Sempre te amei

Bolacha recheda

Victor

Assim que desci do avião vi minha mãe com uma plaquinha escrito meu nome.

Nesses 2 anos e 10 meses, não vim pra América nem uma vez.

Mas agora eu estou formado e vim trabalhar com meu pai .

—Meu bebê - mães - eu estava morrendo de saudade - abracei ela

— também estava- de vc também - disse abraçando minha irmã - gente esse é o Arthur, não sei se lembram meu colega- elas assentiram - ele veio pra trabalhar comigo .

—Soube pelo Augusto que vc já está fechando uma pareceria com uma outra empresa que orgulho

—sim - sorri fraco - não sei se vocês já ouviram falar do Bruno Goes

— Bruno Goes?- minha mãe parou drasticamente e me encarou

—sim das indústrias Goes- ela parecia tensa- está tudo bem ? - ela assentiu olhando pra Carol que mordia o lábio inferior.

Eu comprei um apartamento no centro da cidade, minha mãe queria que eu ficasse com ela mas eu já estou bem grandinho e também não quero ver o Tom .

— uau aqui é bem bonito - Carol disse olhando a vista

—- eu também gostei

— vc não vai ficar muito sozinho ?

—- Arthur vai ficar comigo

—-hm- ela mordeu o lábio, sabia o que ela ia perguntar- E a Babi?

— o que tem ela ?- me fiz de sonso

— vai falar com ela ?

— não- disse indo tomar um banho pra encontrar o Goes.

Eu e Bárbara terminamos a 2 anos e 9 meses. Eu estava a três semanas em Londres .

Desde então não gosto de falar sobre o assunto, não comento nem com a minha família, minha mãe e a Carol ficaram bem bravas comigo. Eu lá tive culpa ? A escolha foi dela, ela tinha opções.

Toquei a campainha da grande casa na minha frente .

Logo a porta foi aberta por uma moça que creio ser alguma funcionária da casa.

— senhor Camilo ?- assenti - Senhor Bruno lhe espera na sala. Pode me acompanhar

- obrigado

Segui a mulher pela enorme casa. Cinco famílias viveriam ali tranquilamente .

— Camilo que bom te conhecer pessoalmente - esticou a mão para eu apertar .

— Digo o mesmo Goes - aperto sua mão

—- Desculpa não ser uma reunião no escritório- sorriu sem graça- Mas eu tinha prometido ficar com com o Pedro, a avó teve um compromisso

— Não sabia que você tinha filhos- ele indicou para que eu sentasse no sofá

—- infelizmente não é meu, é filho só da minha namorada.

Assim que ele falou uma criança apareceu na sala .

Ele tinha os cabelos castanhos bagunçados, olhos castanhos e uma carinha de sono.

Ele ficou me analisando enquanto segurava uma embalagem de bolacha recheada.

—Esse é o Pedro -Goes disse chamando o menino com a mão.

Ele se aproximou devagarinho e ficou na minha frente me fitando.

— oi carinha-ele não me respondeu só olhou pro padrasto

— o Pedro não é muito social

O menino olhou pra mim e depois pra embalagem tirando uma bolacha e me oferecendo.

Peguei a bolacha e quando a pequena mão tocou na minha senti um arrepio por todo meu corpo.

Ele apontou o pequeno dedinho para bolacha e depois para minha boca.

Entendi o que ele quis dizer e coloquei a bolacha na boca enquanto ele me deu um sutil sorriso .

— Gosta de futebol?- perguntei apontando pra camisa dele que era de um time bem conhecido .

Ele balançou a cabeça em aprovação.

— podemos ver um jogo um dia.

Ele ficou com os pés firmes no chão enquanto balançava levemente a parte de cima do corpo

— vc quer ir ?

—— si- ele disse abrindo um pequeno sorriso e indo de volta ao corredor de onde ele tinha vindo.

—- caraca- ouvi o Bruno dizer e olhei pra ele que me encarava .

— o que foi ?

— Pedro é uma criança difícil de socializar. Ele fala com a mãe, avós, os padrinhos,  e eu . Ele não fala com mais ninguém . Ele já visitou alguns médicos para ver se ele não tinha algum grau de autismo . Mas deu tudo negativo . Foi estranho ver ele com vc, um estranho bom .

Fiquei na casa do Bruno por cerca de meia hora assinamos alguns contratos. Agora só faltava a advogada dele analisar .

Marquei com ele também de levar o Pedro para assistir um jogo. A Enterprise Camilo patrocina vários times da região . Não seria um problema pra mim conseguir lugares.