Atrasos, não serão tolerados

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Esse remédio tem me apagado de uma maneira que não vejo os dias e as horas passarem, mesmo tendo colocado o celular pra me despertar acordo uma hora atrasada em relação ao ensaio.

Levanto jogo uma água no rosto, faço um coque no cabelo e coloco qualquer roupa. Como já estou atrasada nem corro, ante de sair tomo só mais um remedinho porque ele é um bom calmante e preciso estar bem pra quando a encontrar continuar firme.

Chego na sala de ensaio e todos olham pra mim e me perguntam se estou bem o coreografo da um intervalo e me chama pra conversar.

- Está acontecendo alguma coisa, no ensaio passado você não veio e nem nos avisou nada, ficamos preocupados.

- Desculpa, tive um problema com meu telefone e estava incomunicável, não deu pra avisar e quando consegui recuperar já tinha passado o dia.

- E hoje porque chegou atrasada?

- Perdi a hora não o ouvi despertar mais já estou aqui e vou compensar minha falta e meu atraso.

- Não vou tolerar atrasos! Dessa vez passa por sei que é comprometida e isso nunca aconteceu, que não se repita, se quiser sair do ballet é só me falar que tenho várias bailarinas querendo a vaga.

Vou em um canto da sala me alongar para não perder mais nenhuma parte do ensaio. Presto atenção em tudo e Larissa a todo momento tenta conversar comigo. Não dou muita atenção porque já cheguei atrasada e não quero ser chamada a atenção. É feito mais um intervalo e percebo que nem garrafa de água eu trouxe acabo bebendo um pouco de água no copo mesmo.

- Amiga está tudo bem com você, fiquei preocupada quando não veio, tentei te ligar e não consegui fala com você.

- Ta sim, fiquei sem telefone e quando consegui consertar já tinha passado a data do ensaio só isso.

- Você esta com uma cara péssima, tem certeza?

- Tenho sim e que sai de casa atrasada e não tive tempo de me arrumar com calma, vamos lá que já vai voltar o ensaio.

Não sei se era eu ou a sala que estava muito quente, estava sentindo umas coisas que não sei explicar, o ensaio estava muito puxado ou eu que não estava aguentando me mexer. Evito falar com todos porque as caras deles já mostravam que me fariam varias perguntas e não quero responder. Só vim mesmo porque preciso trabalhar e já tinha perdido o outro ensaio.

Estava tão concentrada que nem reparo que ela já estava ali há um tempo porque não sei se é o remédio ou o fato de não ter me alimentado não estou enxergando direito minha vista está um pouco embaçada. So tenho certeza que é ela quando ele fala com ela faz uma pausa e mostra como seria a original e como foi a mudança que ela pediu, fico quieta no canto, olhando pro chão, não queria prestar atenção no que não é do meu interesse.

Conto as horas para o ensaio terminar e ir pra casa quero minha cama, meu corpo está mole e não sei como estou conseguindo ficar em pé fazendo todos esses movimentos. Toda vez que tem uma pausa eu me agacho no chão porque não tenho condições de ficar em pé e parece que isso está incomodando o coreografo, parece que ele hoje resolveu pegar no meu pé.

Literalmente ele começa a me cobrar mais do que os outros só porque cheguei atrasada, pensei que tinha entendido. Sei que sou a bailarina principal mais dai exigir e se incomodar que estou descansando escorada, nem sentada no chão eu estou, brincadeira.

Finalmente o ensaio é encerrado e vou em direção de pegar minhas coisas e quando me viro só temos eu e ela na sala e quando levanto a cabeça ela me chama.

- Bruna vamos conversar!

- Fala Ludmilla.

- Está tudo bem com você estou te achando um pouco pálida.

- Estou sim só um pouco cansada.

- Você comeu alguma coisa hoje.

- Ainda não, quando chegar em casa como algo.

- Bruna porque você está fazendo isso com você.

- Eu já falei que vou comer Ludmilla.

- Você emagreceu muito amor, ta toda descabelada, o que está acontecendo.

- Não está acontecendo nada.

- Você quer sair do ballet?

- Não, claro que não. Expliquei que tive problemas no meu telefone e fiquei sem quando consegui já tinha passado o dia do ensaio, jamais faltaria e peço desculpas por isso. Hoje cheguei atrasada porque perdi a hora só isso.

- Você ainda está tomando aquele remédio?

- Claro que não! Só perdi a hora fui dormir muito tarde e ai tive dificuldades pra acordar. Não vou chegar mais atrasada foi só hoje.

- Tudo bem Bruna eu só estou preocupada com você, nunca te vi assim, parece uma outra Bruna na minha frente, perdida, drogada de um remédio que é pra ser tomado raramente quando não se consegue dormir. Eu já vi você tomando esse remédio antes só que agora parece que está bem pior.

- Ludmilla era só isso que tinha pra falar comigo, preciso ir embora pra minha casa.

- É sim Bruna, ainda somos amigas e me doi te ver assim nesse estado, parece que está entregue e sempre foi comprometida com o seu trabalho e não quero te ver nesse estado que está agora na minha frente, uma Bruna que não consegue ficar em pé de tanto remédio que tomou.

- Bom já falou tudo que tinha pra falar eu preciso ir embora, tchau.

- Bruna a porta fica pra lá, você vai embora sozinha nessas condições. Eu posso te levar.

- Pode me dar carona só até a estação eu vou de trem.

- De trem? Posso te deixar em casa, não vai me atrapalhar.

- Não na estação já está bom.

- Então vamos me espera na porta que vou pegar o carro.

Enquanto estou descendo as escadas, recebo uma mensagem de número desconhecido e uma foto dos meus pais andando na rua de casa é enviada e já entro em desespero, só a foto me faz ter ideia do que seja e me desespero.

- Ludmilla deixa pra próxima eu preciso ir e não da pra esperar, saio correndo e caio no meu da escada.

- Bruna calma deixa eu te ajudar!

- Eu não preciso da sua ajuda!

- Amor você está tão magra! Me deixa te levar em casa por favor eu to com medo de você passar mal na rua, por favor Bruna.

- Eu ja falei que estou bem me larga!

Entro no primeiro onibus que aparece só pra que ela não tenha como vir atrás de mim.

Brumilla- Nosso destino, é que você me faz bem!Onde histórias criam vida. Descubra agora