Half brother pt.2- Lee Know

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  ㅡ Claro, papai, nós temos realmente muito em comum. ㅡ dizia Lee, fazendo círculos em meu ombro enquanto mordia um muffin sentado na toalha de piquenique.

  Se tinha coisa que eu mais odiava era essas reuniões em família que minha mãe insistia em fazer uma vez ao mês. Eu tinha que fingir amar uma família frígida e sanguinária e ainda parecer me dar bem com um garoto que eu odiava.

  Observar os traços de Minho naqueles domingos em que eu não podia ficar trancada no quarto, era mais legal até mesmo do que eu fingia ser. Era impossível encontrar um pequeno defeito por menos que fosse naquele rosto perfeitamente simétrico e branco. 

  Ele era chato? Ele era insuportável! Ele era bonito? Ele era maravilhoso!

  Se Lee Know fosse um cheiro, eu tamparia o nariz; se Lee Know fosse um barulho, eu colocaria miolo de pão nos ouvidos; mas se ele fosse um sabor eu não sei o que faria, porque caso ele me beijasse, eu não teria mais defesas e talvez nem mais ódio contra ele.

  Dei um gole no suco de laranja que aparentava ter o pacote inteiro de açúcar em seu interior:

  ㅡ Com certeza, devo ter puxado minha beleza a ele.ㅡ disse e joguei os cabelos por cima dos ombros, sendo o mais cínica que podia.

  Meus pais riram olhando-se nos olhos. E eu só conseguia ver os chifres na cabeça na cabeça da minha mãe, ela não fazia apenas papel de trouxa, era a resma inteira.

  Pude sentir os olhos de Minho queimarem sobre meu corpo de cima abaixo.

  ㅡ Estou com um mal-estar. Desculpem por retirar-me mais cedo.

  Dei um sorriso cínico e larguei a taça, correndo para dentro. Atravessei os corredores e entrei no primeiro banheiro que eu vi à minha frente, ajoelhando-me no chão aos pés do vaso sanitário e despejando toda aquela atuação ridícula ralo abaixo.

  Minhas têmporas suavam e minha garganta coçava. Eu tinha vontade de vomitar todas as vezes que meu pai fingia amor à minha mãe, embora eu não gostasse muito dela, tinha dó de ver o quão trouxa estava sendo pela segunda vez.

  Era de minha ciência que meu pai tinha outra amante e que ele a visitava quase todas as semanas para lhe entregar presentes para o bebê que estava por chegar. Era uma menina e saber que aquele homem lá, sentado no jardim beijando a testa da minha progenitora iria assumir a paternidade de um outro filho, me fazia querer vomitar até as tripas.

  Se fosse para ter um filho em cada canto do planeta, por que não escolheu ser um doador assíduo de sêmen?

  ㅡ S/N? Tudo bem aí dentro?ㅡ a voz de Minho vibrou do outro lado da porta. 

  Levantei-me do chão e lavei o rosto, escovei os dentes com tanta força que minha gengiva ameaçou sangrar. Não respondi.

  ㅡ Pode abrir a porta por favor?

  Eu não queria que ele me visse naquele estado, eu não queria que ninguém me visse naquele estado. O meu orgulho certamente era maior do que qualquer coisa, só que uma hora ou outra eu teria que sair dali, antes que chamassem uma ambulância para arrombar a porta do banheiro.

  Girei a chave e saí. Lee ainda estava parado do outro lado da porta, de braços cruzados de modo a ressaltar os músculos do braço e o fazer parecer incrivelmente gostoso.

  ㅡ Estava chorando?

  Naquele momento ele olhou em meus olhos, parecia até um pouco mais compreensivo:

  ㅡ Sim, e desde quando isso compete a você?

  ㅡ Você não baixa a bola nunca? Eu só fiquei preocupado.

  Engoli em seco.

  ㅡ Acho que a gente precisa conversar.ㅡ sem mais nem menos, puxou meu pulso, indo até seu quarto.

  Lee sentou-se na ponta de sua cama, enquanto eu fiquei prestando atenção naquele quarto: um leve aroma de madeira cítrica, pequenos equipamentos de musculação e um colchonete espalhados no chão, a cama desarrumada, papéis com desenhos arquitetônicos sobre a mesa.

  Como eu nunca tinha entrado em seu quarto? Como eu nunca tinha dado atenção àqueles detalhes quando passei pelo corredor e a porta estava entreaberta? Como eu nunca tinha sequer pensado na possibilidade de conhecê-lo melhor?

  ㅡ Pelo jeito você odeia tanto quanto eu o papai fingindo que ama a sua mãe enquanto sai no meio da noite para encher outras mulheres de presentes em troca de sexo.

  Suspirei e ajeitei o vestido.

  ㅡ Eu não gosto da minha mãe, é tão ambiciosa quanto meu pai, mas pelo menos nunca o traiu. Meu sonho é fugir dessa casa, como filha legítima eu preciso herdar a Babel. 

  ㅡ Ninguém disse que você precisa herdar a Babel. Está escrito na sua testa que a sua vontade é sair por aquele portão com aquele ridículo batente de leão e ir viver sua vida como uma pessoa normal.

  Deixei os ombros caírem. Era verdade.

  Como podia alguém que eu tanto odiava me conhecer tanto e desfazer todo um ódio que foi sendo construído com apenas algumas frases?

  Comecei a observar melhor aquele garoto que olhava pela janela, ele não era má pessoa, só retribuía o ódio que eu lhe dava... Talvez não fosse necessário tamanha discórdia para com ele.

  Eu já estava pensando em ir até lá, quando ele se levantou e veio em minha direção, segurando meu maxilar. Não pensei muitas vezes em agarrar o colarinho de sua camisa engomada:

  ㅡ O que está fazendo?ㅡ indagou, com nossas testas coladas.

  ㅡ Terminando o que você ia fazer.

  Esgueirei-me na ponta dos pés e olhei em seus olhos. Pelo jeito ele me conhecia mais do que eu era capaz de imaginar, pois uniu nossos lábios num lampejo.

  Rapidamente separou meus lábios com sua língua quente. Nem é preciso dizer que o beijo foi ficando mais intenso a cada volta que ele dava em minha língua, esbarrando nas coisas pelo caminho, me guiou até sua cama.

  Minho ficou por cima de mim, fiz questão de arrancar sua camisa e jogá-la longe:

  ㅡ Nós somos irmãos, e está tudo bem.

  Ele pareceu ler minha mente, a partir dali ele leria todas as linhas subentendidas em mim.

FIM!

querida leitora que me pediu o imagine: eu não estava bem e não consegui fazer três partes, espero que entenda. 

Beijos, estrelinhas! Não sei se ainda volto a escrever aqui, preciso viver um pouco para me certificar de que vale a pena continuar tudo isso.


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