Dinastia

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IZABEL

Não sei ao certo quando aquela personalidade narcisista surgiu em mim, foi algo que apareceu com o tempo... Acho que foi algo que apareceu aos poucos, depois de tantas situações onde fui submetida ao zero. E consequentemente criei uma personalidade para aturar aquela realidade, onde ser forte e frígida eram minhas únicas armas para sobreviver.

Eu realmente ansiava por viver daquela maneira para sempre. Frequentando os melhores lugares e vestindo apenas as marcas mais caras sem me preocupar com o meu saldo bancário. Quero estar  em uma eterna "cobertura" onde eu olhavaria para todos de cima, onde não existiria ninguém em uma posição mais alta que a minha.

Ao decorrer da minha vida como acompanhante recebi propostas semelhantes de clientes. Mas as condições não eram nada atrativas e sempre optei pelo dinheiro e fugi das "correntes" que uma relação como aquela certamente traria.

-E quando você enjoar de mim? -Rebati após um longo período em silêncio. -Como eu fico? Quais as vantagens que eu teria com isso?

-Pense nisso como férias remuneradas, Izabel. -Leon respondeu de maneira natural ao direcionar sua atenção para mim. -Enquanto estivermos juntos farei e darei o que quiser... -Ele deu os ombros ao virar seu corpo e sentar-se na poltrona que ficava ao lado da vidraça. -Gosto da sua companhia e filosofia de vida. -Indagou ao fazer sinal para que eu pegasse o copo que estava do outro lado do quarto. -Não costumo ser imediatista, fui criado para pensar em cada passo e nas consequências dos meus atos. -Seu olhar tornou-se vago enquanto ele falava, parecendo refletir sobre cada palavra. -Plantar já pensando na colheita, consegue compreender? -Leon questionou e eu balancei minha cabeça negativamente ao encher o copo.

-Acho que não, pois nunca pensei dessa maneira... -Falei ao sorrir de maneira debochada. Sempre fui adepta da ideologia de viver intensamente cada momento sem pensar nas consequências que tal comportamento acarretaria.

-Eu sei. -Leon retrucou ao esboçar um meio sorriso carregado de segundas intenções. -Você é diferente das pessoas que lido e estou acostumado. É o oposto do que espero.

-E isso é bom? -Falei com curiosidade ao entregar o copo. Leon pegou em meu braço e puxou meu corpo em sua direção fazendo com que eu caísse sobre seu tronco desnudo.

-Essa situação deixa tudo mais interessante, não acha? -Falou num tom baixo ao manter contato visual comigo a todo momento. Leon possuía um olhar que deixava qualquer mulher sem estruturas. Minha sensatez desaparecia quando ele se portava daquela maneira e algo em mim sentia receio pela minha falta de controle para lidar com tudo aquilo... Leon era perigoso em todos os aspectos possíveis.

-E o que você quer em troca?

-Quero sua lealdade. -Respondeu sem rodeios ao envolver meu quadril com seu braço, de imediato soltei o ar ao sentir o calor de seu corpo fundir-se ao meu. -Em troca da sua lealdade te darei qualquer coisa. -Completou com seriedade.

Lealdade? Eu poderia prometer aquilo pra ele? Eu queria prometer? De repente aquela palavra tornou-se um empecilho gigantesco... Eu seria leal ao Leon acima de qualquer coisa? Não estava segura da resposta. Minha lealdade possuía poucos agregados e eu conseguiria listá-los em uma única  mão e posso garantir que ele não fazia parte do grupo.

-Conquiste-a. -Desafiei. -Garanto que se fizer isso e obter êxito... Serei a pessoa mais leal que conhecerá.