Ontem eu e o meu namorado saímos mais uma vez para tomar café, como fazemos pelo menos 2 vezes por semana.
Eu não tive nenhum motivo para além do excesso de tempo para me dedicar mais enquanto me arranjava. Mas decidi fazê-lo. Encaracolei o cabelo e demorei mais dez minutos que o costume na maquilhagem. Troquei as minhas sapatilhas brancas por uns saltos altos. Usei o anel que ele me deu na mão esquerda.
Ele foi-me buscar à hora do costume e reparei na forma como os seus olhos brilharam quando me encontraram. Ele raramente me elogiava quanto às opções de guarda-roupa e nunca mostrou interesse pela forma como eu usava o cabelo ou a cor do meu batom. Mas, naquela noite, ele não precisou de dizer nada mesmo. Soube pelos seus olhos que ele gostou. Gostou do facto de eu me ter esforçado só para tomar mais um café, para estar com ele. Segurou a minha mão com orgulho antes de entrarmos. Lembro-me perfeitamente que na semana passada vesti um fato de treino largo demais para mim e ele deu-me a mão da mesma forma. Beijou-me delicadamente a bochecha quando finalmente desisti de tentar pagar a minha parte da conta e colocou o braço por cima dos meus ombros à saída, como fazia de todas as vezes.
Da próxima vez que sairmos, talvez me esforce outra vez. Ou talvez não. Sei que ele me ama da mesma forma e não quer saber se uso o cabelo amarrado ou solto, um vestido curto ou umas calças desportivas. Sei que, mesmo quando não estou a usar maquilhagem, ele acha os meus olhos os mais bonitos. E é através deles que eu o vejo, por isso concordo. Vejo a forma como ele me beija calmamente mesmo que os nossos corpos já estejam suados do cansaço, a suavidade com que os nossos olhos se encontram em momentos mais íntimos. E apaixono-me mais por ele a cada dia. Porque encontro nele tudo o que preciso e sei que ele pode sentir o mesmo em relação a mim.
