Oito meses

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Oito meses depois...

Juliette sentia as lágrimas molharem seu rosto, as palavras do padre já não eram mais ouvidas pela morena, tudo tinha sido apagado da memória dela, seu olhar estava focado no caixão descendo, nas memórias do passado.

- Descansa em paz, mãe – Juliette murmurou as palavras antes de jogar sua rosa no caixão como os outros que estavam no velório.

Ela não esperou o padre terminar a missa, passou a mão pelo rosto e andou na direção do seu carro, ignorando os chamados dos irmãos mais velhos. A agente entrou no carro e fechou os olhos por longos minutos.

Depois do AVC a mãe da morena teve uma piora na doença cardíaca, muitas cirurgias foram feitas durante esses meses para mudar a situação, mas não teve o resultado esperado e no último domingo, a mãe da morena faleceu, sendo enterrada três dias depois de sua morte. Juliette estava em New York quando recebeu a notícia, tinha seguido um suspeito até a cidade.

Falando no caso dela...

- Ju, desculpa atrapalhar, mas você pode vim ao hospital? – João perguntou assim que a morena atendeu o telefone, ainda com o carro parado.

Eles tinham achado uma criança quase morrendo há um dia, eles correram com a criança para um hospital e ela estava internada em estado grave. Eles estão vigiando ela enquanto tentam achar os culpados, Camilla e João estão no hospital enquanto Juliette ia para o velório da mãe naquela manhã.

Não demorou para a morena chegar no hospital, estacionou o carro e com passos apressados ela entrou no hospital, passando pela recepção, falou só um bom dia e seguiu diretamente para a UTI pediatra do prédio. Ela sabe o caminho pra ela depois de fazer três vezes no dia anterior, indo comer algo na lanchonete do hospital ou indo resolver um problema fora dali.

A cena que Juliette viu em seguida era chocante, o corpo da criança estava coberto por um lençol branco, os monitores estavam desligados e o médico falava algumas coisas para João enquanto Camilla estava parada ao lado da cama, tentando segurar as lágrimas que teimavam em cair.

- O que? – A voz de Juliette estava fraca, quase não saiu. Ela se aproximou, colocou as mãos na ponta do lençol e puxou, encarando o rosto pálido dela, da menininha que ainda tinha muita coisa para viver - O que houve?

- Ela teve uma parada cardíaca, não conseguiram trazer ela de volta – Olhou para Camilla, que enxugou o rosto mais uma vez. Juliette respirou fundo, já sentindo os olhos arder novamente, ela ajeitou o lençol sobre o corpo dela, saindo do quarto em seguida, não aguentava olhar aquela cena.

- Ela tinha quatro anos... – Juliette sussurrou quando João saiu do quarto, a morena o encarou - Ela tinha a idade da minha afilhada – Ela concluiu e ele se aproximou dela, a abraçando de lado e permitindo que ela chorasse.

Do outro lado da cidade, no antigo apartamento da Juliette.

Pocah estava empurrando uma mesa para o outro lado da sala de estar, ela sentia o cansaço bater na porta, mesmo tendo começado as coisas agora.

Era o aniversário da Sarah e da Toyah, as duas faziam aniversário no mesmo dia e Pocah resolveu fazer uma festa no apartamento dela e da Juliette, mas tinha que mudar muitas coisas no local, começando com os móveis, ela está mudando os móveis de posição há vários minutos, mas nada ficava bom.

Depois que Pocah voltou para Nova York, ela se aproximou mais de Sarah e as duas estavam mantendo uma amizade maravilhosa, Arthur e Carla estão na cidade também, Carla já tinha conhecido os amigos de Sarah e a própria Sarah, se tornando amiga de todas e a nova protegida deles.

Depois de muitos pedidos de namoro, Rodolffo cansou e partiu para pedido de casamento, dessa vez Sarah aceitou, estava de coração partido e queria seguir sua vida de uma vez por todas. Pocah quer aproveitar para fazer uma despedida de solteiro para a loira antes do mês do casamento.

- Ainda nisso? – Carla entrou no apartamento junto de Gilberto e Sarah, eles tinham ido comprar algumas coisas no mercado próximo.

- Quando eu saí de Nova York, deixei os móveis nos lugares certos, a Juliette tem tanto fogo no cú que mudou tudo – Pocah reclamou se virando para os três, que estavam assustados com o mau humor da mulher.

- O que é fogo no cú? – Toyah apareceu na sala arrastando o seu lençol, ela estava com uma expressão de sono no rosto, Pocah arregalou os olhos, ela evitava falar palavrão perto da mais nova - E o que a Dinda tem a ver?

- Nunca repita o que eu falo e a sua Dinda gosta de bagunçar – Pocah falou, se agachando na altura da filha. Ela pegou a mais nova no colo.

- Tô com saudades da Dinda, ela vai vir? – Toyah perguntou com a voz calma e a mais velha engoliu seco antes de colocar a filha em cima do balcão que fica entre a sala de estar e a cozinha - Eu não quero festa sem ela...

- Vou tentar falar com ela, ok? – Toyah assentiu e foi a deixa de Carla pegar a mais nova no colo, a levando de volta para o quarto para dar banho nela, Pocah suspirou cansada enquanto pegava o celular - Juliette nunca faltou a um aniversário da Toyah, mas estou sentindo que esse ano ela vai.

- Ela é muito apegada a Juliette? – Sarah questionou como quem não queria nada e a Pocah assentiu enquanto discava o número da melhor amiga.

- Elas tem o mundo dinda e Toyah – Pocah respondeu e colocou o telefone em cima da mesinha de centro antes de voltar a empurrar o sofá, Sarah deu uma rápida olhada no Gilberto e começou a ajudar a cantora com o sofá.

- Pocah... – A voz de Juliette ecoou pela sala, a ligação estava em viva voz.

Sarah travou, a voz de Juliette não estava normal, estava embargada, como se a morena tivesse chorado o dia inteiro, ela também estava rouca, mas a rouquidão não era de uma forma sexy, parecia que a morena estava doente ou que tinha a um show onde gritou durante várias horas.

Sarah sentiu as mãos suarem, seu coração competia com escola de Sampa, ela sentiu sua boca secar e por alguns segundos ela ficou tonta. Pocah olhou para o celular e depois para a mulher do seu lado, pensando se deveria tirar do viva voz, mas quando se inclinou para tirar, Sarah a impediu.

- E... – Pocah travou um pouco, mas a loira balançou a cabeça - Quero saber em quanto tempo você consegue chegar em Nova York, de Washington pra cá... – Pocah foi firme no que falava e escutou a morena suspirar.

- Não estou em Washington – Juliette revelou e Pocah franziu o cenho.

- Onde você está? – Pocah se aproximou do telefone, esperando a resposta da morena que não demorou muito para chegar aos ouvidos dela.

- Estou no Queens.

Agente Freire - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora