Reencontro

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Nova York, agosto 2021

- Mais uma morte é confirmada pela polícia...

Juliette levou a xícara até a boca mais uma vez, a voz do âncora ficava cada vez mais longe e quase inaudível para a morena. Ela tinha conhecimento de tudo que o repórter estava passando, era uma que estava a frente do caso.

Alguém se sentou na frente dela e ela tirou sua atenção do documento, seu olhar focou no homem negro sentado na sua frente, ele roubou o bolo que a morena tinha comprado junto do café, as pernas estavam cruzadas, o seu olhar estava na pequena televisão da cafeteria, assim como os clientes que estavam assustados com a série de assassinatos que estavam acontecendo.

- Cinco dólares. Você está me devendo cinco dólares – Juliette fez o homem desviar a atenção da televisão e a encarar - Pensei que era a sua folga.

- Mais uma morte, o chefe quer encerrar logo o caso – O homem respondeu e descruzou as pernas enquanto se inclinava para mais perto da mulher que o olhou com uma sobrancelha arqueada - Você transou ontem?

- Vai procurar o que fazer, Lucas – Ela deu um empurrão no ombro dele e o mesmo se encostou na cadeira novamente - Temos mais outra pista ou veio aqui para roubar o meu bolinho? – Ela questionou o homem, que suspirou, ficando na pose que a morena tinha mais medo, a pose séria.

- Temos testemunhas. Uma empresária estava fazendo uma festa perto do local do assassinato, parece que alguns deles viu alguém – Lucas informou.

- Então é melhor irmos – Juliette colocou o dinheiro em cima da mesa antes de levantar junto do parceiro. Eles saíram juntos, mas seguiram para os seus respectivos carros, marcando de se encontrarem na sede do FBI.

A sede não era muito longe da cafeteria que Juliette frequenta, ela escolheu justamente por ser o melhor café perto do trabalho. Ela toma uma xícara e come um bolinho todos os dias antes do trabalho, quando não acontece, os companheiros de trabalho tinham que aguentar o péssimo humor dela.

- Sarah Andrade – Lucas entregou a ficha criminal pra Juliette, que parou de andar - Algum problema? – Ele colocou a mão no ombro da morena.

Oh tinha um enorme problema. Sarah Andrade. Ela era o problema. Depois de mais de dez anos sem encontrar a loira, sem escutar alguém falar nela e de sentir o nervosismo que sempre vinha com a outra mulher, Juliette está envolvida em um caso que a loira testemunhou e ela não estava preparada psicologicamente para aquele reencontro, na verdade, ela nunca estaria.

- Conheço ela – Juliette falou com a voz calma, quase inaudível para Lucas.

- Todo mundo que anda de avião conhece ela – Lucas argumentou e Juliette o olhou com cara de deboche até ele entender onde ela quer chegar - Ah.

- Estudamos juntas, éramos amigas desde que nos entendíamos por gente, mas eu me mudei para cá e nunca mais vi ela novamente -  Ela contou para ele que pareceu gostar daquele informação, porque sorriu largo.

- Podemos usar isso ao nosso favor...

...

O relógio marcava dez horas da manhã e Sarah já estava enlouquecendo, a loira não tinha um dia de paz desde que assumiu a presidência da empresa, mas hoje era pior porque os amigos dela resolveram fazer uma visita e estão a deixando de cabelos brancos enquanto fazem bagunça na sala dela.

- Gil, a desgraça da cortina não é brinquedo – Sarah exclamou irritado, Gil a olhou com um biquinho, mas ela apenas o ignorou - Por que vocês vieram?

- Tu tá de muito mau humor. Rodolffo não está dando conta? – Gil brincou, bagunçando o cabelo de Rodolffo, que resmungou enquanto ajeita o cabelo novamente - Queríamos passar um tempo com você.

- Vocês são um bando de vagabundo que estão fugindo do trabalho – Sarah acusou os amigos e todos começaram a falar de uma vez, eles tentavam se defender da acusação da empresária, que ficou mais irritada com a falação, ela estava de ressaca por ter saído com o Gilberto mais uma vez, a dor que estava sentindo estava aumentando com todos falando junto.

- Eu estou de férias – Rodolffo se levantou do sofá da sala, se aproximando da empresária - E eu queria passar um tempo com a minha namorada.

- Own que fofo. Não somos namorados, Rodolffo – Sarah foi curta e grossa, sem desviar o olhar do computador na frente dela. Ela já deixou claro para o homem que não queria um relacionamento sério agora, mas ao ver dela, ela estava falando com as paredes, já que ela pareceu não entender.

- Com licença – A secretaria de Sarah bateu na porta antes de entrar. Todos olharam para ela na mesma hora - Senhorita Andrade, o FBI quer falar com você – Ela contou e Sarah escutou Gilberto debochar daquilo. Claro que ela tinha noção que a polícia iria bater na porta dela depois que ela revelou que viu um suspeito de assassinato, mas não imaginava o FBI na porta dela.

- Mande entrar – Sarah pediu e a secretaria saiu - Se comportem.

A porta foi aberta novamente, um homem de porte médio e musculoso foi o primeiro a entrar na sala, sendo acompanhado por um homem negro que não era tão musculoso quanto o primeiro. A última pessoa que passou foi a morena que Sarah não via há mais de dez anos, mas que aparecia nas noites mais quentes da loira, quando ela deitava na cama e lembrava do passado.

Juliette não tinha mudado muita coisa, estava mais madura, era notável, os traços fortes da mulher ainda eram presentes. Ela utilizava uma calça preta, uma blusa social branca por debaixo de uma jaqueta preta, o par de coturno preto enfeitavam os pés da morena. Um estilo diferente do que a loira está se lembrando da morena usar, Juliette sempre usou mais vestido, saia com camisas coloridas, usava sempre um tênis branco nos pés.

Mas aquilo era passado, ambas eram adolescentes que não conheciam nem um porcento do mundo. Agora eram mulheres adultas, que tem problemas para carregarem, que tem muitas preocupações nas costas.

- Juliette – Gilberto exclamou espantado por ver a morena.

- Senhor Nogueira – Juliette acenou com a cabeça. A voz estava mais rouca, causava mais arrepios na Sarah, que permanecia sentada na sua cadeira, só olhando para a morena na sua frente, sentindo seu coração acelerar.

- Virou uma pessoa formal? – Vitória era a melhor amiga de morena depois da Sarah, viraram amigas no fundamental e sempre tinham discórdias entre elas, brigas por besteiras que desestabilizava o grupo de amigos.

- Estou trabalhando – Juliette respondeu de forma simples - Soubemos que você pode ter visto um suspeito do nosso caso – Ela olhou para Sarah, que sentiu o nervosismo subir quando encontrou os olhos castanhos. Ela viu que Juliette também engoliu seco - Queremos conversar com a senhorita.

Agente Freire - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora