Desabando na minha cabeça

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Não estava acreditando que tudo voltaria, o sentimento veio em cheio e meus medos trouxeram lembranças que achei que estavam esquecidas.
Fico tentando entender onde foi que errei e quem pode estar fazendo isso comigo, com a gente. Lágrimas saem como uma cachoeira dos meus olhos e não consigo nem ao menos raciocinar e ver quem está a minha frente.
Com o celular em minhas mãos , fico paralisada, lendo e relendo a mensagem que recebi. O dia e a noite maravilhosa que tive foi esquecida em segundos, a partir do momento que todo álcool que poderia existir em minha corrente sanguínea sumiu em um estalar de dedos.
No fundo ouço uma voz me chamando e perguntando o que estava acontecendo ou sentindo. Meu coração disparado, boca seca, mãos geladas e olhos com lágrimas que não param de cair me dão a impressão de que vou morrer ou até mesmo desmaiar.
Levo tantas sacudidas e não reajo que sinto um puxão da minha mão e só assim me dou conta que era ela quem me chamava todo esse tempo, ela por não saber o que fazer , tomou o telefone da minha mão para entender o motivo do meu desespero.
Corro direto ao banheiro e no vaso sanitário despejo tudo o que tinha e não tinha em meu estômago, a sensação era horrorosa, não sei explicar o misto de  sentimentos nesse momento.
Sinto alguém segurar meu cabelo e me ajudando a levantar e sem falar nada recebo um abraço tão apertado que choro de soluçar , é como se estivesse tão frágil que ao abraçar confesso tudo que estou sentindo . São minutos que duram uma eternidade , não quero sair do seu abraço e  a olhar nos olhos , vergonha , medo e insegurança me fazem apenas abaixar a cabeça de não conseguir encara-lá. Ela me leva até a cama , me coloca sentada e se vira de frente pra mim, com o objetivo de conversar.

- Bru se acalma, amor, por favor!

- Não quero passar por tudo denovo.

- Não vamos, respira, assim você vai acabar passando mal.

- Porque estão fazendo isso, não faço nada pra ninguém, não posso viver a minha vida em paz?

- Me mostra o que tem no celular Bruna, ele bloqueou e não consegui ver.

- Pode pegar pra mim, está no Instagram.

- Eu não estou acreditando nisso!

- Lud eu não tive culpa , por favor me perdoa.

- Bru eu sei que não é sua culpa , o que essa pessoa ganha com isso?

- Não sei, só sei que dessa vez é pior do que a outra. Vai acabar com a sua vida!

- Somos tão cuidadosas, está muito estranho.

- Sabia que não deveria ter vindo, levantou suspeitas.

- Bruna eu queria você nessa viagem e não ia abrir mão disso. Vamos nos acalmar pra tentar entender tudo que está acontecendo.

Passo a maior parte do tempo calada enquanto Ludmilla tenta entender o que estava acontecendo. Vou em direção ao banheiro para tomar um banho já que o meu intuito é me acalmar.
Penso em várias coisas e só me vem uma explicação , alguém daqui contou . Já passamos por isso mais de uma vez e as pessoas antigas já aprenderam a lição e não falariam nada. A única pessoa de fora que estava conversando com a gente é a minha amiga e em nenhum momento demonstramos que tínhamos algo.
Saio do banho decidida a não responder a mensagem e ver no que vai dar. Combinamos que não comentaria com ninguém da família . Termino de me arrumar porque hoje seria mais um dia de passeio e não posso estragar a viagem . Descemos e eu decido agora praticamente não filmar nada , quer dizer vou filmar mais não postarei nada, as recordações ficarão pra mim.
Silvana parecia pressentir que tem alguma coisa acontecendo e nos pergunta porque vamos em carros separados.
Inventamos uma desculpa e ela finge que acredita . Se algum dia fui paranóica , agora estou sendo mais ainda , impressionante só piorei .
Por mais que tentássemos nos distrair as duas estão preocupadas , tanto que ao chegar em casa Silvana nos dá um entimato para saber o que está acontecendo.
Pego meu celular no intuito de ler a mensagem e descubro que foi enviada uma nova .

" Não adianta fingir que não estão juntas e que não tem nada, porque já seu de tudo . Até quando vai se esconder?"

Caio em um choro que Silvana vem até mim me abraçando e dizendo que não estou sozinha e que dessa vez vai ser diferente . O dia tinha sido péssimo e a noite foi de um silêncio absurdo , não sei como agir e falar.
Ludmilla estava quieta em um canto sem saber o que fazer ou falar . Decido me deitar e dormir mais cedo são muitas emoções e por mim me isolava em um canto para pensar na vida e sumir.
Já passava das três da manhã quando sinto a cama se afundar e uma voz rouca ao pé do meu ouvido .

- Te amo minha Bru, ninguém vai nos separar . Vamos resolver juntas.

Balanço a cabeça para que ela entenda que estou acordada e apenas com preguiça de falar. Na manhã seguinte fazemos a programação normal e mais uma vez acordo com mensagem para que não esqueça do que está acontecendo.
Consigo me distrair um pouco mais do que ontem , já que a Lud me acalmou ontem e pelo apoio que estou tendo da Sil.
A viagem que era pra ser de descanso foi só de perturbação. Pessoas que ela conhecia  queriam vê-la e ela não deixava.
Começo a desconfiar de quem pode ter falado o que nós temos e refaço nossos passos.  Apesar de aqui termos um pouco mais de privacidade não via a hora de voltar para o nosso país.
Estou vivendo no céu e no inferno ao mesmo tempo , passamos a ficar mais tempo em casa do que na rua , zero confiança em lugares e pessoas , durante o dia até que não pensava muito no que estava acontecendo , bebia um pouco , brincava e  por alguns momentos esquecia de tudo .
Todos na casa estavam preocupados com o que acontecia , agora todo dia a Lud pega meu telefone pra ver se tem alguma mensagem e pediu que não pare de usar meu Instagram , não posso mudar e enlouquecer de novo , nosso amor é o que tem nos sustentado , tenho recebido tanto carinho de todos que choro apenas em momentos de desespero.

Brumilla- Nosso destino, é que você me faz bem!Onde histórias criam vida. Descubra agora