Capítulo 22

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Parte I: As Bastardas.



— Ela é só uma criança, Hylla! — Rosnou Ariadne, a conselheira real, observando Octavia com um certo desprezo no olhar. Todas as amazonas a encaravam assim, talvez porque pensava que ela era um insulto e um desrespeito as antigas leis, onde homens eram permitidos na ilha. E Octavia tinha quatro irmãos homens e muitas amazonas estavam insatisfeita com a decisão de Hylla em permitir tal coisa. — Não pode torna-la em sua general!

Octavia com dezessete anos, encarou a sua irmã Amazona com o mesmo desprezo. Ariadne não gostava dela e o sentimento era recíproco. Ela tinha perdido as contas de quantas vezes se imaginou desmembrando a mulher de vinte e cinco anos e no imenso prazer que sentiria ao fazer isso. Banhar com o sangue dos inimigos era sua maior glória.

Então um sorriso presunçoso surgiu nos lábios da garota, que disse:

— Posso ser uma criança, mas pelo que me lembre chutei inúmeras vezes seu traseiro, velhota, nos campos de treinamento. Eu cresci aqui e fui treinada desde que era criança. Não me subestime.

A mão de Ariadne foi até o punho da espada, ameaçando sacá-la em direção a ela, pior sua petulância e arrogância. Octavia torcia para que ela lhe atacasse primeiro, assim teria uma boa desculpa para mata-la dentro das leis amazonas sem ser julgada ou condenada por isso, afinal ela estaria agindo em legitima defesa. E por isso, dentro das leis, ela mesmo poderia matar facilmente.

— Sua bastarda! — Gritou a mais velha. — Você sequer nasceu nessa ilha para ter esse direito! Você é um insulto a todas nós!

Octavia manteve a calma. Não era a primeira vez que era chamada de bastarda e não seria a última. Afinal todos semideuses eram bastardos no final. Mas, Octavia cresceu em Temiscira sendo chamada disso o tempo todo, não só por ela ser realmente uma, mas pelo fato que ela uma estrangeira, alguém que não nasceu na ilha, portanto, ela era uma desonra para todas Amazonas. Bastarda de ferro. Era assim que a chamavam depois que seus dons com o metal se manifestaram.

Sem mencionar que seu caso romântico com Jessie, a traidora que quase lhe tirou a vida e a vida de Hylla, e o fato de ser uma heráclida, não facilitava as coisas para si, afinal Hércules invadiu Temiscira uma vez, matou diversas amazonas, as capturou e as deu como escravas para certos traficantes de escravos, seus companheiros as estupraram e ainda roubou o cinturão de Hipólita. Isso pode ter acontecidos há milênios atrás, mas muitas amazonas ainda lembram do massacre e do genocídio. Ser uma estrangeira não era nada quando se era descendente de um cretino e amante de uma traidora. Após Jessie todos os olhos das amazonas cresciam sob as costas de Octavia. Elas suspeitavam dela, suspeitavam dela ser mais uma traidora e isso a deixava furiosa.

As Amazonas tinham surgido por uma filha de Ares e Temiscira sempre foi governada por filhas de Ares, gregas, mas Hylla era a única exceção já que era romana e ainda filha de Bellona, esposa de Marte. Em suas formas gregas eles seriam Ênio e Ares, companheiros inseparáveis e imbatíveis na guerra, compartilhando um desejo selvagem por sangue e carnificina.

— Hylla também não nasceu aqui e é sua rainha. Então porque outra estrangeira como eu não pode ser general? Eu dediquei todos esses anos de treinamento por isso!

— Estamos tentando lidar com uma revolta e um possível golpe militar de filhas de Ares, que querem matar nossa rainha e tirá-la do poder. A legião e o exercito podem não gostar de serem comandadas por uma da mesma laia.

Ascensão ──  𝐏𝐉𝐎/𝐇𝐃𝐎Onde histórias criam vida. Descubra agora