Agente Freire - Sariette

Bebê

- Vamos? – Sarah assentiu e deu mais uma olhada no espelho.

Ela estava na outra unidade do FBI, depois da explosão, os sobreviventes já tinham se realocado em uma nova unidade e estavam trabalhando em novo cenário. A busca pelos caminhões com as crianças continuavam e Sarah está junto dos agentes, ajudando com toda a parte financeira.

Juliette estava bem, um mês em coma e só teve duas parada cardíaca, mas continua entubada, segundo o médico, só iria tirar quando Juliette acordar ou demonstrar que estava respirando sozinha.

- Coloque isso – Bil entregou um colete a prova de balas para a empresária, que achou um pouco pesado quando colocou no corpo - Fique do meu lado o tempo inteiro, ok? – Ele pediu e a mulher assentiu entrando no carro dele, o homem respirou fundo antes de entrar no veículo também.

Era o segundo caminhão que encontravam e a Sarah resolveu ir junto, claro que o diretor da unidade deixou e o Bil estava responsável por ela. Lucas já estava com medo da operação e com a Sarah junto deles, o medo cresceu.

Ele sabe que se a Juliette acordar e descobrir que Sarah se envolveu em um problema por causa deles, ela iria matar cada um, sem se importar com seu joelho machucado ou com qualquer outra coisa. Lucas sabe que os dois têm nas mãos o bem mais precioso da vida da melhor amiga deles.

- É aqui – Bil parou o carro. O caminhão estava mais a frente deles, já tinha alguns agentes no local, o motorista e mais cinco pessoas estavam deitadas no chão com as mãos na cabeça enquanto os agentes apontavam as armas para eles, indicando que eram os responsáveis pelo caminhão.

Sarah se aproximou do caminhão junto de Bil, que abriu a porta de trás, ela sentiu um embrulho no estômago quando viu os adolescentes e as crianças dentro do caminhão. Eles estavam assustados, dava pra ver no olhar deles, estavam sujos de terra, as roupas estavam rasgadas e o cheiro não era bom.

- Está tudo bem... Somos policiais – Bil mostrou a identificação para eles, os mesmos ainda não pareceram acreditar nele - Vamos, desçam – Ele pediu.

Com calma, eles foram descendo, Sarah contou vinte até chegar na última, uma garota estava segurando um bebê, estava enrolado em um pano e ela não conseguia ver o rosto do mesmo. Ela se aproximou da garota enquanto Bil e Lucas estavam conversando com alguns adolescentes.

- Ei, eu sou Sarah Andrade – Ela estendeu a mão para a garota, que pareceu não confiar na mulher o suficiente para apertar a mão dela - É seu filho?

- Não, ele é...

- Traficado também – Sarah completou pela garota - Me dê ele e vá até Bil, aquele moço ali – Ela apontou para o agente - Que ele vai te dar comida - A mulher explicou para a mais nova, que assentiu antes de entregar o bebê e seguir para perto do Arcrebiano, que entregou água e comida a ela.

Sarah desenrolou um pouco o bebê. Ele era coreano, não tinha mais de um ano, ele estava um pouco sujo no rosto, usava uma blusa branca e a fralda, ele parecia com dona já que não parava de morder a própria mão. Lucas se aproximou dela depois de pegar o nome de todos, anotando pra chamar os familiares dos mesmos quando chegarem na delegacia.

- Tem alguma coisa para bebê comer aí? – Lucas negou e a mulher suspirou, olhando para o bebê, que olhava atentamente para ela.

- Melhor levar ele para o hospital, para examinar ele – Ele sugeriu e a mulher assentiu, ela se despediu do homem antes de se aproximar do Arcrebiano.

- Precisamos levar ele para o hospital – Ela alertou o agente. Ele olhou para os demais agentes, vendo se precisavam de ajuda e depois a encarou, Sarah entrou no carro depois do agente e eles seguiram para o hospital.

...

Carla estava cochilando no poltrona do quarto de Juliette, ela resolveu ficar no lugar de Sarah depois que a mesma avisou que iria ajudar os agentes. As duas mulheres sempre intercalavam os acompanhamentos junto de Pocah, assim evitando que uma passasse muito tempo dentro do hospital.

- Oi... – Sarah entrou no quarto e despertou a loira mais baixa - Eu vim deixar uma criança aqui e resolvi fazer uma visita – Sarah explicou para Carla, que assentiu enquanto coçava os olhos - Vá comer alguma coisa enquanto isso.

Carla saiu do quarto e Sarah olhou para Juliette, que parecia dormir em paz, a empresária se sentou na poltrona e pegou a mão da agente. Ela passou a outra mão devagar pelo rosto da morena, quase tocando no tubo dela.

- Eu estou morrendo de saudades da sua voz, da sua risada, dos seus olhos castanhos – Sarah falou já sentindo as lágrimas encherem seus olhos - Volta logo – Ela pediu e uma lágrima desceu pelas suas bochechas, ela enxugou e voltou a fazer carinho no rosto da morena, tomando cuidado com tudo - As coisas estão mais difíceis sem você aqui, próxima semana será o julgamento de Rodolffo e eu só queria que você estivesse do meu lado na hora.

Sarah ficou em silêncio, apenas olhando para a morena, chorando calada, o som do monitor cardíaco era a única coisa escutada dentro do quarto, além dos fungados da empresária. Ela puxou a poltrona mais para frente e deitou a cabeça na ponta da cama, voltando a segurar a mão da morena.

Sarah não percebeu quando acabou dormindo, ela dormiu naquela posição, segurando a mão da morena, sem se importar se iria acordar com uma dor nas costas ou com algum problema no pescoço. Ela estava mais feliz apenas pelo fato de estar tão perto da morena, da mulher que ama.

Ela acordou horas depois, quando sentiu alguém fazendo carinho nela.

- Pode ir para casa, Carla, vou ficar um tempo – Sarah resmungou, mas não pararam com o carinho, na verdade, o carinho desceu até a boca da mulher, que resmungou enquanto apertava os olhos - Só vou sair quando o Bil... - A loira abriu os olhos e percebeu que não era Carla que fazia carinho nela.

Ela se deparou com um par de olhos castanhos a encarando, ela quase caiu, piscando algumas vezes para ter certeza do que estava vendo. Depois sorriu quando percebeu que era verdade, que não estava sonhando.

- Ela acordou – Ela correu para o lado de fora do quarto, chamando alguém e depois voltou a se aproximar da morena acordada - Oi, meu amor.