Capítulo 2

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Acordo com o barulho soando do maldito alarme da minha mãe e do alarme do meu celular que vibra ao mesmo tempo. Eu o procuro desesperadamente para acabar com esse vibrar que sinto por quase toda minha cama. Quando encontro desligo o alarme imediatamente e de seguida pego no maldito alarme da minha mãe e atiro contra o chão.

Pronto, tenho certeza que ele nunca mais vai tocar.

Olho para a janela e apesar da cortina ser escura escapam alguns raios solares pelos lados para dentro do meu quarto. Eu deito virada para cima e olho para o teto.

O meu voo é daqui a três horas e o caminho até ao aeroporto leva cerca de uma hora e meia, o que significa que tenho mais ou menos uma hora e meia para me arrumar. Felizmente deixei tudo pronto ontem à noite.

Depois de me arrumar e deixar meu quarto arrumado também, o que não demora muito, eu saio do quarto fechando a porta cuidadosamente. A esse horário o meu pai já deve ter ido para o trabalho e a minha mãe deve estar deitada em seu profundo sono de beleza como se não tivesse mais nada para fazer.

A minha mala já está no porta-malas do táxi que me espera do lado de fora da casa. Antes de sair, pego o carregador do meu celular e minha bolsa.

— Vai sair sem se despedir de sua mãe? — Olívia questiona, mas seu olhar demonstra que não está me repreendendo.

— É melhor assim. — Eu planto um beijo em seu rosto e a abraço. — E eu vou voltar a vê-la dentro de alguns dias.

Minha mãe não gostou da ideia de eu viajar cedo porque, de acordo com ela, ela tinha planos para mim. Claro, planos de me tornar sua bonequinha perfeita que faz tudo que ela manda. Por isso, prefiro sair sem que ela me veja. Assim, só a verei no fim dessa semana quando ela for ao casamento do meu irmão.

Durante o trajeto até o aeroporto tiro algumas fotos com o celular de paisagens que não conhecia. Sinto o momento como se fosse uma despedida apesar de que em uma semana estarei de volta.

O taxista cantarola uma música que toca no rádio a qual não conheço. É uma música agradável de se escutar, tem uma melodia relaxante com uma voz feminina.

Ele faz um e outro comentário sobre assuntos aleatórios por entre a sua cantoria e eu sorrio e uma vez a outra dou uma resposta curta. Apesar de ele ser simpático não dou muita confiança, afinal, ele é um completo estranho para mim.

Estou ansiosa por conhecer São Francisco e estou ainda mais ansiosa por rever Tyler que não vejo há mais de sete meses. Ele se mudou para trabalhar numa empresa de construção, uma oportunidade única, e desde então que não o vejo.

O voo durará cerca de uma hora e meia, então vou aproveitar esse tempo para tirar um cochilo. É, um cochilo de uma hora e meia.

Tyler me mandou por mensagem o endereço e o número do apartamento que ele está morando com seu amigo. O táxi me deixa mesmo em frente à entrada e me ajuda a tirar a mala e colocá-la ao lado da recepção.

Eu entrego seu pagamento e o agradeço deixando-o com o troco. Ele dá um sorriso felicíssimo e me entrega seu cartão para quando eu precisar de um táxi. Que simpático.

— Oi, boa tarde — eu digo e faço uma curta pausa para escutar sua resposta. — Eu sou a Hannah Collins...

Antes que eu possa terminar de falar ele já me entrega uma chave que Tyler deixou para mim e eu o agradeço, ainda espantada com sua reação rápida para alguém na casa dos quase setenta anos.

Eu caminho em direção ao elevador arrastando a minha mala com rodinhas até que escuto uma voz rouca atrás de mim.

— Precisa de ajuda? — ele pergunta.

— Não, não precisa. Obrigada.

Ele não parecia estar muito bem disposto, então prefiro deixá-lo no seu canto. Se tem uma coisa que eu odeio é alguém ficar me incomodando quando eu estou de mau humor. Tudo o que eu quero nessas horas é ficar no meu canto.

O corredor está vazio e silencioso, mas os meus sapatos criam um eco quebrando o silêncio que se encontrava aqui.

Caminho olhando o número de cada porta até que encontro o apartamento 215. É aqui.

Giro a chave na maçaneta e adentro no apartamento. É tudo tão simples, tão monótono. Uma decoração à base de cinza, branco e um marrom nos detalhes em madeira.

Está tudo tão calmo e silencioso, mais silencioso que o corredor que percorri minutos atrás.

Eu olho ao redor analisando cada detalhe me perguntando como dois homens conseguem manter a casa organizada e impecável desse jeito. Eu esperava encontrar roupas pelo chão, uma mesa de futebol de mesa no meio da sala, louça suja, mas não tem sequer uma dessas coisas.

Inspeciono a casa procurando por alguém, mas não há nenhum sinal de presença humana por aqui. Então, assumo que eles não tenham alguém que mantenha a casa em ordem por eles.

Caminho até o quarto do fundo que é o único com a porta aberta, o que me dá garantia de que não pertença a ninguém. Pouso minha mala em cima da cama e tiro todos os meus pertences, exceto minhas roupas.

Infelizmente, o meu quarto não é uma suíte, o que significa que terei que utilizar o banheiro que fica do outro lado do corredor. Inclusive, eu deveria aproveitar que ninguém está em casa e ir tomar um banho, e aproveitando disso vou tomar banho no banheiro do quarto do Tyler, que pelo que ele me explicou é a segunda porta.

Depois de um banho bem relaxante eu saio do banheiro, com minha toalha enrolada no meu corpo e outra no meu cabelo olhando para o chão, até que levanto meus olhos e me esbarro numa figura masculina. Pela minha rápida análise concluo que não é Tyler.

— Quem é você? O que está fazendo aqui? — eu pergunto com o coração um pouco acelerado.

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