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IZABEL

Ao falar aquilo foi como se um flashback passasse através dos meus olhos. Quero dizer, é tão estranho o quanto nossas vidas podem mudar em um curto espaço de tempo.

Jamais poderia imaginar que me tornaria essa Izabel, seja nas escolhas de roupas, na maneira de como agir e me comportar de acordo com a atmosfera na qual eu estava inserida, de como falar e de como gostar... Certamente eu não possuía mais nada da garota de olhar inocente de dezesseis anos que amava incondicionalmente o namorado e aos fins de semana trabalhava em uma lanchonete qualquer atendendo aqueles turistas pervertidos que possuíam idade para serem meus pais e mesmo assim despejavam atrocidades para a "caiçara" aqui. Eu não gostava daquela época e muito menos das lembranças que me remetiam.

De certo modo eu gostava das coisas exatamente como elas eram naquela fase da minha vida. Acho que parte de mim gostava de ver como os homens faziam exatamente o que eu queria enquanto eu apenas sorria e mexia em meus cabelos de uma maneira sedutora... E para fazê-los comer em minha mãos? Bom, nada que uma lingerie ousada e toques mais envolventes não conseguissem fazer para persuadi-los. Aquele comportamento era tão patológico e repetitivo que as vezes tornavam todo aquele jogo uma chatice sem tamanho.

-No que está pensando? -Leon questionou ao inclinar seu corpo para frente afim de me ouvir melhor por conta da música alta que nos cercava.

-No seu próximo passo. -Falei ao pegar o morango que estava em minha taça. -Você me cerca de uma maneira interessante... -Sorri ao morder um pequeno pedaço daquela fruta. -Mas sabemos como essa noite vai acabar, certo? -Balancei minha cabeça negativamente. -Não fazemos esse gênero de "amiguinhos" que confortam os outros sem segundas intenções. -Falei de forma franca. -Não estou no pique para fazer nada agora... -Suspirei. -Vou beber mais um pouco e talvez... -Inclinei meu corpo para frente cortando o pouco espaço que nos separava. Leon sorriu maneira maldosa compreendendo toda aquela situação enquanto seus olhos tinham os meus lábios como alvo. -Talvez você tenha sorte e eu acabe transando com você no final dessa noite. -Indaguei num tom  debochado ao sorrir brevemente.

O sorriso de Leon tornou-se ainda maior enquanto uma de suas mãos tocaram minha nuca de forma gentil em um primeiro momento, mas logo seus dedos pressionaram minha pele brusca fazendo com que em som escapasse de minha boca por conta da surpresa de seu gesto.

-Você quer mesmo esperar até o final da noite? -Sussurrou próximo da minha orelha. -Acho que minha sorte está ao meu favor nessa situação... -A voz rouca de Leon e seu toque firme faziam com que toda minha postura fosse desarmada. Naquele momento ele era dono da situação e sabia disso. Seu olhar e sorriso carregados de superioridade deixavam isso claro. -Gosto de como você não deixa que uma noite desagradável como essa caia na mesmice, Izabel. -Quando senti sua língua quente encostar em minha orelha e cruzar um caminho até meu pescoço fechei meus olhos e deixei com que minhas mãos caíssem ao lado do meu corpo em um claro sinal de desistência. Ouvi o riso cínico de Leon mas não me importei, apenas abri meus olhos novamente e encontrei aquele par de íris verdes me encarando como se eu fosse sua caça. -Acho que encontrei minha nova obsessão... -Ele murmurou próximo dos meus lábios. Seu olhar tornou-se mais intenso em poucos segundos e eu não conseguia enxergar o que se passava através daquele olhar e frase dita instantes atrás, no entanto, não senti receio ou vontade de escapar de seus toques. Pelo contrário, eu queria e iria permanecer ali e ele sabia disso.

Seu toque dessa vez não parecia tão "vazio". E pela primeira vez em muitos anos senti uma verdadeira vontade de retribuir. Leon parecia tentar ler cada pensamento que passava em minha mente, seu olhar atento acompanhava cada expressão ou gesto feita por mim.

-Você sabe exatamente o que está passando em minha mente nesse momento, certo? -Afirmei ao erguer uma de minhas mãos e tocar seu braço em uma carícia que talvez eu não conseguisse explicar a razão naquele momento. Eu apenas fiz.

Leon que até o momento ainda mantinha a mão agarrada ao meu pescoço, agarrou alguns fios de cabelo e os puxou para baixo.

-Leon... -Balbuciei fazer pressão com minhas unhas naquele mesmo braço.

-Vou mantê-la por perto de hoje em diante, Izabel. -Leon anunciou ao atacar meus lábios em um beijo carregado de urgência.

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