capítulo 2 -A Iniciação

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Mabel Austin

一 Hãm... Ér... Me desculpe 一limpei as mãos suadas no tecido jeans da calça que usava一 De verdade, eu... eu não queria. Foi sem querer, eu só... 一ele negou com a mão, fazendo com que me calasse.

Um homem que devia medir uns 1,80, extremamente forte, apareceu logo atrás dele de cara fechada. Dispunha de olhos intensos e nublados, de um azul cinzento como um céu cheio de nuvens em um dia que o sol não dá muito as caras. O cabelo loiro escuro, ou castanho, nunca fui confusa quanto a essas cores, estava muito bem penteado com gel para trás dando um ar ainda mais elegante a sua aparência. Ainda, uma barba rala, moldava seus lábios cheios e rosados.

Certo, ele era bem gato e a roupa que usava só o deixava mais gato ainda. Eu, e mais uma boa parte da população feminina, tínhamos um fraco por homens de terno/roupa social. Mas ele não usava um terno, o que era ótimo porque conseguia ter uma visão perfeita de um braço repleto de tatuagens, usava uma camisa social branca perfeita, sem gravata e com alguns botões abertos.

一 Que porra foi essa? 一ele me olhou nos meus olhos por alguns minutos e mais uma vez, naquele dia, eu travei一 Você deve ser a srta. Austin! 一Me cumprimentou.

Apenas fiz que sim com a cabeça. Sua voz era atrativa, sedutora e rouca. E meu sobrenome, vindo de lá, era lascivo para minha sanidade. Odiava ter ficado rendida daquela forma apenas por uma voz e por isso me endireitei voltando a minha postura séria novamente.

Ele abriu a boca um pouco surpreso depois de descer o olhar até o chão onde estava o pó de gesso espatifado

一 puta merda... você fez isso? 一perguntou, e embora tenha falado com uma cara de paisagem e com uma voz totalmente normal, achava que ele estava zangado.

一 É... Então, meio que sim 一tentei me explicar一 Me desculpe 一gesticulei exageradamente com as mãos一 é q-que eu acabei esbarrando...

Quanto tempo eu tinha ficado sem falar com um homem que me interessasse? Não, quer dizer... não que ele me interessasse, até porque estava fora de cogitação.

Se ele estava aqui significava que trabalharíamos juntos e me envolver com alguém do trabalho não iria rolar, ainda mais naquele momento em que tinha decidido seguir carreira solo na vida.

A regra mais básica da minha carreira profissional era: nunca me envolver com colegas.

Para além disso, acreditava que tudo isso de "amor" era balela. Uma idealização utópica, criada por seres carentes para acreditar que alguém vai te amar realmente por anos e mais anos até que a morte os separe. No fim das contas você sempre sai cada vez mais quebrada, com menos do que você era, porque alguém te usou até a última gota e agora que não te queria mais, te trocaria por outro.

É como um ciclo vicioso, sempre se repetindo. Pessoas se envolvem com outras pessoas por puro interesse, é um fato! Seja um interesse carinhoso, suprimento de carência e por aí vai. Mas também era um fato que eu queria focar no FBI e me destacar e pra isso não podia me distrair com outras coisas.

一 Pra que te servem os dois olhos na cara? 一ele praticamente cuspiu as palavras na minha cara, me acertando em cheio.

Ridículo! Além de tudo, possuía dentes tortos que neutralizava qualquer corpo sarado que possuísse. Era um arrogante e prepotente.

一 Descanse em paz, papai. 一Sussurrou irônico.

Era o pai dele? Ok.

Me sentia um pouco culpada em quebrar a estátua do pai dele que já morreu, mas não precisava ser um verdadeiro babaca comigo, né?

A Missão - Mabel AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora