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IZABEL

-E o que vai querer?

-Acho que vou querer uma pizza pequena de pepperoni e um refrigerante. –Suspirei ao entregar o cardápio. –Amanhã eu queimo essas calorias na academia do condomínio. –Pisquei.

-Nem precisa, seu corpo está em completa ordem! –Falou ao anotar o pedido. –Vai comer aqui ou levar? –Olhei para cima e pensei na Alexia, ela estava enjoada e com certeza passaria mal só de sentir o cheiro daquela pizza.

-Vou comer aqui mesmo. –Falei e ele assentiu.

-Vou tentar adiantar seu pedido, mas não acostumada, hein? –Falou num tom bem humorado.

-Certo. –Assenti.

-E você, Sebastian?

-Já pedi pra Elize! –Ele apontou para Elize que observava tudo em segundo plano enquanto fingia estar concentrada no preparo de um suco. Espero que ela não cuspa em minha pizza por uma crise de ciúmes sem fundamentos.

-Beleza! –Marcel assentiu e logo sumiu na multidão.

-Vai comer aqui também? –Questionei afim de acabar com aquele clima tenso e constrangedor existente em cada vez que ficávamos sozinhos.

-Acho que sim. –Indagou visivelmente surpreso com minha pergunta, ele cruzou os braços sentou-se no banco vago ao meu lado. –Meus pais foram para a casa da praia e meu irmão... Bom, eu não faço idéia. –Deu os ombros. –E você? Está sozinha em casa também?

-Sim... –Suspirei. –Na verdade não, Alexia está em casa também, mas não está passando bem. –Expliquei e ele esboçou uma expressão carregada de preocupação.

-E ela não foi ao médico?

-Foi, foi sim. –Menti. –Ele receitou alguns remédios e repouso, acho que ela pegou alguma virose ou algo do tipo.

-Se precisarem de qualquer coisa é só chamar... –Ele levou uma de suas mãos até meu braço e eu olhei para aquela sua ação totalmente surpresa com seu gesto, não existia maldade alguma, juro que eu sentia um resquício de cuidado, de zelo. Coisa que eu não estava acostumada a sentir desde que havia terminado o meu último relacionado. –Independente da hora. –Continuou. –Você tem meu telefone? –Franziu o cenho.

-Hum... –Falei ao puxar minha mão lentamente. –Acho que a Leah tem, eu não estou no grupo e whatsapp do condomínio. –Sebastian era um cara decente, gentil, educado, possuía todas as qualidades que a maioria das mulheres procura em um parceiro, mas aquilo soava como um sinal de alerta pra mim... Eu não poderia nem mesmo sonhar em manter alguma relação íntima com ele além da atual: vizinhos de porta, eu não queria arrastá-lo para esse caos que minha vida havia se tornado, ele merecia uma mulher honrada, com uma vida normal.

-Bom, se precisar... –Ele começou a falar, mas meu olhar encontrou algo mais “interessante” se assim posso dizer.

No lado de fora da pizzaria com o olhar fixo em nossa direção estava um dos homens de Eros, talvez um de seus seguranças. Qual era mesmo seu nome? Cerbe... Ciber... Cérbero. Isso! Cérbero! Sua expressão e postura faziam jus ao seu apelido, mesmo mantendo certa distancia eu senti meu corpo estremecer. Céus! O que aquele homem queria ali? Blake havia passado meu endereço? Ah, eu o mataria!

–Izabel? –A voz de Sebastian ecoou em minha mente e só então voltei para a realidade.

-É... –Passei a mão em meu rosto. –Vamos sentar em uma das mesas lá do fundo? Está tão cheio aqui e... –Balancei minha cabeça negativamente. –Podemos ir?

-Está tudo bem? –Antes que ele pudesse virar para trás, eu segurei em sua mão e ergui meu corpo.

-Podemos?

Sebastian mirou seu olhar em minhas mãos que estavam agarradas em seu pulso, pude notar a confusão que criei em sua cabeça, a surpresa ao presenciar meu gesto, antes só trocávamos poucas frases e agora a garota de “fama duvidosa” estava o segurando como se fossemos velhos conhecidos.

-Desculpa... –Falei ao soltá-lo rapidamente. –É que eu não queria comer sozinha e você vive me chamando parar comer essa bendita pizza... Bem, eu aceito seu convite. –Forcei um sorriso. –E você? Aceita o meu?

-Cl-claro! –Falou ao sorrir de maneira sincera, um sorriso que há muito tempo não me era ofertado.

-Então vamos nos sentar lá no fundo... –Mesmo em “campo neutro” e com a presença de Sebastian ao meu lado, eu ainda sentia meu corpo tenso e pra piorar eu sabia que ele continuava ali pois sentia seu olhar pesar sobre mim. –Você gosta mesmo da pizza daqui, hein? –Tentei puxar assunto enquanto sentava de costas para a porta, conseqüentemente ele sentou-se bem em minha frente e nos próximos minutos aquela seria minha visão.

-Daqui há poucos anos irão me propor sociedade. –Zombou ao piscar. Era notória a razão pela qual todos o adoravam e o admiravam, seu olhar enchia-se de vida juntamente quando sorria de maneira totalmente descompromissada, sua expressão sempre demonstrava empatia e vida, como se ele sempre estivesse disposto a ajudar.

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