Capítulo Trinta

3.8K 332 33
                                    


ELENA ANDRADE

O gostar nos faz aceitar muitas situações que antes nem passavam pela minha cabeça. Uma delas é participar de um encontro de casais duplo. Mas cá estou eu, em um encontro de casais triplo.

Rafael e eu, Clara e Lúcia, Renan e Lívia.

Do outro lado da mesa, Renan me encarava, sua expressão me perguntava que porra estávamos fazendo ali, e eu o respondia: não sei.

Tinha acordado nesta manhã de sábado com uma mensagem de Clara me convidando para ir ao shopping, resolvi aceitar, afinal é sábado e seria bom espairecer um pouco.

Contudo, não passou pela minha cabeça que o passeio seria um encontro de casais. Quando cheguei no shopping me deparei com Rafael, Clara, Lúcia, e para a minha surpresa, Renan e Livia. Tive vontade de ir embora na mesma hora.

Não faz parte dos meus gostos encontro de casais, as duas experiências que tive foram horríveis, na primeira o outro casal era composto pela ex do menino que estava comigo e seu atual namorado, os dois ficaram trocando ofensas veladas durante todo o tempo que passamos no restaurante. E na segunda experiência, o menino achou que seria muito legal me largar no cinema para ficar com o outro no banheiro. Me deixando sozinha com a menina. Só depois me contaram que servia de companhia para os pais não desconfiarem do relacionamento.

Ou seja, nenhuma lembrança boa. Entretanto, ao ver a empolgação de Rafael não conseguia arrumar desculpas e ir embora. E agora estou sentada ouvindo Livia contar sobre alguma coisa que não presto atenção.

Renan e eu nos comunicamos por olhar. Igual a mim, ele não é o mais adepto a esse tipo de programação, porém seguimos aqui para alegrar nossas respectivas companhias.

Nós dois estamos afundados no tédio. O disco de onde pedimos comida acende, indicando que nosso pedido está pronto.

— Vamos? — Renan pergunta, me chamando para ir com ele buscar a comida.

Concordo com um movimento.

— Quer que eu vá com vocês? — questiona Rafael, segurando minha mão.

— Não precisa, vamos rapidinho. — aceitando minha resposta, Rafael volta a prestar atenção no assunto das meninas.

Renan e eu caminhamos lado a lado. Quando estamos longe o suficiente, ele diz:

— Que porra eu tinha na cabeça quando aceitei isso de encontro de casais?

— Tô me perguntando o mesmo. Eu nem sabia que a Lúcia tinha amizade com a Livia.

— Elas conversaram na festa.

— E você nem fala. — Dando de ombros, Renan pega uma bandeja e eu a outra.

— Nem sei porque a Livia aceitou vir, ela vivia dizendo que esse tipo de programa é brega.

— Nós três já falamos isso. E olha onde estamos agora.

— Acha que é um indício que ela vai aceitar meu pedido de namoro?

Meu amigo para ao meu lado e me encara. Deveríamos estar indo para a mesa, mas sinto que Renan precisa conversar. Deixamos as bandejas numa mesa qualquer e espero que continue.

— Eu não sei, não é a primeira vez que acha isso.

— Só cansei de ficar esperando ela decidir o que quer.

Os ombros de Renan caem. Apesar dele fingir que não fica triste com as recusas da Livia, eu vejo a forma como ele se fecha quando recebe um não ou dependendo do nível de álcool, chora e fica abalado, sentindo-se insuficiente.

A física entre nós [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora