"Quando se está em um carro de 1000 cavalos de potência que atinge trezentos e vinte quilômetros por hora, os pilotos assumem um instinto automático de caça e tudo pode acontecer dentro daquelas duas horas. Nada mais importa."
5 MESES ANTES
29 de julho
Grande Prêmio da Hungria – Budapeste
O céu da capital do país localizado na Europa Central estava claro e aberto naquela tarde, com poucas nuvens cobrindo sua extensão e ventos agradáveis soprando as folhas do arvoredo verde e vivo que rodeava o autódromo Hungaroring.
No asfalto daquele Grande Prêmio vinte carros voavam em velocidades máximas e alucinantes, espetáculo este que havia aglomerado setenta mil espectadores presentes naquele dia.
Nas arquibancadas a cor laranja da bandeira holandesa era consistente, país este que estava a pouco mais de uma hora de avião dali, e o alvoroço causado pela cantoria e comemorações a cada curva ou volta completada ascendia a chama da paixão pelo esporte, um dos mais íntegros significados da realização da Fórmula 1.
Naquele momento não existiam diferenças políticas, religiosas, questões sociais ou mantos, uma bolha figurada cercava o autódromo, repelindo os problemas externos e focando todas as vibrações positivas e torcida para um fator predominante: correr.
"E faltando apenas três voltas para o final desta corrida já sentimos o gostinho da saudade pela pausa nas próximas duas semanas devido as férias de verão". – o comentarista narra.
"É, Gabor." – o segundo comentarista concorda – "Mas é um tempo necessário, foi uma temporada muito puxada desde o começo e bem interessante para estes pilotos. Foram doze corridas espetaculares, com pódios inusitados, ultrapassagens recorrentes e, o melhor de tudo, emoção em cada uma delas.".
"De fato elas foram." – o homem sorri – "Hoje, por exemplo, tivemos uma corrida com shows de direção, escapes perigosos e retomadas surpreendentes, com o pole position caindo para oitavo lugar, resistência do Hamilton depois de um pneu furado, uma só parada da Benedetti nos boxes, as ultrapassagens do Perez, constantes mudanças no grid... Mas nada tira a primeira posição dele, Max Verstappen honrando sua bandeira holandesa aos olhos de seu público fiel.".
"Ele não podia ter feito feio, toda a arquibancada é praticamente de torcida para ele."
"E essa vitória será mais que merecida. Bandeirada na faixa quadriculada, Verstappen em primeiro, Benedetti em segundo e Hamilton em terceiro."
Do palco do pódio Eliza mira aquele mar de gente em comemoração pela classificação da vez. A pilota aplaude o rapaz sorridente no degrau ao centro, realmente contente pela sua vitória.
Já havia sido o tempo em que entortava o nariz por uma conquista do, agora, amigo.
Poxa... amigo. Quem diria, Max Verstappen e Eliza Benedetti. Amigos.
Há quem ainda os vê trocando algumas farpas pelos corredores das garagens, até troca de xingamentos – ambos sempre muito geniosos e convictos em suas próprias opiniões a modo de pilotagem, mas tudo era feito na mais inofensiva das intenções. Todas as diferenças foram postas de lado e uma boa relação havia sido desenvolvida.
Liza sorri consigo mesma. Mais uma boa relação das várias e significativas que ela havia conquistado no grid.
As garrafas de champanhe são distribuídas e o líquido jorrado junto á música alegre. Os três se divertem e Eliza continua com o sorriso radiante depois da última chuva de espumantes, encerrando a primeira etapa da temporada daquele ano.
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RACE IN HEELS 2 - GROWN [COMPLETA]
RomanceDois anos depois de terminar sua memorável primeira temporada na Fórmula 1, Eliza Benedetti é agora uma pilota de altíssimo prestígio e muito aclamada pelo público, se tornando símbolo de igualdade, feminismo e luta. Ela entra para a sua terceira te...