PRÓLOGO

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15 de dezembro

Estúdios Netflix – Albuquerque, Novo México. EUA

- Seja bem-vinda. – diz o jornalista da grande plataforma de stream e produtora de séries, sentando-se na cadeira almofadada.

Em mãos ele segurava alguns papéis, caneta, e seu celular, trajado com uma polo de requinte e calças jeans visivelmente caras. O cabelo liso e castanho, com leves fios grisalhos, estava perfeitamente alinhado para trás e a flagrância masculina forte exalava de si.

Ele estava estrategicamente posicionado atrás das câmeras, refletores de luz, microfones e pedestais no centro do estúdio de gravação, basicamente nos bastidores de uma entrevista.

- É aqui? – A mulher questiona quando entra no ambiente, apontando para a cadeira disposta de frente ao jornalista, propositalmente colocada no centro dos holofotes.

- Isso mesmo, sinta-se a vontade. – o homem responde sorrindo simpático.

A mulher se senta, a luz forte a deixa cega por alguns instantes, mas logo os olhos se acostumam. A cor azul de sua roupa transcende pelo local, tornando-o mais vivo e acolhedor. Nas sombras atrás do jornalista ela pode perceber alguns funcionários no manuseio dos aparelhos, ajustando todas as câmeras em sua direção e transitando de um lado ao outro para os toques essenciais.

Um jovem alto de pele sardenta e cabelos ruivos se aproxima dela e pede permissão com os olhos para passar um pó em suas bochechas. Ela acena positivamente, mesmo que tivesse acabado de deixar a mesa da sua maquiadora.

Ele faz os últimos retoques e se afasta.

Os burburinhos baixos são interrompidos ao sinal do homem que vestia um colete sarja com a palavra "Diretor" destacada em preto em suas costas.

Com os dedos da mão ele faz a contagem regressiva silenciosa. Quando sua mão se fecha por completo a luz vermelha da câmera é ligada, indicando que ela começara a trabalhar.

O ato a faz se recordar de outro semelhante e recorrente em sua vida.

A largada.

- Pode se apresentar, me dizer o que você faz? – o jornalista a questiona.

- Desculpe, qual o seu nome mesmo? – ela pergunta, desconcertada.

- Sou o Tom. – ele diz sorrindo.

- Tom. – ela repete e nota um ralhar de garganta ao fundo. – Me desculpe, estou um pouco nervosa. Tudo bem, vamos lá. – a mulher endireita a postura e olha para câmera com um sorriso simpático para falar: – Eu sou Eliza Benedetti. Represento a McLaren Racing na Fórmula 1 nesta temporada como pilota principal.

- Legal. – ele diz sorridente – Então, você tem Netflix?

- Tenho. – ela assente uma vez.

- Assistiu as primeiras temporadas de Drive to Survive?

Eliza sorri desconcertada, e morde o lábio inferior ganhando tempo para a sua resposta.

- É a tal série que vocês estão fazendo sobre a Fórmula 1? – ela rebate a pergunta e o homem ri fraco, assentindo. – Se eu falar que não vocês vão parar de me filmar?

A sala é tomada por uma torrente de risadas contidas.

- Não, - Tom diz ainda com um vislumbre alegre na face – claro que não. Estamos curiosos para saber sobre Eliza Benedetti e os desafios que ela enfrenta. Como mulher, como profissional e como pilota em um esporte dominante pelo gênero masculino.

Liza suspira pesadamente.

- Só queremos saber o seu ponto de vista. – ele complementa – Sobre o que você sentiu, suas batalhas internas, as reviravoltas, as emoções... Pudemos acompanhar de perto um pouco da última temporada e pudemos ver que não foi nada fácil. Principalmente com os últimos anúncios e os rumores que rodam a mídia. Mas, claro, você só fala o que se sentir confortável em comentar. Não vamos te pressionar. – os olhos do homem lhe transmitiam confiança, mas afinal, este era o trabalho dele. Fazer com que as pessoas se sentissem confortáveis e, com isso, arrancavam-lhes até os mais ocultos segredos. Se o alvo não se controlasse, poderia gerar inúmeras polêmicas, manchetes e até contratos cancelados.

- Vocês querem a história completa. – ela sopra, os olhos correndo vagarosamente pela sala até encontrar sua empresária em um canto, ao lado do diretor da produção. A loira assente uma vez em sinal de concordância.

- Sim. – o homem à sua frente assente. – Podemos começar por meados de julho desse ano?

Eliza ri anasalado e volta os olhos para sua face simpática.

- Espertinho.

- Do começo, então? Antes de ingressar de vez no mundo automobilístico. - jornalista sugere e ela sorri. - O que fez crescer dentro de você essa paixão por correr?

Ela sorri extasiada, nunca se cansaria de falar sobre seu amor pela profissão e como cresceu através dos anos.

- "Eu me lembro de quando eu era criança, por volta dos meus seis sete anos, toda vez que tinha um Grande Prêmio na cidade eu conseguia ouvir os ecos dos motores dos carros acelerando, mesmo há quilômetros de distância do autódromo... Era como um grito me chamando.".

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RACE IN HEELS 2 - GROWN [COMPLETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora