28. A Vilã da Vida Real

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Fiquei encarando-o como se Luke fosse desaparecer no segundo em que eu tirasse os olhos dele.

Queria que ele me tranquilizasse dizendo que não iria à lugar algum, mas isso não aconteceu, então eu me segurei ao máximo no que pude.

Todas as minhas roupas estavam no meu corpo, ao contrário das dele. Eu não o entreguei nada e ainda assim ele me deu muito mais do que qualquer outro.

Eu não me esqueceria disso nem mesmo após um tratamento de choque.

A minha mente oscilava entre não pensar em nada e me preocupar com o  tamanho do problema em que me meti. Ele tem olhos azuis, um perfume doce e os traços de um anjo. Enquanto o olhava, ainda sentia seus dedos em mim.

Como isso pode ser errado se parece tão certo?

Droga.

Não demorou muito para que eu fosse despertada daquele sonho lúcido. Ainda era o começo da madrugada  quando o celular dele tocou.

- Não vai atender? - perguntei rompendo o silêncio com um sussurro.

Luke acariciava o meu cabelo enquanto eu o admirava inerte.

Ele negou com a cabeça, mas o som continuava soando pelo quarto. Outros dois toques insistentes e Hemmings decidiu atender.

Vi quando o nome de Jenna apareceu na tela. Ele engoliu em seco e se sentou na borda da cama, de costas pra mim.

"Hey" ele disse ao telefone.

"Onde você está?" a ouvi dizer.

"Fora da cidade. Como você está se sentindo?" A voz dele era suave.

"Estou bem. Quando vai voltar? Estou em L.A." Jenna perguntou.

Luke tirou o telefone do ouvido e encarou o chão por dois segundos.

"Em algumas horas" respondeu hesitante.

"Não demore, eu preciso de você".

Hemmings desliga a chamada e eu fico encarando suas costas pelos minutos que se passam. Ele sabe que eu ouvi tudo: Jenna voltou.

- Acho que é hora de voltar - digo.

Ele se vira para me olhar e eu me sinto incrivelmente mal com isso.

- É sim.

Levanto avisando que vou tomar um banho no meu quarto. Quando fecho a porta dele, deixo o desfecho da noite me dar um soco no estômago. Coloco a mão na boca temendo fazer qualquer barulho e ser descoberta quebrando no corredor.

Eu só queria um pouco mais da atenção dele. Um diazinho ou dois, ou pelo menos até o amanhecer.

Estou pedindo tanto assim, universo?

No banho, me divido entre culpa e auto piedade, e chego à conclusão de que ninguém é absolutamente bom ou mau. Preto e branco são somente os extremos da longa escala de cinza onde eu tento achar o meu nome.

Desço para encontrar Luke na sala depois de arrumar as minhas coisas. Seguimos para fora e eu lamento não ter me despedido dos meus pais. Não queria acordá-los.

Hemmings coloca nossas malas no banco de trás.

- Me desculpe - ele diz quando já estamos dentro do carro, se referindo à ligação.

Sua expressão não é feliz, mas também não se compara ao rosto que eu vi no espelho há alguns minutos.

Claro que eu não vou deixá-lo enxergar isso, ele já vê demais.

Beautiful Stranger | Luke HemmingsOnde histórias criam vida. Descubra agora