60. Uma Mocinha, Duas Vilãs

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Na minha história sobre uma garota que conhece um cara, esse aqui é o trecho exato sobre o qual Murphy falava.

O momento em que eu entrego as cartas e desisto do jogo.

1. Não, não foi tão fácil quanto parecia;

2. Levou muito mais tempo do que eu pensava até dar certo (e nem deu!);

4. Coisas que eu não imaginava também deram errado;

5. Enquanto eu não agia, ficava pior;

6. Eu precisei entender que querer viver e ficar com Luke eram coisas diferentes;

7. Eu achava que a solução era ficar com ele, mas na verdade era cuidar de mim;

8. Não havia resolução perfeita para o problema, então lidei como pude mesmo parecendo idiota pra outras pessoas;

9. A "natureza" ficou do lado de Jenna. Com toda a situação, era ela quem precisava mais dele. Eu só precisava mais de mim;

10. A mão natureza é uma vadia sim, ela me tirou Luke fucking Hemmings;

Mas Murphy estava errado sobre uma coisa: a terceira conclusão.

O maior dano foi sim evitado.

Passei a última hora pensando nisso e as outras duas anteriores sentada com Jenna em seu camarim.

Tive o cuidado de deixar a jaqueta de Luke em outro lugar para ir falar com ela, afinal, não pretendia provocá-la.

Jenna sustentava uma expressão que eu usaria para interpretar uma mulher de negócios, uma pessoa importante fechando um grande contrato. O rosto dela parecia concentrado e sua postura era firme, como se soubesse de coisas que eu não sei.

Logo depois eu notei que ela era só uma garota pedindo carinho. Não meu, claro.

Eu fui a primeira a falar. Segui o script que eu mesma havia escrito: a disse que queria ficar em paz antes mesmo de dizer "olá".

A princípio, ela fingiu uma reação de confusão, mas cedeu quando viu que a dúvida já não morava mais na minha cabeça: tinha sido ela esse tempo todo.

"Eu sei que não foi uma decisão inteligente quando mandei aquele cara na sua casa e depois recebi uma ligação do Luke dizendo que você estava morando com ele".

Eu cheguei a perceber a vontade dela de realizar o serviço com as próprias mãos. Meu estômago se embrulhou e eu olhei pra porta calculando quanto tempo eu levaria para chegar até lá.

Mas Jenna não me atacou, só continuou com o olhar que me fuzilava.

"Fiz merda, mas não me arrependo de ter feito por Luke" completou.

O nome dele saindo da boca dela me provocou uma sensação incômoda. Definitivamente não gostei daquele som.

Percebi ali que Jenna nunca admitiria a gravidade do que me fez. A vida é assim, não existe redenção para todo mundo e finais felizes são história pra criança dormir.

Pensei em pedí-la os detalhes, cogitei entender o que ela pretendia, mas a pessoa sentada na minha frente se mostrava ligeiramente diferente da Jenna que eu já conhecia. Era possível quase ver as suas rachaduras, o tom de voz hesitante às vezes, a postura se tornando inconstante, denunciando a saída do personagem. Eu usaria o álcool, o Redbull e a aspirina para lidar com essa situação, mas Jenna escolheu outro caminho.

Apesar do que ela tentava transparecer e do que eu realmente via, eu não podia mais acreditar que ela tivesse a real intenção de me machucar fisicamente, porém eu nunca realmente quis proteger o meu corpo físico: o terror estava na minha mente.

Beautiful Stranger | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora