XIV

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Connor


Desde que Charlotte chegou, não tive um dia de paz. O sentimento que tentei esconder, a sete chaves, aflorou como se não houvessem passado cinco anos.

Quando ela nasceu, eu tinha uns seis anos, meus pais brincam dizendo que nossa amizade nasceu naquele quarto de hospital. Não queria me afastar dela, nossa ligação era muito forte.

Crescemos em meio a brigas, birras e um amor imenso... de irmãos. Ou era o que eu achava.

Meses antes da festa de aniversário dela, comecei a notar a mudança em seu corpo, em suas ações. Os olhares daqueles que eram meus amigos, dos inimigos e dos adolescentes que não valiam nada, começaram a me deixar enciumados.

Charlie era minha irmãzinha, não deixaria nenhum deles se aproximar e faze-lá sofrer. Eu havia prometido ao pai dela, cuidar e proteger como se estivesse protegendo Alexia.

Quando nos encontramos na praia, dois meses antes da festa, ela queria me beijar e eu quase deixei. Porque eu queria também. E ali, começou minha desgraça. Fui cruel e insensível para esconder o quanto estava mexido com aquele contato. Porém, quando ela surgiu na festa, perfeita e radiante, não aguentei a pressão.

— Connor? — ela chama baixinho.

Estamos do lado de fora da casa dela, a festa está acontecendo lá dentro. O parabéns foi cantado, o bolo cortado e as fotos, batidas.

Coloco as mãos nos bolsos da calça, antes de virar e encontrar o sorriso mais lindo que ela já me deu.

Sim? Indago apreensivo, porém, demonstrando confiança.

Ela se aproxima.

Podemos conversar um instante?

Solto uma respiração forte.

Claro. Respondo caminhando pela praia, ela me segue. Sobre o que quer conversar?

Charlie encara os pés descalços, os sapatos estão pendurados no ombro.

Tomei uma decisão importante... Ela olha para frente Estou pronta para o próximo passo.

O que está dizendo? Paro de andar, seguro seu braço para que me encare.

Ela fica corada.

Exatamente o que ouviu! Esta noite, terei minha primeira vez.

Chego mais perto.

Charlie... Algo incendiou meu peito e eu sabia que era questão de tempo para me queimar inteiro. Você vai se arrepender dessa decisão. Exclamo ciumento.

Bom, eu não era virgem desde os dezesseis anos, escolhi a garota que eu mais gostava, e foi legal até. Mais para ela que para mim.

Mas Charlotte não sabia o que estava dizendo, ela ainda era uma criança.

Já tomei uma decisão e ninguém vai mudar isso!

Quem... quem? — Gaguejei nervoso.

Ela se aproxima, a mão acariciando meu rosto levemente.

Você! — Inesperadamente, ela me beija e eu retribuo.

***

— Você está bem? — Jenni pergunta baixinho.

O filme está rodando na tela, o cinema está lotado como era esperado. Arrisco um olhar para a primeira fila, onde Charlotte e Owen estão sentados.

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