The good Samarithan - Felix

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  S/N P.O.V.s

    Era mais um dia normal, trabalho para cá, trabalho para lá, caixas para organizar e mais milhões de papeis para pôr no lugar, e pior: uma máscara no rosto. Deve estar se perguntando o porquê de eu estar um objeto tão incômodo e odiado por grande parte da população, bem, antes que me julguem, eu não estou usando por vontade própria, ㅡ até por que, quem iria usar isso por vontade própria?ㅡ um dos homens de meu departamento, pegou H1N1, mas não pode parar de trabalhar pois é o único que põe comida dentro de uma casa onde há mais de 5 crianças, então somos obrigados a usar máscaras para não contrair o vírus.

  Estava correndo com caixas e mais caixas, de um lado para o outro, o ar que respiramos com a máscara na face, é sempre quente e rarefeito, o que é quase a morte para uma jovem asmática. Já quase não conseguia respirar, não podia retirar a máscara, por mais que era a minha maior vontade naquele dia quente e ensolarado.  Bufei por baixo da máscara e deixei as pesadas caixas encima de uma das mesas do departamento de marketing, o meu era o de designer, dois andares abaixo, infelizmente fui obrigada a subir dois lances de escadas, o homem que cuida do elevador não nos deixa entrar no mesmo quando temos mais de uma caixa.

 Apoiei um de meus braços na mesa e limpei o suor da testa com meu outro pulso, mal respirava, sentia contrações ventriculares prematuras e as pernas fracas. Vi a cozinha do departamento aberta e vazia, não pensei duas vezes em ir até lá e me sentar um pouco, apoiei-me em uma das banquetas pretas e logo subi na mesma, arrancanco a porcaria da máscara e a jogando sobre a bancada de mármore acizentado.

Meus pulmões começaram a chiar, algo típico de uma forte crise de asma.

    Logo, um rapaz de estatura média que caminhava de forma austera, adentrou o lugar, parecia despreocupado da vida indo pegar uma xícara de café, mas logo largou a cafeteira e veio até mim, pareceu ouvir o incômodo e sôfrego som de meus pulmões tentando puxar o ar que tanto parecia inexistente ali:

   ㅡ Você está bem?ㅡ perguntou.

   ㅡ N-não!ㅡ respondi, tentando parecer o mais audível possível, mas minhas condições não contribuíam para tal ato.

    O rapaz que não parecia ter sequer um traço asiático, estendeu-me a mão e balbuciou a cabeça na direção de uma cadeira mais baixa, perto da mesa, pensei um pouco antes de aceitar a ajuda do rapaz, contudo, não era uma ocasião em que eu poderia desconfiar de alguém, visto que ia morrer se não respirasse melhor em alguns minutos.

    Peguei na mão do jovem, que me guiou para a cadeira que havia mostrado antes, eu já sabia que o ar em lugares mais baixos, era melhor para se respirar, mas não estava ajudando muito.

     Eu era o tipo de asmática que achava que só iria ter crises de asma quando estivesse atacada da bronquite, e então não levava a bombinha de salbutamol, mas não era bem assim.

     As lágrimas começaram a rolar freneticamente por meu rosto, achei que fosse morrer a qualquer minuto, o rapaz que parecia receoso em me tocar, elevou suas mãos ao meu rosto, com todo o cuidado que havia em si e secou minhas lágrimas enquanto segurava meu rosto:

ㅡ Você vai ficar bem, eu não vou lhe deixar morrer.ㅡ o rapaz de cabelos cinzentos disse, como se soubesse exatamente o que estava pensando.

  Não sei se foi meu choro ou o quê, mas minha respiração piorou mais ainda.  O rapaz pareceu juntar toda a sua força e valência, rapidamente jogou papéis, canetas, xícaras e o que mais havia encima de uma mesa de vidro ali à frente. O mesmo pareceu pedir permissão para me tocar, e rapidamente assenti com a cabeça, assim ele colocou um de seus braços embaixo de minhas pernas e o outro em minhas costas, me levantou da cadeira e me deitou encima da mesa com cuidado.

 O rapaz logo se pôs ao meu lado e colocou as mãos uma encima da outra e as depositou em meu peito, fazendo uma leve pressão, o que eu imaginava ser uma massagem cardíaca, rapidamente juntei o resto de forças que havia em mim e comecei a rir fraco. Peguei em suas mãos e as pûs de lado, sem soltar:

ㅡ Não precisa disso, é só asma.ㅡ disse baixo e ele riu fraco.

 Lembrei o que deveria fazer em casos de asma: deitar de barriga com a cabeça de lado. Logo com dificuldade, virei-me na mesa e rapidamente minha respiração regulou-se:

ㅡ Qual o seu nome?ㅡ perguntei curiosa, queria saber o nome do bondoso rapaz que havia salvado minha vida.

ㅡ Felix, e o seu? 

ㅡ S/N.ㅡ respondi já me levantando.

ㅡ Bom S/N, preciso voltar ao meu trabalho, espero que esteja bem. ㅡ disse se dirgindo à porta.

ㅡ Espere! Muito obrigado. Posso te pagar um café depois? Sabe, pra retribuir...

 Felix se virou:

ㅡ Claro, a gente se vê por aí.ㅡ disse e em seguida saiu.

  Agora eu teria que voltar ao trabalho e ajuntar as coisas que Felix derrubou. Um dia ainda vou dar um jeito de retribuir esse bom samaritano.

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 História baseada em fatos reais, ( e não é da bíblia não) aconteceu comigo na semana passada. Porém não foi no trabalho e nem foi o Felix :(


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