|| Noite de Desculpas ||

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Renato On

A noite do churrasco foi uma das coisas mais loucas que já vivenciei, embora Rezende estivesse um pouco estranho todas as vezes que eu me aproximava. Ele ficou sapateando a noite inteira de modo que ficasse distante de mim o tempo inteiro. Talvez seja coisa da minha cabeça. Dei de ombros.

Mais tarde, desci para a Lounge. Léo estava na piscina com o Renan.

— Eu também vou entrar, Léo! — eu gritei. Tirei minha camiseta, ficando apenas de shorts. Corri incansavelmente em direção a piscina e pulei, do outro lado da piscina, grandes respingos de água foram para cima do Renan. Ele soltou a câmera no chão, esfregando os olhos.

— SEU FILHO DA MÃE! — Renan vociferou, ainda empenhado em retirar a agonia de seus olhos. Depois, ele piscou várias vezes. Lá dentro da piscina, Léo deu uma risada discreta.

Passei a mão em meu rosto para retirar o excesso de água.

— Eae, Léo, tá melhor? — eu perguntei

— Renato, não se preocupe com isso. Eu tô bem, é sério — ele respondeu. Mesmo que quisesse me garantir o contrário, pude perceber a melancolia em sua feição.

— Me desculpa, Léo. Juro que nunca mais sou sair sem te chamar — forcei meu corpo para a frente, lutando contra a força da água. Fiquei de frente para ele.

Léo abriu um sorriso resplandecente, onde toda a tristeza não existia mais.

— Tudo bem, eu te desculpo.

— Você quer ir no OutBack hoje?

— O que? É claro que eu quero — ele irradiou, e depois, preparou-se para sair da piscina. — Alguém mais vai com a gente?

— Não, ninguém vai, só a gente.

Um bater intenso começou em meu peito, logo uma grande sensação ardente percorreu por todo o meu corpo — mas não era algo que me incomodasse —. Isso foi algo bom, algo que me trouxe certeza de um fato, mas ainda era desconhecido.

Ao sairmos da piscina, ambos nos secamos e fomos aos quartos, para que que fossemos tomar banho.

Léo on

Terminei meu banho e me vesti o melhor possível, talvez eu tenha exagerado um pouco nas roupas — ou não —, mesmo que eu tivesse uma dificuldade imensa em achar algo que fosse se encaixar nessa ocasião. Qual ocasião? Sair as sós com o Renato?  Rodopiei em frente ao espelho por uns segundos, e depois, desisti de procurar algum defeito em mim.

Sai do meu quarto fitando a tela do meu celular. De soslaio, vi Renato saindo junto a mim, não pude disfarçar minha tamanha admiração por ele. Sem dúvidas, ele estava bonito. Senti meu rosto corar.

— Tá pronto, Léo?

— S-sim, vamos — gaguejei, embora eu tenha me esforçado para fazer o contrário.

No caminho do Outback, enquanto nós conversávamos no carro, por um instante eu não parei de admirá-lo. Prestei atenção apenas em seus detalhes mais evidentes; seu sorriso ainda mais belo do que nos dias anteriores, e também em seus olhos perfeitos, os quais eu me perdia todas as vezes.

— Tá tudo bem, Léo? —  Renato perguntou, o seu sorriso deslumbrante.

— Ah. — arfei. — Eu tô bem — eu respondi, a voz trêmula. Ainda impressionado.

Me esforcei ao máximo evitar o contato visual, mesmo estando conversando a viagem inteira.

Enfim, chegamos. Sentamos em um canto onde a luz quase se fazia ausente, o ar condicionado assoprando acima de nós. Tive sorte em ter vestido um moletom. Lá por detrás das várias pessoas, o garçom nos avistou e veio nos levar o cardápio, quase saltitando.

— Tá bonitão, Léo — Renato fez uma careta. Envergonhado, apertei as extremidades do cardápio, meu rosto novamente corou.

— Você também tá muito bonito, Reh — eu o elogiei de volta. Notei que foi uma péssima escolha, meu rosto corou ainda mais ao ponto que tive de me esconder.

Quando paramos, eu examinei o cardápio. Renato me imitou.

— Vai querer comida cara hoje? Tipo, acima de duzentos reais?

— Pode ser — eu soltei uma risada discreta.

— Não se preocupa, eu vou pagar.

Eu franzi minha testa e voltei a fitá-lo. Como gesto de indignação, soltei o cardápio sobre a mesa.

— Que é isso Reh, pode deixar que eu pago o que eu for comer — eu adverti.

— Nada disso, como pedido de desculpas, eu vou pagar a conta.

— Ah. — gemi. — Só vou deixar porque é um pedido de desculpas.

Pedimos a comida, e depois de meia hora ela chegou

Quando terminamos de comer, Renato pediu a conta. Eu pedi poucas coisas para que não o deixasse surpreso quando visse a conta.

Renato arregalou os olhos

— Nossa Léo, deu só 250 reais, não precisava ter dó de mim — suas sobrancelhas se ergueram, o sorriso lânguido.

— Você deveria saber que eu teria dó. Eu estou cheio, acho que só aquele lanche serviu — franzi meus lábios.

Ele sorriu, sem me responder. Logo ele pagou a conta e fomos para casa. Ao chegar em casa, reconheci meu sucesso em não olhá-lo nos olhos, por essa causa eu me senti calmo. Quando eu desci do carro ele chamou minha atenção.

— Gostou do jantar? — Renato perguntou enquanto fechava a porta do carro.

— Claro, foi ótimo, o único defeito foi você ter pago tudo sozinho.

— Mas você entende o porque, não é?

— Entendo — eu disse, minha boca abriu-se num bocejo.

— Boa noite, Léo.

— Boa noite, Reh — ele agarrou minha cintura e me puxou para um abraço lateral. Eu estava sonolento demais para que lembrasse que era o Renato me abraçando, então dei de ombros. Senti sua mão deslizar em minhas costas, o frio em minha espinha subiu.

Nós nos separarmos ao irmos um para o quarto do outro. E naquele momento eu me senti vazio, um vazio que teria de ser preenchido imediatamente, onde só o Renato poderia preenchê-lo.

MY LIFE | LeonatoOnde histórias criam vida. Descubra agora