O homem com o martelo em um mundo de porcelana

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a: hoje temos muito a comemorar!!! vocês terão mais um tempinho com Faux Fur, eu elaborei e escrevi até o capítulo 20, onde descobri que afinal não dava pra terminar ali e precisaríamos de mais uma fase na história, então, sem atrasos nas atualizações, estaremos aqui de 4 em 4 dias por um pouquinho mais de tempo que o esperado! 

ontem CHEGAMOS A 1K DE LEITURAS! nunca, nunca, nunquinha, imaginei que levaria uma yoonjin longe assim (tanto aos 15 caps quanto a 1k+ de leituras), então pra mim nem é verdade eu ainda acho que é um bug e tem 20 leituras. pra todo mundo que de fato ESTAVA aqui quando tinha 20 leituras, muito obrigada. pra quem chegou agora e ainda vai chegar (espero), muito muito obrigada. eu gosto muito de escrever. muito. genuinamente. a existência de vocês, pra mim, é fantástica demais. 

peçam presentes nos comentários, eu sou louca e sempre preciso de ideias.




Seokjin demorou a ver a mensagem. Seu celular era uma bagunça e ficava negligenciado a maior parte do tempo no fundo de bolsas que ele abandonava em camarins e salas de costureiros. O dia estava sendo corrido e exaustivo; Seokjin tinha esquecido da sensação que era simplesmente não ter tempo para pensar. Yoongi estava tendo alguma dificuldade para acompanhar e já havia o flagrado dormindo sentado duas vezes, uma delas segurando um copo quente de café.

Era preciso acordá-lo para que eles pudessem continuar. Seokjin precisou fazer umas fotos para um comercial de soju e a gravação da esquete da nova linha de maquiagens de uma velha amiga tinha levado um século porque eram muitas cores de batom e cerca de cinco sets diferentes — ele mesmo dormiu um pouco enquanto alguém espalhava blush laranja em seu rosto.

Os comerciais, que eram algo que Seokjin não fazia há muito tempo, voltaram a aparecer em sua agenda como pequenas minas. O ritmo fora devagar no começo, mas agora que seu rosto voltava lentamente a aparecer nos outdoors, os trabalhos acabavam surgindo e Namjoon não hesitava a respeito de nenhum deles, sempre feliz em manter Seokjin ocupado. A previsão era que dali a um mês ele estivesse no Japão, desfilando após muito tempo em passarelas internacionais.

O rosto de Seokjin sempre representou muito para a RM. Era o modelo mais velho (o primeiro), o mais estabelecido e sua carreira, mesmo com um extenso momento de decadência, havia voltado com força na última estação. Realmente era como diziam: não havia nada como uma tragédia para rolar os dados no mundo dos holofotes. No entanto, sempre que acabava um ensaio glamoroso e embarcava em um carro de luxo para o próximo compromisso, Seokjin sentia que estava fazendo algo indecente e abjeto. Seu rosto era o que as pessoas queriam ver a despeito do que havia realmente acontecido, a despeito de Jungkook em uma cadeira de rodas fazendo fisioterapia todas as terças e sextas, a despeito de Yoongi, o especialista em dependentes químicos que andava ao seu lado disfarçado de assistente pessoal. No final, seu sorriso diante das câmeras segurando produtos aleatórios e provocando a superficialidade consumista esquisita das pessoas era só uma maneira nova de se aproveitar de uma tragédia.

Os momentos em que não se sentia um psicopata eram os que ele, sinceramente, não estava pensando em nada. Observava Yoongi, alheio ao que se passava em sua mente, que olhava com uma curiosidade distante para as coisas novas que aquele mundo lhe apresentava, e era incapaz de dizer a ele o que pensava. Também não conseguia falar no grupo de apoio e, o pior de tudo, duvidava que conseguiria falar com Taehyung a respeito, quando finalmente tivesse tempo de vê-lo.

Eram pensamentos com os quais Seokjin se envenenava sozinho, num lugar onde ninguém podia ver. E surgiam todos os dias, sem falta ou distração, num recôndito obscuro de sua mente que ele não conseguia parar de escutar. Foi sem dúvidas oportuno que ele tenha lido aquela mensagem enquanto estava sentado sozinho numa cadeira de maquiagem, de frente para seu reflexo de olhos delineados e lábios brilhantes, enquanto as outras pessoas no camarim eram ruídos e presenças distantes.

faux fur ;  yoonjinOnde histórias criam vida. Descubra agora