Tenho saudades tuas. Saudades da facilidade com que sorríamos quando estávamos juntos. De como ganhávamos todos os jogos, íamos a todo o lado, sabíamos os maiores segredos um do outro... Criámos segredos partilhados. Dedos entrelaçados em histórias de todos os tempos verbais, grãos de areia em todas as minhas blusas, óculos de sol esquecidos, isqueiros perdidos e noites que se tornam dias. Noites a reler mensagens, rever fotos e relembrar frases cantadas sob a lua. Quantas vezes me abraçaste. Quantas vezes me viste chorar. Quantas vezes me fizeste sorrir. Quantas vezes estivemos lá um para o outro. Li a tua mensagem. Também tenho saudades mas nunca to irei dizer. Não agora. Não posso. Tu sabes que eu sinto falta desses olhos de bronze, das tuas mãos macias e os teus lábios rosados. Saudades de te assegurar de que a sweat combina com as calças, que o teu cabelo fica bem assim, que não há nenhum rapaz que se compare a ti. Porque não há. Agora cada olhar que trocamos, cada sorriso coloquial é uma faca. Lembra-me do que podia ter sido caso não tivéssemos estragado tudo. Tínhamos tanto medo de nos perder um ao outro que acabamos por fazer exatamente isso.
O mundo já nos juntou uma vez. E outra. Sei que o irá fazer de novo caso seja esse o nosso destino. Até lá, garanto-te que não há um dia em que eu não pense em ti, no teu sorriso falsamente tímido, nas tuas piadas inapropriadas e nos nossos roundez-vouz espontâneos. Até afastados somos perfeitos. Somos nós, indefinidos, um do outro.