Penso na forma como tudo foi em tempos. Como já fomos. A facilidade com que trocamos beijos descomprometidos e entrelaçamos as mãos ansiosas por mais proximidade. Já não é assim. Perdemos tudo o que tínhamos. Não sei dizer quando nem sei dizer porquê. Estamos presos num ciclo vicioso e incessante em que acabamos sempre estagnados. Com dúvidas. Com arrependimentos.
E se... E se te tivesse dito que não? E se tivéssemos esperado? E se já mudaste de ideias? E se não valer a pena? Talvez não valha. Não deve ser suposto ser assim tão complicado. Por muito que goste de ti sei que me faz mal. Faz-me mal achar que não sou suficiente e continuar a lutar por algo há muito perdido. Talvez devêssemos ter parado logo. Voltamos sempre ao mesmo. Odeio cada vício teu, lembro-me que já estivemos aqui antes. Aborreceste-te com coisas que não consigo compreender por muito que eu tente. E tu nem tentas.
Não sabes os motivos por detrás das minhas lágrimas, embora muitas das vezes sejas tu. Não sabes quantas vezes fico acordada a pensar se vale a pena. Se desta vez vai ser diferente. É cansativo. Estou exausta e não encontro uma forma de te fazer ver que não consigo lutar sozinha. Não estamos a remar para o mesmo lado. Já nem parecemos estar no mesmo barco. E não queres saber. O teu ego ergue-se como uma barreira entre nós, a tua teimosia parece um oceano de distância. Luto com todas as minhas forças. Tento ser melhor por nós e não vejo esse esforço desse lado. Talvez nem devesse haver esforço. Talvez seja demasiado difícil.
Questiono-me se alguma vez resultaríamos. E chego sempre à conclusão que sim. Era possível. Mas para isso eu não podia estar a lutar sozinha, não podia ser a única a querer saber. Infelizmente as coisas não são assim. E eu finalmente percebi isso. Talvez seja este o momento em que tomamos uma decisão que muda as nossas vidas. Talvez seja o momento em que começamos a caminhar para a felicidade. Ou então aquele em que desistimos dela antes do tempo. De qualquer forma, acredito que é o passo certo. Há conclusões às quais chegamos sozinhos. É assim que me sinto agora.