Hospital

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Juliette entrou no quarto do hospital. Sarah continuava desacordada, dona Abadia estava sentada na poltrona do quarto, esperando de forma calma a filha acordar. Juliette já tinha conversado com a mãe da ex-melhor amiga e explicou como aconteceria a proteção da loira, Abadia concordou com tudo e tentou saber o que tinha acontecido com a morena durante esses anos.

Claro que Juliette mudou de assunto e resolveu dar uma volta no andar que a loira estava internada, olhou cada saída e cada entrada. Ela voltou depois, se sentando no sofá do quarto e encarando a Sarah adormecida.

Depois de alguns minutos, Abadia recebeu uma ligação e teve que ir, pediu para Juliette avisar quando a loira acordasse. Juliette continuou sentada no sofá, apenas olhando algumas mensagens que Lucas mandava, olhava fotos das cenas do crime, procurando alguma pista que eles não tinham visto.

- Não imaginava que se importava – Juliette levantou a cabeça ao escutar a voz fraca da Sarah. A loira estava olhando para ela, claramente cansada - Eu imaginei que íamos passar mais dez anos afastadas uma da outra.

- Não deveria estar falando – Juliette levantou do sofá, ela andou pra mesa de cabeceira e encheu um copo com água antes de entregar para a loira. A Sarah teve um pouco de dificuldade, mas tomou conteúdo - Meu chefe quer que eu vire sua babá durante a investigação – A morena explicou, ela sentou na poltrona antes de cruzar as pernas e olhar para a loira.

- Achei que a agência de guarda costa poderia me ajudar...

- Seu pai exigiu que fosse alguém de confiança e eu não queria sair do caso, nem ir contra o meu chefe – Sarah balançou a cabeça e entregou o copo.

O silêncio dominou o quarto até Gilberto entrar junto da Thaís, do Rodolffo e do Fiuk. Juliette levantou da poltrona e se encostou na parede ao lado da janela do quarto, ela olhou a paisagem, vendo os prédios ao longe e o som das ambulâncias e dos carros da polícia passando por perto do hospital. Ela olhou para Sarah novamente e viu Rodolffo se inclinando para beijar a loira, que apenas deu um sorriso para o homem quando se afastaram.

- O que faz aqui, Juliette? – Thaís questionou a morena, que apenas mostrou os distintivo, mostrando que estava apenas trabalhando como sempre.

- Ela virou a minha babá – Sarah explicou para os amigos e a Juliette revirou os olhos antes de voltar a sua atenção para a janela - Já levou tiro? – Juliette assentiu sem olhar para a outra mulher. Claro que já tinha levado, ela era a que mais se metia em problemas durante alguma investigação e levou três tiros durante todos os anos que passou sendo policial, o último foi há cinco meses quando ela e o Lucas confrontaram uma máfia durante um caso.

- Eita que esse quarto está cheio – O médico entrou no quarto. Dr. Lewis. A Juliette conhecia ela, era o médico que cuidou dela durante o tempo que a mesma bebia demais e entrava em coma alcoólico, que cuidou da irmã dela antes da mesma partir e que cuidou do pai dela depois do acidente, Juliette sempre falava que ela apenas salvou a ovelha negra da família.

- Sou amada demais – Sarah brincou com o mais velho, que riu.

- Senhorita Freire, quanto tempo – O homem cumprimentou a morena, que acenou com a cabeça - Vejo que realmente mudou de vida, é policial agora, tenho certeza que a sua mãe deve estar orgulhosa – Ele andou até a Juliette que ficou nervosa com as coisas que ele poderia falar no momento.

- Ela preferia que eu estivesse em casa – Juliette fez o homem rir e ele olhou para a Sarah antes de se aproximar da mesma.

- Como está se sentindo, Srta. Andrade? – Ele perguntou e a loira suspirou.

- Estou sentindo um pouco de dor, mas acho que isso passa – Sarah falou e o homem assentiu enquanto olhava para o monitor cardíaco da mesma. Ela olhou para a morena, que estava de cabeça baixa e mexendo a perna.

- A dor vai ficar durante alguns dias. Se você achar que não está suportável, não fique desesperada, tome remédio para dor e tente dormir um pouco, a melhor recomendação que faço agora é ficar de repouso – Ele explicou para a empresária que voltou a olhar para ele, fingindo prestar atenção em tudo.

...

Quatro dias se passaram, Juliette estava dirigindo atrás do carro de Rodolffo que estava levando Sarah para casa. A loira acabou de receber alta, Juliette avisou tudo para o chefe, perguntando se ainda deveria ficar com a loira, a resposta do homem foi curta e grossa. Sim. Juliette não tinha escolha.

Sarah morava em uma mansão. Não ficava muito longe do centro da cidade e era totalmente diferente da mansão que ela tinha na antiga cidade dela e da época que eram adolescentes. Juliette parou o carro na frente da casa e Rodolffo parou na frente dela, descendo do veículo em seguida.

- Eu tenho que correr para o trabalho. Você leva ela para dentro? – Rodolffo perguntou para a morena quando a mesma se aproximou. Ela assentiu e ele abriu o porta malas, entregando a mochila para a morena, que andou até a porta de Sarah, ajudando a mesma a sair do veículo sem sentir dor - Depois eu volto – Rodolffo deu um beijo na bochecha da loira e voltou para o carro.

Juliette não observou o homem se afastar com o carro, ela levou a loira pra dentro da mansão. Ela olhou para todos os cantos do local, era moderno, o que combinava muito com a mulher do seu lado.

- Onde fica o seu quarto? – Sarah apontou para a escada e Juliette a seguiu para o andar de cima. Na escada, Juliette notou algumas fotos, da Sarah em sua formatura, na faculdade e também tinha uma foto das duas crianças. A morena engoliu seco antes de continuar a andar, tentando não demonstrar que ficou mexida com a foto das duas na mansão da outra mulher.

O quarto da Sarah era uma bagunça como na época da escola. Desta vez, as coisas jogadas em cima da cama eram planilhas da empresa, tinha algumas roupas jogadas no chão e pequenos aviões decoravam a mesa de cabeceira, Sarah tinha uma paixão de aviões desde de pequena, Juliette sabia, era até engraçado ver a forma que a loira ficava empolgada em ver um avião.

- Tem coisas que não mudam – Juliette comentou depois de colocar a bolsa da mulher em cima da cama. Sarah riu enquanto abaixava a cabeça.

- Meu jeitinho não mudou – Sarah quase fez uma voz de bebê, era uma das formas que ela falava com a morena, era a única que ela falava com a voz e sempre causava risadas das pessoas que estavam ao redor delas.

- Melhor você descansar, Senhorita – Juliette caminhou até a porta.

- Você pode ficar no quarto do lado, Agente – Sarah debochou ao chamar a morena de Agente e a mesma percebeu - E qualquer coisa eu grito por você.

Agente Freire - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora