Agente Freire - Sariette

Bolinho

Sarah encarou Juliette, assistindo a morena rindo de algo do Gilberto, estão nessa conversa há quase uma hora, pareciam adolescentes novamente, nos momentos que os dois começavam a fazer palhaçadas juntos, esqueciam as coisas ao redor deles. Sarah gostava de assistir os dois juntos, era a mesma personalidade e ambos se entendiam apenas com um olhar.

- Parece que o Gil conquistou ela de novo - Thaís comentou, ela está perto da loira e do Rodolffo, os três estavam assistindo Gil e Juliette desde que os dois começaram a rir alto - Vai perder o melhor amigo, Sarah?

- Não vejo problema nessa aproximação - Sarah respondeu ao olhar para a Thaís que deu os ombros antes de olhar para Fiuk, que saiu da piscina.

- Bora cantar um pouco, Rodolffo - Fiuk pediu para o outro homem, que só assentiu antes de bater de leve nas pernas da Sarah, que se levantou. Thaís correu para pegar o violão dentro da mansão. Depois de alguns minutos, os amigos estavam reunidos ao redor de Rodolffo e Fiuk, inclusive Gilberto que já tinha terminado a conversa com a Juliette e estava muito animado.

Juliette resolveu focar sua atenção no documento, prestando nos detalhes, tentando achar alguma coisa que nem Arcrebiano e nem Lucas acharam, as vozes dos dois homens era apenas um sussurro enquanto ela estudava tudo e nem parecia que tinha outras pessoas perto dela.

Ela não percebeu quando Sarah se afastou do grupo e se sentou ao seu lado, a loira se inclinou um pouco, foi naquele momento que Juliette a notou, ela guardou o documento na hora. Ela encarou a mulher do seu lado.

- Não vai curtir as músicas? - Juliette a questionou e a loira se ajeitou.

- Eu queria conversar com você - Juliette suspirou - Antes de você ir, a gente teve uma conversa, quer dizer, eu confessei algo e você fugiu de mim - Elas lembraram do dia que Sarah se declarou e Juliette saiu correndo.

- A conversa que meus pais queriam comigo era sobre a nossa mudança, na hora que você confessou seus sentimentos, eu já sabia que iria me mudar.

- E resolveu fugir? - Sarah elevou um pouco a voz, a sorte dela era que seus amigos ainda estavam entretidos em Rodolffo e Fiuk - Poderia ter dito tchau ou pelos menos ter falado alguma coisa. Eu tinha o direito de saber, eu tinha o direito de me despedir de você, antes de tudo, você era minha amiga.

- Foi essa amizade que causou a minha mudança. A amizade com vocês, eles me flagraram voltando bêbada para casa, meu pai falou que não criou filha para ficar bebendo pelos cantos e ele me pediu para escolher entre ficar na cidade e me afastar de vocês ou nos mudar - Juliette contou para a loira, as duas não conseguiam se encarar naquele momento - Eu estava pensando e você confessou seus sentimentos, eu não poderia me afastar, como eu iria esbarrar em vocês todos os dias? - Juliette engoliu seco antes de encarar o documento novamente, ela escutou quando a Sarah respirou fundo.

- Você sentia o mesmo? - Sarah questionou e a morena continuou olhando para o documento, não tinha coragem de encarar a outra mulher - Sentia?

- Sim e foi o Gilberto que puxou a minha orelha - Ela respondeu, suspirou e encarou a mulher ao seu lado. Sarah estava com um sorrisinho no rosto, ela estava quase pulando de alegria, mas estava se controlando.

- Gilberto gosta de juntar as pessoas - Elas encararam o homem, que estava olhando para elas com um sorriso sugestivo e ao perceber que elas estavam olhando para ele, fez um coraçãozinho com a mão e riu depois.

- Ele me falou que ainda está esperando o nosso casamento.

- Se você não tivesse fugido, estaríamos casadas... - Sarah comentou, ela se inclinou um pouco, para pegar a sacola que Lucas deu a Juliette, ela roubou um dos bolinhos e a morena levantou uma sobrancelha - É sério... Imagina, nós duas, um filho ou um cachorro - Sarah empurrou ela com o ombro.

- Mas a realidade é você roubando um bolinho e namorando o Rodolffo - A morena debochou e a loira riu antes de morder o bolinho.

- Eu não namoro o Rodolffo - Sarah informou após engolir o pedaço - E esse é o melhor bolinho que eu já provei na minha vida - Ela elogiou e olhou pro bolinho, dando outra mordida, Juliette riu enquanto balança a cabeça.

Estar conversando com Sarah tão de boa, como se fossem amigos de novo, era uma coisa que não passou pela mente da morena, para falar a verdade, encontrar os antigos amigos de novo era algo que ela não pensava, mas em uma semana tudo mudou e agora ela era segurança da Sarah.

- Obrigada por roubar o meu bolinho - Sarah encarou a morena, com a boca suja de farelo do bolinho, Juliette riu da loira novamente, Sarah parecia uma criança que sujava toda a boca quando comia alguma coisa - O que? - Sarah estava de boca cheia, com um olhar curioso enquanto a morena gargalhava.

- Você está parecendo a minha afilhada, com a boca toda suja - Juliette tirou um pouco do farelo da boca da loira e sorriu para a mesma. Por um minuto as duas se perderam uma na outra, voltando para a adolescência quando o grupo percebia que ambas entravam no próprio mundo quando se olhavam e ninguém tinha coragem de atrapalhar, era um momento só delas.

Apesar de negar para os outros e às para si mesma, Juliette sentiu saudades dos amigos, principalmente da Sarah. Juliette sabe que Sarah tinha algo que completava as loucuras dela, que ela não encontraria em outra pessoa, era a pessoa que mais compreendia as doidices que a morena fazia quando era adolescente e sempre se colocava a disposição de ajudar ela depois.

Era a Sarah que Juliette queria do seu lado quando perdeu o pai e a irmã, a morena queria o conforto que a empresária passava para ela quando segura a mão dela. Ao ver dela, tudo teria sido mais fácil de lidar com a Sarah.

- Eu senti a sua falta, Juliette - Sarah confessou depois de parar de rir - Você deveria pensar em se abrir comigo... Não vou te julgar.

- Melhor não, tem coisas que só minha mesmo - Sarah concordou antes de se levantar da cadeira - Deveria pensar em namorar o Rodolffo, acho que o mesmo quer - Juliette apontou para o homem, que ainda cantava, mas está olhando para Sarah. A loira apenas suspirou enquanto negava.

- Não é ele quem eu quero.