Brigas e discussões

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Entro no carro e não a olho, não consigo a encarar e muito menos falar com ela. Ninguém está entendendo esse meu comportamento mais eu preciso ser forte por nós duas até entender e saber quem é essa pessoa, porque o pouco que reparei cada dia recebo a mensagem em um número diferente e quando vou retornar é como se o número não existe.

Desço do carro e quando vou em direção ao camarim dos bailarinos a voz dela sai mais alta e forte.

- Bruna no meu camarim, agora!

A olho e faço uma cara de irritada e a sigo, enquanto estou me dirigindo ela fala com o tio que excepcionalmente hoje ela vai atender os fãs no fim do show ele não entende nada e vai avisar a organização do evento, para que os fãs não fiquem chateados. Entro no camarim e ela pede que eu feche a porta.

- Tem comida, lanche tudo que deseja comer aqui no meu camarim escolha o que quiser.

- Obrigada mais to sem fome.

- Bruna você precisa comer.

- Eu já falei estou sem fome!

- Não estou perguntando se está com fome, você vai comer e pronto.

- Você não manda em mim Ludmilla.

- Você trabalha pra mim e não vou admitir você subir naquele palco sem ter nada no estomago porque o seu almoço foi todo por ralo abaixo Bruna, está sem comer desde ontem e não quero ter uma bailarina desmaiando no meio do meu show, agora você entendeu ou preciso desenhar.

- Sim senhora patroa.

A cada palavra que ela falava e o tom de voz usado era de uma Ludmilla autoritária que estava sendo grossa, fria comigo, me dando ordens e eu queria tanto chorar mais tinha que ser forte para então aproveitar que estamos assim e seguir o que está sendo pedido. Como se nenhuma vontade realmente e ela no fundo tem razão mais eu estou trabalhando e a artista é ela e caso aconteça algo comigo vai ser responsabilidade dela.

Saio do camarim em um clima muito tenso e quando encontro com Larissa ela me pergunta se estou melhor já que Ludmilla tinha avisado que não estava bem pois havia vomitado todo almoço e que estava dormindo e precisava descansar. Ela comenta que estou com uma cara de abatida e se realmente era isso ou tinha mais alguma coisa. Queria tanto deitar no colo da minha amiga chorar, contar o que estava acontecendo e ela me dar uma ideia do que posso fazer, mas não posso envolver ela em meus problemas.

Poucos minutos para o show começar estamos em formação e ela me para perguntando se estou bem e se preciso comer ou beber mais alguma coisa digo que não e ela pede que qualquer coisa que sinta fale com o Marcos, a tranquilizo dizendo que estava tudo bem e nada daria errado. É o último show da turnê e não vou estragar seu sucesso e seu sonho, vou ser profissional e dar o meu melhor ela merece.

Durante o show me permito esquecer de tudo que está acontecendo e vez ou outra a pego me olhando mostrando o quanto me ama e o quanto está preocupada comigo. O show termina e eu que estava sem fome sou sustentada apenas por aquele sanduiche que comi e vejo na porta do seu camarim a fila de fãs a esperando. Lembro que ela não os atendeu quando chegou porque queria que comesse alguma coisa e não poderia ter ninguém ali pois não entenderiam porque era a única bailarina no camarim.

Vou me juntando aos músicos e bailarinos para ir até hotel, estava esgotada sem forças, preciso ficar sozinha, colocar meus pensamentos em ordem e ela iria demorar, quero evitar ter que conversar, chegando mais cedo tomo um banho e vou direto pra cama dormir. Antes de entrar no quarto vou até o da Larissa e peço um remédio que ela toma quando quer dormir e está com dificuldade, ela me da pedindo que não tome um inteiro.

Chego no quarto tomo um banho e já deixo a minha roupa de amanhã separada já que vamos pegar o avião na parte da noite e arrumo as malas, preciso ser forte e fugir dela. Tomo o remédio e deito, na verdade eu apago e deixo meu telefone do lado da cabeceira para poder ver as horas e saber quando preciso levantar.

Não vi a hora que ela chegou, não ouvi nenhum barulho e muito menos movimentação no quarto. Não sei por quanto tempo dormir mais sentia um alívio um vazio que era tudo que precisava, penso em começar a despertar ate que escuto uma voz bem baixinha.

- Meu amor, estou tão preocupada com você, o que está acontecendo Bru? Porque está me tratando assim? Você precisa comer, está dormindo o dia todo me ignorando, eu te amo tanto.

Uma lágrima caia dos meu olhos e meu coração sentia várias facadas, como posso me afastar de quem me faz bem e cuida de mim, ela me ama e eu amo, porque tenho que fazer isso. Sinto ela me beijando carinhosamente e devagar me chamando baixinho para que acorde, eu finjo dormir para sentir seu carinho será a última vez porque tomei a decisão ontem no banho que vou me afastar porque vai ser melhor pra ela nada será afetado na sua vida.

Abro os olhos e me mexo em sua direção, olho pra ela me despedindo de tudo que vivemos até ali.

- Boa tarde amor, pedi uma coisinha pra você comer, já que quando cheguei você estava dormindo e não quis te acordar.

- Boa tarde, que horas é o vôo?

- As sete horas, dá tempo fica tranquila. Você não comeu nada ontem precisa se alimentar vamos, quero sua companhia.

- Deixa só eu tomar um banho e já venho. A beijo na bochecha e levanto da cama.

Que guinada é essa até um dia atrás eu estava sendo amada nesse quarto nessa cama, e hoje estou a evitando queria tanto receber seus beijos mais eu não posso me entregar e ela me ganha só com o beijo. Ai que saudades que estou dela, já estou sentindo falta sem nem ao menos estar longe, como doí. Já vestida ela está me esperando pra comer e mais uma vez não tenho vontade de tocar na comida, bebo o suco e como apenas o ovo mexido que havia pedido.

Ela me olha com preocupação já que sempre comi tão bem, nunca perdi o apetite e não sabia o que fazer, não tenho fome. Na verdade comi um pouco a mais porque ela praticamente me implorou pra comer, ver em seus olhos o desespero sem saber o que estava acontecendo me deixava mais desesperada ainda.

Começo a chorar e ela me olha sem entender perguntando porque estava daquele jeito e que ela precisava saber para me ajudar no que fosse preciso, se era algum remédio ou algo do tipo, balanço a cabeça falando que não era nada.

- Bruna me desculpa pelo jeito que falei com você ontem mais foi o único jeito de me escutar e comer algo.

-Tudo bem Ludmilla você estava cumprindo seu papel enquanto minha CHEFE não foi isso que disse.

- Pensei que tivesse entendido que estava fazendo pro seu bem.

- Pensou errado, sou adulta e sei muito bem o que é melhor pra mim e você não decide nada.

- Porque está falando comigo desse jeito Bruna?

- Estou normal é impressão sua.

- Você não é assim, está falando comigo como se não fosse nada sua, ríspida, ignorante, sem motivos .

- Sem motivos você tem certeza?

- Claro que sim estavamos bem, nosso dia foi maravilhoso, fizemos amor no barco, saimos a noite nos divertimos e de manhã você ficou assim arredia, estranha.

- Estranha é você falando comigo naquele tom de voz como se fosse sua propriedade.

- Já me desculpei Bruna, vou relevar esse seu mau humor porque deve estar na tpm.

- Sabe de uma coisa Ludmilla me deixa quieta na minha com a minha tpm como você falou e me deixa em paz. Vou pro quarto da Larissa esperar a hora de ir pro aeroporto.

-- Bruna volta aqui não terminamos de conversar.

- Eu acabei e ponto final. Não me procura e não fala mais comigo, acabou Ludmilla não aceito ser tratada assim se tem gente que aceita parabéns mais eu não.

- Você está terminando nosso namoro?

- Você é surda ou o que?

- Bruna você não é assim. Vamos conversar.

- Acabou Ludmilla, chega não quero mais! Respeita a minha decisão.

Brumilla- Nosso destino, é que você me faz bem!Onde histórias criam vida. Descubra agora