O pai era aficionado por jogos, fossem de cartas, tabuleiro, videogames ou até um futebol de salão. Não negava um bom desafio e adorava competir.
O filho seguiu o mesmo caminho. Nos primeiros anos de vida começou a jogar xadrez. Depois já dominava os controles do Playstation, as cartas do baralho e os diversos tabuleiros da vida. O futebol até tentou, mas desistiu rápido pois era um verdadeiro "perna de pau".
Cresceu em um meio competitivo e apaixonado por jogos.
Muitas vezes não via a hora de chegar o final de semana para aprender um "truque" ou uma estratégia diferente com o pai e utilizá-la para se divertir com os amigos.
Se dedicava de verdade à jogatina. Para ele aquilo era sério e ai de quem levasse qualquer partida, fosse qual fosse o jogo, no "vai da valsa". Era briga na certa!
Na adolescência chegou a comprar livros sobre pôquer, xadrez, gamão e passava horas a fio assistindo tutoriais de Internet sobre os macetes dos novos games. Dedicava-se com afinco ao seu hobby . Seu maior intuito e recompensa era ganhar!
Verdade seja dita: não sabia perder! Ganhava muito, mas quando a sorte não lhe acenava ou era superado por algum adversário, esbravejava, praguejava e ficava dias trancado em seu quarto sem falar com ninguém. Definitivamente, seu pai não lhe ensinou a lidar com o "fracasso".
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Na juventude tentou diversas carreiras. Iniciou e não terminou faculdades, foi gerente de empresas, vendedor e até barman, mas nada deu certo. Contra tudo e contra todos se apoiou naquilo que fazia melhor: jogar! E assim decidiu como ganharia a vida.
Passou por dificuldades, foi humilhado, ridicularizado e até pensou em desistir, porém cresceu no ramo ano após ano.
Obteve sucesso e o mundo inteiro agora conhecia o brasileiro a quem apelidou de "Rei da Mesa". Tornou-se o jogador de pôquer mais famoso e rico do planeta. Seu nome: João Fernando Matão.
Morava na Barra da Tijuca, no Condomínio Mansões, no Rio de Janeiro, em uma belíssima casa ao lado de seu maior tesouro: sua mulher. Apesar de ser brasileira, só foi conhece-la em uma viagem à França e nunca mais quis larga-la.
Cortou um dobrado para namorarem e o triplo para se casarem. Essa dificuldade toda o impulsionou mais ainda a conquista-la. Estava muito feliz com a Sra. Kelly Werneck Matão, conhecida socialite das altas rodas burguesas cariocas, filha de um dos maiores chefões do Jogo do Bicho.
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Em um dia nublado qualquer recebeu uma estranha ligação:
– João Matão? – perguntou a voz do outro lado da linha.
– Sim. Ele mesmo. Quem é?
– Eu poderia lhe dizer vários nomes, mas me chame de Hermes.
– Eu o conheço? – indagou João.
– Talvez nos seus sonhos, no seu íntimo, nos seus questionamentos.
– Isso é algum tipo de trote? Quem está falando?
– Não é trote! Aqui é Hermes! João: eu vou direto ao ponto! Vamos fazer o jogo da sua vida. Antes que pergunte não se trata de torneio, campeonato ou qualquer coisa do gênero. Seremos eu e você apenas. Esteja amanhã, às 18h, na sala 4241 do IBMEC da Barra da Tijuca. O local estará reservado para nossa partida.
– Você está louco! Não é assim que as coisas funcionam!
– Eu sei bem como funcionam! Por isso 10 milhões serão transferidos para sua principal conta corrente após esta ligação. Apenas verifique!
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HISTÓRIAS ICÔNICAS DE UM UNIVERSO SURREAL VOLUME 1
General FictionEste livro é um conjunto de 10 contos surreais/fantásticos. Sinopse: Existem mundos dentro de mundos: universos paralelos e multiversos, que se entrelaçam. "Histórias Icônicas de um Universo Surreal", em seu primeiro volume, contem 10 contos fantás...