Apagão

648 63 11
                                    

Na van sentei no banco e encostei minha cabeça porque tudo estava girando, não queria falar com ninguém e fechei os olhos pra ver se passava a sensação que estava sentindo. Já não tinha mais certeza de nada, não sabia pra onde estava indo e quem estava comigo.

Sinto alguém puxar meu braço me chamando pra descer e sem forças mal abro os olhos pra tentar responder, desço da van com ajuda de duas pessoas e começo a andar e tropeçar ao mesmo tempo. Estava de salto e não tinha condições de me equilibrar, sei que tem alguém me guiando mais não sei quem.

Entro em um quarto grande e bem iluminado e quando penso em me jogar na cama me colocam sentada e começam a tirar meus sapatos, grito dizendo que não era pra mexer em mim porque era comprometida e não queria problemas com meu amor.

Meus pés sentem uma sensação de alívio, estava a mais de quatros horas em pé com um salto muito alto, com certeza estava inchado e com os dedinhos apertados. Coloco a mão no meu pé tentando aliviar a dor que estava sentindo.

Sou guiada até uma parte que acho ser o banheiro, lutava pra ficar com os olhos abertos para entender o que estava acontecendo comigo, escuto uma voz longe pedindo que estique meus braços pro alto, sem equilibrio algum quase caio de cara no chão ao tentar fazer o que era pedido.

O pouco de força que tenho peço para pessoa me deixar em paz que não podia abusar de mim pois eu não queria ter nada com ela e que preciso ir pra casa. Sinto uma água gelada em meu corpo dos pés a cabeça e começo a chorar de desespero. Sabia que estava em uma situação péssima porque não tinha condições de me defender e o medo de sofrer algum abuso sexual tomava conta de mim.

Começo a rezar sozinha em pensamento pedindo pra Deus me ajudar e mandar alguém atrás de mim e me salvar. O chuveiro é desligado junto com ele meu choro fica evidente e sou enrolada em uma toalha e me esfregam nela me dando sensação de proteção.

Minha cabeça ta doendo tanto que tenho medo de me entregar e sofrer consequencias inimagináveis. Quero muito fechar o olho e descansar mais tenho medo. De longe ouço a voz dela mais não passa de uma fantasia da minha cabeça, porque fui boba de ficar longe dela, agora não estaria passando por isso.

Finalmente recebo uma roupa em meu corpo e me acalmo um pouco, deito na cama que era muito grande e aconchegante. Ouço o barulho do ar condicionando e sinto que é uma desculpa para que ninguém me escute gritando e saiba que estou aqui.

Adormeço e sinto um braço em volta do meu corpo, tenho medo de abrir os olhos e ver que fui violentada. Apertada pra fazer xixi sinto meu corpo inteiro se tremer e minha cabeça girar, vou em direção ao banheiro e tiro minha roupa, faço xixi e me enxugo jogando o papel na lixeira.

Faço isso algumas vezes na noite e não me dou conta de que foi tudo que bebi e sabia que estava muito bebada. Minha cabeça rodava não tinha condições de sair correndo! O silencio prevalecia no lugar, acho que era um quarto porque minha vista estava turva e parecia ser uma televisão.

Apago em um sono profundo e não levanto mais. Meu corpo começa dar sinais de que está na hora de acordar, o quarto todo escuro era um conforto para os meus olhos e minha cabeça. Não sabia que horas era e nem onde estava meu celular, estava nua e nem me lembrava que roupa era aquela e como fui para ali.

Me viro para o lado contrário e na mesinha ao lado vejo um copo de água com um comprimido, sabia que alguém tinha deixado ali e aquilo me ajudaria na ressaca. Não lembro de ter bebido muito, alguns flashs passavam em minha cabeça de estar no camarote curtindo o carnaval e assistindo os desfiles de escola de samba.

Levanto da cama me sentindo um pouco zonza e me seguro em uma parede para não cair no chão. Sigo em direção a porta e abro me encontrando no banheiro. No espelho vejo meu reflexo com o cabelo enrolado e uma cara de derrota, com olheiras e uma ressaca que nem eu me reconhecia. Como estava feia!

Minha barriga ronca tão alto que ao tentar rir de mim mesma sinto uma dor de cabeça insuportável, que me faz colocar as duas mãos segurando com o intuito de fazer a dor passar. Lavo meu rosto, escovo os dentes, e procuro um short pois percebo que estou completamente nua, não tinha nada na parte debaixo.

O que será que aconteceu comigo? Não tenho ideia de onde estou e quando saio do banheiro vejo uma foto linda e uma calma aborda meu coração em saber que estava na casa dela, em seu quarto e que com certeza quem deixou remédio e o copo d'agua foi ela.

Desço as escadas com muito cuidado porque me sentia muito fraca, sentia que ia cair a qualquer momento e poderia estar pior do que antes. Ao andar pela casa, escuto vozes animadas que parecem vir da cozinha. Como estava com fome, precisava comer, a fome estava dentro de mim.

A conversa parecia muito animada, todos riam e comentava assunto que cada um participava e contava o que tinha visto. Estava muito envergonhada de ter que atrapalhar um momento de família, não me sentia confortável em estar ali até porque tinha a minha casa e queria estar nela, no meu quarto, na minha cama, com a minha mãe.

Vou andando mais devagar e me preparando para entrar na cozinha, odeio café mais o cheiro estava maravilhoso, passando pela sala vejo como o dia está lindo, ensolarado, perfeito, se tivesse condições curtiria um praia ou uma piscina.

Quando entro na cozinha e presto atenção em todos que estão ali, ouço uma voz:

- Bom dia amor! Vem tomar café com a gente. Você precisa comer, deve estar cheia de fome, vem senta aqui do meu lado.

Brumilla- Nosso destino, é que você me faz bem!Onde histórias criam vida. Descubra agora