Capítulo 28

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Jess e eu passamos o dia inteiro fora, depois do spa fomos almoçar e o resto da tarde fomos passear pelo shopping. Aproveitei comprar mais algumas peças de roupa para mim porque estava precisando já. Eu não contava com todo esse tempo que eu ficaria, então não trouxe roupa suficiente.

Eu abro a porta desajeitadamente por conta das várias sacolas de compras que tenho penduradas nos meus antebraços. Culpa da Jess que me fez comprar coisas que eu nem precisava!

A sala está escura, o que me faz questionar se Miles já voltou para casa. Eu ligo o interruptor e a sala toda se ilumina.

Caminho diretamente para o meu quarto para deixar todas essas sacolas, pois meus braços já doem e já devem estar cheios de marcas das alças das sacolas.

Uma rápida olhada para a porta revela uma figura que já sei que é Miles. Eu nem preciso observar tanto porque eu já o conheço e conheço o formato do seu corpo e a sua altura.

Começo a achar que ele é algum tipo de ninja. Ele aparece do nada e é extremamente silencioso. Isso meio que me irrita.

E como sempre ele está de calça e sem camisa, exibindo seu corpo musculado e tatuado. Eu preciso lutar fortemente contra mim mesma para não olhar para ele.

Eu começo a tirar as minhas roupas das sacolas para colocar nas gavetas enquanto Miles se aproxima de mim.

— Uau, são muitas compras — ele comenta não parecendo realmente surpreso.

— Estava precisando de roupas novas — respondo dobrando as roupas, ainda sem olhar para ele.

Miles se aproxima e me abraça por trás afastando meu cabelo todo para um lado e plantando um beijo no meu pescoço em seguida. Suas mãos estão na minha cintura me mantendo encostada a ele.

Meu corpo se arrepia quando sinto seus lábios quentes tocarem a minha pele.

As palavras de Jess atravessam a minha mente despertando uma inquietação em mim. Talvez o que ela disse explica o porquê de ele de repente agir de forma estranha comigo.

Inclusive me apercebi agora que o seu bom humor voltou.

— Miles — pronuncio seu nome enquanto me afasto dele. — O que há de errado com você?

Sei que essa pergunta vai trazer de volta seu mau humor, mas eu sigo firme com ela.

— Como assim? — ele pergunta confuso e me solta.

Eu faço uma rápida pausa para suspirar.

— Uma hora você parece normal, simpático e atencioso, e do nada o seu humor muda e você começa a me evitar e me tratar com frieza...

Eu estou ficando cansada dessa sua complexidade que me deixa tão confusa. E eu não devia sequer me importar com isso porque nós não estamos tendo nenhum tipo de relacionamento, mas a questão é que eu acabo ficando incomodada, porque ele me deixa muito confusa.

Miles caminha para longe de mim e passa as mãos pelo cabelo. Eu sei que ele não quer falar sobre isso, mas eu preciso que as coisas sejam mais claras entre nós. Eu preciso que ele pare de baralhar a minha cabeça.

Não é porque o nosso trato é somente sobre sexo que ele pode me tratar como ele bem entender.

— Eu só não quero dar falsas esperanças para você — Miles justifica.

— E você acha que me ignorar por alguns dias e me tratar com frieza é a solução?

Miles passa as mãos pelo cabelo novamente e suspira, um suspiro que apesar da grande distância entre nós eu consigo escutar.

— Miles, eu sei muito bem do que o nosso trato é feito.

Ele olha para mim e me observa atentamente. Sua expressão transmite calmaria e serenidade. Ele parece mais tranquilo.

— Se você quiser, nós podemos acabar com isso agora — eu digo, mas sem acreditar nas minhas próprias palavras.

— Não. — Ele caminha até mim a passos largos. — Eu não quero acabar com isso — sussurra.

Miles segura meu rosto e me obriga a olhar para ele. Em seguida encosta seus lábios nos seus e me beija com fervor. Seu beijo é tão intenso que eu chego a sentir um pouco de dor, mas em momento nenhum eu o afasto.

Miles não quer me dar falsas esperanças e nem eu quero ter falsas esperanças. E eu estou mais que ciente de que isso não pode acontecer porque não vai existir nada além do que temos agora.

Mas Miles é tão intenso comigo que eu acabo quase criando expetativas. Ele não quer gostar de mim e nem se relacionar comigo, mas seus gestos e sua forma de agir meio que deixa uma dúvida nisso.

— O que acha de um banho relaxante, Hannah? — Miles sugere olhando para o meu rosto com seus olhos azuis intensos.

— Isso não é contra as suas regras? — pergunto dando de ombros.

Os meus braços estão debaixo dos seus, entrelaçando sua cintura. Eu observo seu rosto com feições perfeitas e me pergunto como ele pode ser tão lindo assim.

— Eu posso abrir uma exceção para você — Miles diz parecendo sugestivo.

Eu consigo perceber que ele está tentando esconder um sorriso.

Eu sorrio um sorriso curto e olho para baixo, mas tudo que consigo observar é seu peito e as ondas do seu abdômen porque ele está muito próximo a mim.

— Eu tive um dia no spa.

– Tenho certeza que consigo fazer melhor — Miles diz convencido.

Droga! Eu também tenho certeza.

Miles parece extremamente confiante em suas palavras.

Ele parece ser o tipo de homem que reconhece suas habilidades e sabe que ele faz as coisas bem. E uma coisa boa é que ele não é convencido e nem tenta mostrar ou provar para alguém que ele tem habilidades. E eu gosto disso nele.

Cada vez mais eu vou descobrindo mais qualidades suas e eu amo de cada uma delas.

— E o que você pretende fazer para ser melhor? — pergunto com um sorriso maior agora.

— Você terá que vir comigo para descobrir — sugere com uma sobrancelha erguida.

Ahh... Sua voz é tão grossa e eu amo ouvi-la dizendo essas coisas, dizendo o meu nome.

E de novo estou eu aqui despertando esperanças. Eu estou tentando ao máximo evitar que isso aconteça, mas cada vez que estou com ele isso se torna mais difícil. Talvez nós devíamos parar com isso de vez, mas eu não me sinto pronta para fazer isso agora porque eu quero continuar perto dele desse jeito.

Eu abaixo a minha cabeça e fecho meus olhos tentando afastar todos esses pensamentos da minha mente.

— Ei. — Miles coloca sua mão no meu queixo e levanta meu rosto para que eu olhe para ele. Ah, meu Deus, esses olhos azuis! — Eu não quero que pense que só porque estamos sozinhos em casa eu espero alguma coisa.

Isso é tão difícil. Ele não podia ser um cretino, não? Que só me procura para o satisfazer, e fora esses momentos me despreza.

Mas não, ele tem que me tratar com carinho e atenção. Ele se preocupa comigo, traz bolos para o meu café da manhã, me pergunta se estou bem, tem cuidado... Eu não sei mais o que fazer!

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