Flertes

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- Quase doze anos e o seu coração não mudou? – Juliette a questionou, elas tinham ficado em silêncio por alguns minutos, apenas se encarando.

- Não. E o seu? – Sarah não parecia envergonhada com as coisas que falava, ela nem poderia colocar a culpa na bebida, porque não tinha álcool, estava falando porque sentia vontade de falar para a morena.

- Só ficou machucado – A morena respondeu e olhou para a bebida - Eu não me relaciono com ninguém há muito tempo e meus sentimentos estão uma enorme bagunça – Ela contou para a empresária, que a escuta atentamente e com um pequeno sorriso em seu rosto, feliz pela Juliette não ter noivado com a Pocah, mas um pouco triste pela morena estar machucada.

- Então para te reconquistar, vou ter que cuidar do seu coração? – Sarah se ajeitou na cadeira para olhar melhor a agente, que gargalhou.

- Pode ser um começo – Juliette respondeu por fim e tomou um gole da sua bebida, Sarah riu também, dando um enorme sorriso vitorioso - Mas eu sou difícil, dona Sarah – Juliette brincou e causou mais risadas na empresária.

Elas focaram a atenção delas na pessoa que estava cantando no momento, mas ambas tinham sorrisos bobos em seus rostos. Depois de jantarem entre conversas banais e flertes por parte de Sarah, elas pagaram a conta e foram andar pela Bourbon Street, Sarah riu quando Juliette foi puxada para cantar com um grupo, a morena estava envergonhada, mas cantou com eles.

Elas tiraram fotos, pediram para um artista de rua fazer um quadro deles, o que manteve ambas paradas por um tempo. Com o quadro pronto, Juliette puxou Sarah para dentro de uma loja de discos, uma música calma ecoava, relaxando as emoções das duas mulheres que começaram a andar na loja.

- Faz muito tempo que não paro para escutar música – Sarah comentou e a morena a olhou com uma sobrancelha arqueada - Eu não tenho tempo para parar, a empresa mantém minha cabeça muito ocupada pra qualquer coisa.

- Nem vem, um pouco de música é bom. Vou fazer uma playlist para você e você vai prometer escutar uma vez por dia – Juliette apontou para a loira e a mesma assentiu enquanto ria, sabendo que a morena era capaz daquilo.

- Com você do meu lado... Quem sabe – Sarah sorriu para ela, que balançou a cabeça antes de voltar a olhar os discos que tinha na loja.

Era dez horas da noite quando voltaram para o hotel. Sarah deixou o quadro encostado perto da mala dela e entrou no banheiro para tomar banho, já a Juliette se certificou que estava tudo bem ao redor, fechou as janelas depois de ter certeza e se sentou na ponta de uma das camas, tirando o tênis.

Ela ia deitar enquanto esperava a Sarah sair do banheiro quando sentiu seu celular vibrar em cima da cama. Ela pegou o aparelho, percebendo que era uma mensagem de um dos irmãos da mesma e com certeza não era notícia boa, ela tinha uma péssima relação com os irmãos mais velhos.

“Dona Fátima está internada, teve outro AVC – Nino”

Juliette sentiu o coração apertar com a notícia. Ela se levantou da cama, ela caminhou até a porta do banheiro, batendo na mesma em seguida.

- Sarah, eu preciso voltar para Nova York – Juliette informou, mas não teve resposta, apenas escutou o chuveiro sendo desligado e depois a Sarah abriu a porta enrolada na toalha e confusa - Houve um problema familiar, preciso voltar – A morena explicou sem querer dar mais detalhes para a mulher.

- Certo, eu vou trocar de roupa e a gente vai para o aeroporto, compramos a passagem lá – Sarah voltou para dentro do banheiro, Juliette resolveu não discordar da empresária, tinha pressa em voltar para casa.

...

- Demorou...

Fazia duas horas que Juliette tinha chegado em Nova York, ela deixou Sarah na delegacia para Lucas e Arcrebiano ficarem de olho nela, deixou as malas no apartamento dela e correu para o hospital que a mãe está internada.

- Desculpa, eu não estava em Nova York – Ela se explicou para Nino, que riu forçado, ele tinha uma boa noção de onde a mais nova estava.

- Estava fazendo um passeio turístico com Sarah Andrade? – Juliette revirou os olhos, não queria começar uma briga com os irmãos. Quando o pai deles morreram, os mais velhos jogaram a culpa na morena, falando que era uma influência da Andrade já que a morena estava tentando voltar para a loira.

Juliette ficou na sala de espera até o médico liberar as visitas a Fátima, não perdeu tempo e subiu para o quarto da mãe, que ainda estava desacordada, com vários fios ligados ao seu corpo e se encontrava na UTI do hospital. Era uma cena que Juliette já tinha visto, quando a mãe teve o primeiro AVC.

Mas também tinha visto uma cena parecida quando Julienne teve o AVC, as coisas pareciam estar se repetindo para a morena, voltar para a UTI de um hospital porque alguém teve um AVC, estar junto de Sarah novamente, era um déjà vu para a morena, o que causava um grande medo na mesma.

- Senhorita Freire? – Um enfermeiro entrou no quarto, ele estava de cabeça baixa, a morena concordou com a cabeça sem desviar o olhar da mãe.

Juliette se assustou quando o enfermeiro a empurrou contra a parede de lá e topou a boca dela com a mão. Foi no momento que ela identificou quem era o “enfermeiro” era Rodolffo, deixando a morena mais nervosa.

- Vamos ter uma rápida conversa – Ele sussurrou, centímetros perto dela, a morena sentia a respiração do homem bater contra seu rosto - Se afasta da Sarah – Ele mandou e a morena tentou se soltar, mas parou quando sentiu algo contra sua barriga, ela abaixou o olhar e viu o cano da arma encostada na sua barriga - Não vou avisar novamente, fica longe ou ela sofrerá.

- Você está ficando maluco...

- Não, não estou e eu espero que não ouse contar aos outros, porque somos uma organização grande, me prenda e Sarah morrerá pelas mãos de outros, fica a sua escolha, Freire – Ele avisou antes de se afastar da morena, saindo correndo do quarto. Juliette sentia o coração acelerado, as mãos suavam e sua respiração estava desregulada, ela estava morrendo de medo.

Agente Freire - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora