CAPÍTULO 23

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Deixei a janela de meu quarto escancarada. O vento entrava pela brecha trazendo com ele a brisa fria e arrepiante da madrugada morta. A cada 30 segundos, o grito bestial de Ernesto vinha acompanhado do som do sopro do vento penetrando o meu quarto. Ele estava parado no meio da rua, bem à frente de minha casa. Se eu não estivesse em vantagem, ficaria com medo daquela figura ameaçadora lançando o seu olhar infernal para mim como uma maldição, trajando a sua fantasmagórica capa preta cheia de buracos que flutuava ao vento.

Um passo na direção de minha casa, e ela morre.

Eu o comunicava através de meu pensamento. Ernesto era uma máquina de matar ambulante, cheia de ódio e violência. Sua mente era tão perversa que nenhuma criatividade emanava de suas respostas para mim. Suas frases eram sempre "vou te matar" ou "vou arrancar a sua cabeça" que já ouvi umas 3 vezes.

Seja mais criativo, seu velho.

O relógio se aproximava das 4 da manhã quando Clarita começou a acordar. Olhei para o lado de fora, Ernesto ainda estava lá, me encarando como um animal e imaginando a minha morte de mil e uma formas diferentes. Não tirei o sorriso do rosto por um minuto sequer. Eu abria um pouco da janela e revelava a minha face para ele, sorrindo como uma criança que acabara de vencer a outra em uma corrida.

Aproveite. Eu vou te matar bem devagar, moleque. Vou fazer isso você devolvendo minha filha ou não.

Clarita acordou com um salto. Joseph a agarrou, mas ela o golpeou com um belo soco no nariz, e antes mesmo que pudesse levantar e correr na direção da porta, eu a agarrei.

— O que é isso, menininha? Batendo no seu pretendente?

— ME SOLTA!

— Eu vi como você olhava para o Joseph lá no beco. Pensou que poderia disfarçar por muito tempo?

Do meio da rua, Ernesto berrava alucinadamente.

— ME SOLTA SEU ESTUPRADOR NOJENTO!

— Estuprador? De onde você tirou isso?

— ME SOLTA! ME SOLTA! — Clarita se esperneava enquanto eu a segurava sem a menor dificuldade.

— As pessoas transam comigo de livre e espontânea vontade, sem resistirem, sem dizerem "não" ...

— Você as hipnotiza e as faz transar com você. Isso é estupro caso você não saiba!

Joseph vai até a janela.

— E quando fui na sua casa fazer aquele trabalho da escola, eu te hipnotizei?

— Eu era nova! Eu era... eu era como o bando de tarados dessa cidade, mas agora eu não sou mais! Eu mudei!

— Ah conta outra...

— LUTERO! O MADRUGADOR NÃO ESTÁ MAIS NA RUA...

Uma mão sai pela janela, agarra Joseph pela camisa e o puxa para baixo.

— JOSEPH! — Eu grito, jogando Clarita em minha cama.

Corro para a janela, e lá avisto Joseph no meio da rua com Ernesto com suas mãos em volta de seu pescoço. O dia está amanhecendo.

— Devolva minha filha até amanhã à noite, ou eu arremesso a cabeça dele pela sua janela. — Ernesto diz isso com uma voz leve, e em seguida corre levando Joseph com ele.

Me volto para Clarita, que novamente foi em direção a porta. Ligeiramente me coloco em seu caminho.

— Ele vai me matar independente de eu te devolver ou não.

O Vampiro Libertino - Sangue E Sêmen Livro 1 (+18 CONCLUÍDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora