capítulo 1, parte 1

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13 de setembro, 2021


Michael ri de seu próprio reflexo no espelho retrovisor de seu carro, um Fiat 500 conversível de cor preta. Sentiu-se livre para fazer isso no momento em que as rodas do veículo já estavam longe o suficiente dos portões da mansão Boyd; entretanto, Mike decidiu dirigir por mais alguns quilômetros até se permitir o simples ato de rir. Abrir os lábios em felicidade. Achar engraçado o fato de que precisou passar por todas as regras da casa para poder realizar o seu sonho mais impetuoso até o momento: fazer uma viagem sozinho.

Ele definitivamente detesta fazer qualquer tipo de trajeto, ida ou volta, com sua família.

Good Life, da banda OneRepublic, é a música reproduzida pelo aparelho de som de seu automóvel, em uma correlação peculiarmente certeira com sua vida no momento. Lembra-se, mais uma vez, de como esperou que seu pai saísse para o trabalho e que todos os outros residentes do casarão mergulhassem em suas próprias ocupações, para, assim, sair de lá sem receber gritos. Lembra-se de como ele conseguiu fazer com que os portões de entrada se abrissem com menos dificuldade do que nos outros dias, simplesmente porque estava determinado a fazê-las se abrirem a todo custo.

Não que Michael viva preso na mansão Boyd. É só que o fato de ser o maldito filho do prefeito de Saint-Louis exige que ele saia menos para se divertir e mais para representar a família nos eventos mais entediantes que ele já viu em seus 24 anos de existência. Matthew, o prefeito — e, infelizmente, seu pai —, gosta de personalidades polidas, de exageros em formalidade e de formalidade nos exageros. Rebecca, a mais nova esposa de Matthew, é mais graciosa, porém não conhece os filhos de seu marido tanto quanto gostaria — ou tanto quanto eles gostariam.

A simples menção ao nome Rebecca o assusta ao ver que a música foi interrompida nas caixas acústicas para dar lugar a um toque de chamada recebida.

— Falando nela... — murmura, mais para si mesmo do que para a tela tocável no painel do conversível, e atende ao chamado logo em seguida. — Michael James falando.

Você continua ignorando o sobrenome do seu pai, não é? — A voz de sua madrasta soa mais como uma tentativa forçada de deixar o clima mais leve do que de piada.

— Em todas as situações possíveis, Rebecca. Aconteceu alguma coisa?

Seu pai já descobriu da sua escapada. — Mike bufa, enraivado, ao ouvir a informação. Merda. — Não fui eu quem contou, se é o que está pensando. Algum amigo de Matthew viu seu carro nos limites da cidade e o avisou.

— Foi o corno do Aidan, não foi?

Aidan não é corno, Mike.

— Não me chame de Mike.

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