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IZABEL

Quando voltei para o salão Leon já não estava mais acompanhado dos homens que aguardavam-no quando chegamos ao local. Agora só se faziam presentes alguns outros indivíduos que deduzi trabalharem para ele.

-Gostou do lugar? -Leon questionou assim que sentei ao lado dele sem me importar em como estavam organizadas as mesas antes de meu ato pouco sofisticado.

-É lindo! -Sorri de forma sincera.

-Já fiz o pedido. -Falou e eu assenti. -Esse é um dos melhores vinhos daqui... -Leon serviu um pouco do líquido em minha taça. -Experimente. -Entregou o objeto em minhas mãos.

-Estou me tornando uma alcoólatra... -Suspirei ao beber o conteúdo em um único e longo gole.

-Vinho não deveria ser considerado algo alcoólico. -Leon falou ao servir outra dose de vinho em minha taça.

Antes que eu pudesse esvaziar minha taça novamente, notei que a expressão de Leon mudou drasticamente em poucos segundos ao olhar para algo acima dos meus ombros. Franzi o cenho e virei meu corpo rapidamente e entendi a razão por trás de seu descontamento.

Eros.

Mesmo que meu cérebro enviasse constantes sinais para que eu virasse novamente, meu corpo não obedecia. Continuei seguindo-o com o olhar de maneira atenta.

Eros não se mostrou surpreso com nossa presença ali, muito pelo contrário, um sorriso audacioso estampava seus lábios, assim como seu olhar e um andar cheio de confiança, como se tudo e todos estivessem abaixo dele.

O terno preto sempre alinhado assim como o cabelo loiro penteado para trás de maneira impecável. Eros incessantemente seria a "kryptonita" de qualquer mulher.

Leon obviamente não ficava para trás nesse quesito. Apesar de muitas vezes estar vestindo roupas mais informais, isso não o deixava menos atraente. Os fios mais escuros caiam com frequência em sua testa e faziam conjunto com seu olhar atento e "afiado".

Existia um grande abismo entre os dois.

Era algo inevitável.

-Boa tarde, Izabel! -Eros saudou ainda mantendo o sorriso cínico nos lábios. Apenas acenei brevemente com a cabeça ao virar meu corpo para frente.

-Que surpresa encontrá-los aqui! -A voz familiar de Kai fez com que eu olhasse para o lado. Ele estava acompanhado de outras duas mulheres.

Uma delas correu até Leon e o abraçou fortemente por trás.

-Adelfós! -Sussurrou empolgada e sorridente enquanto apertava o corpo do outro que continuou imóvel. Leon disse algo em grego para a garota que o encarava com total afeição.

-Dione... -Leon sinalizou para que ela se afastasse.

-Faz tempo que não te vejo, irmão. Quase não aparece em casa e... -Ela olhou para Eros. -Sentimos sua falta, Leon!

-Verdade? -Questionou irônico.

-Claro! -Respondeu de imediato. -E quem é essa? -Ela olhou para mim ainda sorrindo.

-Izabel. -Me apressei em respondê-la. -Sou uma amiga.

-É um prazer conhecê-la, Izabel. -Ela sorriu de maneira sincera. -Sou Dione. -Ela apontou para Leon. -Sou irmã do Leon. -Explicou e eu assenti surpresa com as informações recém captadas.

-Estávamos conversando e já fizemos nossos pedidos, então... -Leon olhou diretamente para Eros. -Acho melhor sentarem em outra mesa, queremos ficar a sós. -Indagou sem simpatia.

-Isso foi muito rude, Leon... -Kai fez uma careta que durou poucos segundos. -Dione estava com saudades de você... Não a deixe desapontada. -Dessa vez usou um tom mais duro. Mas tal atitude pareceu não intimidar em nada Leon.

-Deixe-o em paz, Kai. -Dione falou de forma gentil ao tocar no ombro do mesmo, no entanto, era notável sua decepção por trás de um sorriso acanhado. -Ele está acompanhado e... Vamos deixá-los.

-De certo Izabel não irá se incomodar com nossa presença aqui, estou certo? -Eros falou ao olhar de forma fixa para mim. -Dione não o vê a tanto tempo. -Ele pegou em sua mão e a beijou com carinho. -Leon negligência nossa família e para almoçarmos juntos é um verdadeiro... Bem, é evidentemente complexo para todas as partes envolvidas. -Ele desviou o olhar. -E então, Izabel? Podemos?

Céus! Estava entre a cruz e a espada.

Olhei de soslaio para Leon e pude sentir seu olhar sobre mim. Aliás, o olhar de todos tinham a mim como alvo naquele momento. Juro que eu conseguia sentir o peso daqueles olhares.

-Sentem-se! -Tossi brevemente afim de desfazer o desconforto daquele momento. -Quer sentar-se ao lado de Leon? -Fiz menção de levantar, mas Leon segurou firmemente em meu pulso e pressionou meu corpo para baixo.

-É o suficiente. -Murmurou com rispidez.

Posso falar com tranquilidade de que aquele era um dos momentos mais constrangedores e incômodos da minha vida.

Ter Leon sentado ao meu lado e Eros bem à frente, faziam com que eu ficasse desconcertada e inquieta.

Mexi em minha nuca em busca de controle.

-Está gostando do país, Izabel? -Kai usou seu habitual sorriso cortês.

-Muito! -Sorri brevemente ao pegar minha taça.

-Já visitou muitos lugares?

-Somente as lojas... -Ele e Eros sorriram.

-E por falar em lojas... -Eros moveu seu corpo para o lado em busca de algo em seus bolso e de imediato meu sorriso sumiu ao observar do que se tratava. -A vendedora daquela loja onde você esqueceu seu celular pediu para que eu o entregasse em mãos... -Piscou.

-Ah... -Olhei para Leon que já direcionava seu olhar para mim. -Obrigada... -Sussurrei ao pegar o aparelho.

-Vocês já se conhecem? -A outra mulher que até o momento estava em silêncio questionou de maneira incisiva.

-Já. -Eros respondeu.

-De onde? -Continuou.

-Isso é relevante para você? -Eros falou ríspido.

-Obviamente, Eros... -Leon falou ao beber um gole de seu vinho enquanto olhava para o outro através do vidro delicado da taça. -Aura é mãe de sua filha. -Apesar de estar com o objeto preso entre os lábios, era notável o sorriso perverso que Leon exibia enquanto falava. Parecia divertir-se com suas próprias palavras. -Quase sua esposa. -Completou ao olhar para Eros de maneira desafiadora. Como se esperasse uma réplica. Uma atitude.

Aquelas informações eram novas e chocantes.

Filha? Esposa?

Eu definitivamente não esperava ouvir tais coisas.

-Ela é não é minha esposa. -Ele olhou para Aura e depois para mim. -Ela é a mãe da minha filha. Somente isso.

-Você tem uma filha? -Questionei por impulso.

-Sim. -Aura adiantou-se em falar. -Maia tem quase seis meses. -Falou enquanto sorria. Mas posso afirmar que de sincero aquele sorriso não possuía nada.

-Eu não sabia. -Forcei um sorriso. -Mas desejo saúde e felicitações... -Suspirei profundamente. -Pode colocar mais um pouquinho? -Virei em direção de Leon que concordou parecendo estar contente com o caos instaurado por ele.

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