Agente Freire - Sariette

Ciúmes

- Eu quero beber até o cú fazer bico – Gilberto gritou ao ver Rodolffo e Fiuk entrarem na casa com várias cervejas. Era nove horas da noite, passaram o dia fazendo porra nenhuma além de encher o saco da Juliette e dos vizinhos com as músicas altos e brincadeiras que atrapalhavam o trabalho da agente.

- Vai uma cerveja, Agente? – Karol perguntou para a morena.

- Eu não bebo – Ela respondeu e voltou a sua atenção para o celular, muitas mensagens de Pocah estavam aparecendo no celular da morena. Pocah era um dos dois amigos de adolescência que ela ainda conversava, elas tinham se reencontrado na faculdade de Nova York e resolveram recomeçar tudo.

Pocah e Arthur. O homem era militar e estava no Iraque enquanto Pocah é cantora e estava fazendo uma turnê pelo mundo. Juliette lembra do dia que reencontrou os dois, Arthur estava namorando uma amiga dela, a Carla, ela até achou engraçado, porque sempre achou que Arthur era gay, no final do namoro dos dois, Arthur se descobriu gay e entrou no exército em seguida.

Carla era vizinha da Juliette, ficou do lado dela até quando Juliette parou na reabilitação, Carla era o anjo na vida de morena e ela agradecia sempre que podia. Carla é médica e acabou entrando no exército na residência, mas não foi para o mesmo canto que o Arthur, ambos estavam no Iraque, mas postos diferentes um dos outro. Juliette fica apreensiva pelos dois, tinha medo dos dois se machucarem seriamente ou acabarem mortos.

Pocah era quem tentava manter a mente da morena mais longe daquilo, as duas conversavam todos os dias e a Juliette avisou que era guarda costa da Sarah, o que causou boas gargalhadas na Pocah.

- Eu sei que você está me protegendo, mas não quer dizer que não possa se divertir um pouco – Sarah colocou uma garrafa de cerveja na frente dela, a morena encarou a garrafa antes de olhar para a outra mulher - Vamos lá, é uma comemoração por termos nos reencontrado.

- Um, estou trabalhando. Dois, eu não bebo nem trabalhando e nem na vida pessoal. Três, você está tomando remédio, também não pode beber, então deveria ficar quietinha no sofá – Juliette falou enquanto abaixava os dedos, Sarah suspirou antes de se sentar do lado da morena na mesa - O que você deseja, Senhorita Andrade? – Ela debochou e fez a empresária gargalhou.

- Eu quero um beijo, mas sei que você não vai me dar.

- O Rodolffo pode lhe dar – Juliette apontou para o homem, Sarah fez careta e olhou para a morena novamente - Você estava quase transando com ele, agora não quer um beijo dele? Eu não estou te entendendo, Sarah.

- Eu sou uma pessoa difícil de entender – Sarah tomou um gole de suco que estava tomando. Além das cervejas, eles compraram comidas chinesa, tinha várias caixas em cima da mesinha de centro da sala, o grupo de amigos está reunido ao redor da mesa e estavam mais animados com as bebidas.

- Eu sei, Sarah, eu cresci com você – Juliette olhou para o celular de novo, a loira acompanhou o olhar dela, vendo uma das mensagens da Pocah.

“Estou morrendo de saudades de tu, Jujuba, Toyah está querendo te ver”

- Está conversando com a Viviane? – Sarah morria de ciúmes da Juliette com a Viviane no tempo da escola, ela não escondia seus ciúmes. Pocah sentava do lado da morena, Sarah se sentava no colo dela, Pocah beijava a bochecha da Juliette, Sarah abraçava e dava dois beijos na mesma.

- Sim, estudamos na mesma faculdade – Juliette agiu como se fosse nada e Sarah se mexeu desconfortável, ela teve uma enorme vontade de beber.

- Hummm... Mantiveram a amizade?

- Na verdade, a gente namorou, chegamos até a noivar - Era mentira, estava mentindo apenas para saber se a loira iria se incomodar novamente e claro que a loira se incomodou - Nos separamos por falta de tempo, ela com suas turnês e eu com o trabalho na agência, mas sempre que podemos...

- Eu não quero saber – Sarah se levantou com raiva e caminhou para o andar de cima, a morena sorriu vitoriosa antes de subir atrás da outra mulher.

Sarah entrou no quarto dela e Juliette se encostou na parede, ela olhou pro celular novamente, fingindo que estava falando com a Pocah, mas encerrou a conversa há pouco tempo quando Pocah avisou que ia entrar no avião. As duas ficaram em silêncio por longos minutos, a única coisa que se escutava era os gritos alegres de Gilberto e às vezes de Thaís.

- Vai ficar na porta? – A voz de Sarah estava abafada pela porta do quarto.

- Sou sua guarda costa, tenho que te vigiar – Juliette respondeu, aumentou o seu tom de voz para a outra mulher escutar melhor - E como está a dor?

- E você se preocupa? – Sarah colocou a cabeça para fora do quarto, Juliette se desencostou da parede e olhou para a outra mulher - Viviane deve estar preocupada com o seu sumiço? – Juliette começou a rir da Sarah, que ficou de braços cruzados enquanto tentava saber o motivo da risada.

- Dez anos depois e você ainda sente ciúmes da Pocah – Juliette brincou e a loira fechou mais a cara - E eu perguntei para avisar ao meu chefe, ele quer saber de tudo que acontece e eu não quero perder meu emprego.

- Ah claro, claro – Sarah debochou um pouco - Diga a ele que estou com as tripas para fora e que você está apenas debochando de mim – Ela ironizou, voltando para dentro do quarto novamente, a morena gargalhou, bateu na porta do quarto apenas para irritar a outra mulher - Vai a merda.

Juliette começou a rir, ela sentia falta de implicar com a loira.

Ela parou de rir quando sentiu o celular vibrar de novo, dessa vez era Lucas, ela ficou séria na mesma hora e leu a mensagem do homem.

“Temos novidades. A vítima não era realmente loira, parece que ele pintou o cabelo dela antes de matá-la – Lucas (21:23)”

Juliette engoliu seco, um lado dela sabia que o assassino ficou obcecado por Sarah, mas a outra parte não queria acreditar naquilo. O medo subiu no seu corpo e ela olhou para a porta do quarto novamente.

“O legista falou que havia sinais de abuso sexual. Juliette, o que aconteceu? O que realmente aconteceu naquele dia? O que ela está escondendo? O que foi visto realmente por ela? – Lucas (21:24)”

- Sarah, abre a porta – Juliette bateu na porta com força. Não demorou para Sarah abrir a porta com uma expressão de confusa no seu rosto - Você está escondendo alguma coisa de mim. O que aconteceu naquele dia?