Agente Freire - Sariette

Tristeza

- Não vi muita coisa. Era de noite e eu estava bêbada, mas pelo que lembro, era um homem de estatura média, era musculoso, o cabelo era grande, tem um bigode e estava com uma roupa preta – Sarah contou para os agentes.

Sarah e os amigos estavam sentados no sofá da sala enquanto Juliette ficou em pé junto dos parceiros, anotando tudo que a loira estava falando. Após a mesma enrolar um pouco para falar, como se estivesse com medo, Sarah contou como tinha sido a noite e depois falou sobre o suspeito que viu.

- Vocês viram alguma coisa também? – Lucas questionou para a Vitória, Gil e Rodolffo que apenas negaram com a cabeça. Eles não mentiram, Sarah foi sozinha para fora da casa e os amigos dela se aproximaram depois, ela falou o que tinha visto para os mesmos, mas eles acharam que era a bebida.

Juliette abriu a boca para falar quando a porta da sala foi aberta, Thaís Braz, Fiuk e Karol Conká passaram pela porta, eles também conheciam a Juliette, Karol e a morena não se davam bem durante o Ensino Médio, brigavam na maioria do tempo e nenhuma das duas escondia o ranço que sentiam. Thaís não era amiga e nem inimiga, Juliette era neutra em relação a ela, não tinha opinião formada, apesar de terem alguns conflitos em relação ao Fiuk.

Fiuk e Juliette brincavam muito na adolescência, shippados pelos amigos, o que causava ciúmes na Thaís que era apaixonada no garoto. Juliette lembra de pouca coisa da adolescência, lembrava das memórias de alegria que teve com os ex-amigos, mas também lembrava muito das tristezas.

A tristeza passou da alegria e a única coisa que Juliette sentia naquela hora era tristeza, era um incômodo presente em seu coração e piora a cada hora que passa dentro daquela sala. Lembrar da adolescência, trazia a dor que a morena sentiu quando perdeu o pai dois meses depois de se mudar, traz as memórias do acidente que ela se sentia culpada todos os dias.

- Juliette? - Thaís foi a primeira a notar a morena dos três. A morena acenou com a mão para os três e depois olhou para Lucas e Arcrebiano.

- Acho que já temos tudo, não é? – Falou para os dois, que concordaram.

- Espera um pouco – Sarah se levantou na hora - Se eu me sentir ameaçada, se eu sentir que alguém está atrás de mim, com quem devo falar? – Juliette franziu o cenho enquanto inclinava a cabeça para o lado.

- Está escondendo alguma coisa, Senhorita Andrade?

- Não, mas vamos pensar pelo lado lógico, eu dei a discrição de um possível serial killer, se ele descobrir sobre isso... – Sarah explicou pra Arcrebiano, já que o mesmo questionou ela. Juliette apenas respirou fundo.

- Eu vou dar...

- O seu número? – Sarah interrompeu a morena, que mexia na carteira, ela negou com a cabeça sem olhar para a empresária na sua frente.

- O número de uma agência de guarda costa, ela pode te ajudar – Juliette a olhou enquanto estendia o cartão da agência para a empresária, que olhou para a morena, conectando o olhar das duas depois de mais de dez anos. A loira sentiu um arrepio passar pelo seu corpo quando percebeu que o brilho que ela tanto admirava no olhar da morena, desapareceu com o tempo.

Juliette desviou o olhar e saiu da sala junto dos parceiros. Sarah piscou e foi atrás da morena, sem se importar com o que os amigos iam pensar. Juliette já estava esperando o elevador quando a loira a alcançou.

- Mais de dez anos se passou, éramos melhores amigas, podemos conversar sobre tudo que aconteceu? – Sarah atraiu a atenção da morena, que olhou para ela com uma sobrancelha arqueada.

- Você é a testemunha de um caso meu, não misturo as duas coisas – Falou, mas a loira não queria desistir - Você mesmo falou que se passou dez anos, somos pessoas completamente diferente e eu não quero voltar para minha adolescência – Juliette explicou e fez a empresária abaixar a cabeça.

- Quando esse caso se encerrar, me ligue – Sarah entregou o cartão com as redes sociais e o número dela para a morena, que balançou a cabeça antes de entrar no elevador junto dos parceiros - Tchau, Juliette.

Juliette acenou com a cabeça e as portas do elevador se fecharam, suspirou aliviada enquanto se encostava na parede. Não queria passar por aquilo de novo, estava com receio de um gatilho desbloquear e ela voltar para a vida que deixou para trás depois de tanto esforço, para a vida que é um pesadelo para a família dela, foram anos quase no fundo do poço.

...

Flashback

As árvores iam passando cada vez mais rápido na visão de Juliette, seu olhar não desviava da janela do carro, parecia hipnotizada ao ver das pessoas que estavam no carro também. Durante todo o caminho, ela não falou ou olhou para os outros, se manteve na mesma posição desde que saíram do hospital e parecia que ia se manter daquele jeito até chegarem no destino deles.

- Chegamos – O carro parou na frente de uma enorme casa e a morena deu uma olhada de cima para baixo, suspirando em seguida. Ela saiu do veículo, sendo acompanhada pelos dois irmãos que estavam com ela.

Washington pegou a mala dela dentro do porta malas antes de entrar com ela. Era uma clínica de reabilitação, depois de estressar os seus irmãos, eles resolveram colocar a mesma em uma clínica de reabilitação para ter certeza que ela vai recomeçar como sempre fala que vai.

Washington acertou para internar a morena e depois tentou se despedir, o que não aconteceu porque Juliette estava morrendo de raiva dos irmãos, a morena seguiu para o quarto dela enquanto mostrava o dedo do meio para os mais velhos, mostrando que não iria esconder a raiva deles. Juliette ficou em um quarto isolado por ter acabado de chegar na clínica, sentou na cama do quarto, olhando para a paisagem da janela do quarto.

Não sabia quanto tempo iria passar dentro daquela clínica, não depois que entrou em coma alcoólica pela terceira vez naquele ano. Ela acabou de sair do hospital, levou bronca de todos os irmãos e da mãe por ligação, após se recuperar cem porcento, eles decidiram que Juliette iria para a clínica.

Flashback

Juliette suspirou quando saiu do elevador, ela saiu do prédio, ela olhou para cima, vendo uma sombra no andar do escritório de Sarah e ela sabe que era a loira olhando para ela. Juliette abaixou a cabeça antes de entrar no carro, sendo acompanhada pelos dois homens, ela olhou novamente para o andar antes de fechar a porta do carro e o Lucas começar a dirigir.