Ela para a minha frente do outro lado da bancada e olha para o meu prato. Eu apenas continuo comendo.

— Não podia esperar o almoço ser servido? — ela pergunta e eu reviro os meus olhos novamente.

Vai começar.

— Oi, mãe — eu finalmente falo e continuo comendo.

— Junte-se à mesa comigo e seu pai, ele já deve ter chegado.

Eu pego no meu prato e sigo para a sala de jantar, ignorando completamente a minha mãe.

Abro um sorriso quando vejo o meu pai sentado no seu habitual lugar na mesa. Caminho a passos largos até ele e largo o meu prato no que costumava ser o meu lugar.

Ele abre um enorme sorriso e me abraça forte.

— Hannah! Senti a sua falta — ele diz ainda me abraçando.

— Eu também, pai.

— Vejo que estava com saudades da comida daqui de casa — ele diz quando finalmente me solta e olha para o meu prato. — Vamos sentar, quero saber como foi em São Francisco.

Como foi em São Francisco... Terei que ocultar muitos detalhes.

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