capítulo 12 - Tudo pode piorar.

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Mabel Austin

Estávamos na van que iria nos levar até um galpão, onde supostamente foram recebidas notícias de tráfico e agora tinha chegado o momento de agirmos.

Flint estava do meu lado, Tom dava alguns comandos, os outros calouros estavam espalhados enquanto Denis me fitava seriamente.

Eu o encara de volta sem desviar, queria ver quem cederia primeiro e com certeza não seria eu.

Na verdade, eu queria arrancar sua cabeça. 

E o que mais me magoava era pensar que até pouco tempo eu faria de tudo para ajuda-lo e quando eu precisei que fizesse o mesmo por mim, ele agiu como um riquinho mimado e egoísta.

O que ele realmente era.

Eu já o tinha visto mentir e ser dissimulado, ele fazia isso muito bem e eu estava começando a odiar tudo aquilo. Ele sempre falava o que os outros queriam ouvir, eu já nem sabia o que era verdade ou não depois de ter saído da sua boca.

Seu olhar e o meu eram desafiadores e diziam: "desista, levanta a bandeira branca porque vai ser mais fácil". Eu respirava pesadamente pela raiva, sentindo o sangue circulando densamente pelas minhas veias e não ouvia mais nada, a não ser o som dos meus pensamentos ruidosos, que não paravam sequer um segundo.

Não conseguia entender o porquê dele sempre tentar afastar todo mundo. Não era só comigo, ele não deixava que ninguém se aproximasse muito.

Era frio, misterioso, rude, sarcástico, presunçoso e orgulhoso. Tentava parecer um babaca sempre. Talvez ele fosse mesmo um babaca. Porém, eu sabia que ele não era, algo em mim conseguia enxergar o mesmo cara divertido, engraçado e preocupado com crianças e mulheres indefesas.

Por que eu tinha que ter aquela porcaria de coração mole? Merda!

Algo me dizia que eu não deveria afirmar tantas coisas ruins ao seu respeito, que talvez eu estivesse errada, mas ele estava se esforçando muito para me provar que era exatamente o que parecia ser: um completo escroto.

一 Ei, gatinha 一Flint sussurrou ao meu ouvidos.

一 Pois não? 一atendi, sem desviar o olhar do de Denis.

一 Vocês tão se encarando 一apontou o óbvio.

一 Paranoia sua 一disse inclinando um pouco a cabeça, estreitando os olhos na tentativa de intimida-lo.

Denis copiou o mesmo movimento, me acompanhando.

一 O que aconteceu? Vocês estavam indo tão bem 一Fofoqueiro.

一 Por que teria que acontecer algo diferente? Ele é um babaca, sempre foi! 一sussurrei de volta.

一 É mais complicado do que você imagina 一ele suspirou profundamente.

一 Deveria ter me alertado isso antes, então.

一 Entendeu, Agente Roberts? 一Perguntou Tom de repente.

一 É claro! manter a formação, não deixar os novatos estragarem tudo... Você só fala isso, Agente Phill. Eu tô começando a pensar em tatuar na minha bunda 一ele respondeu sério, ainda me fuzilando com os olhos.

Todos riram da sua piada, inclusive o Tom, mas eu não.

Qual graça tinha aquele ufano?

一 Todos para seus lugares! 一ordenou Tom.

Ótimo, nem sabia o que eu tinha de fazer.

Improviso era meu sobrenome.

Os novatos começaram a descer restando só eu, Denis, Flint e Tom na van. Mesmo afrontando Denis, eu podia enxergar Tom e Flint dividindo olhares entre eu e o agente Roberts.

A Missão - Mabel AustinOnde histórias criam vida. Descubra agora