|| Revelação ||

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Meu pai e eu estávamos sentados abaixo de um quiosque de madeira. Fiquei um longo tempo mexendo em meu celular, meu pai estava como eu. Depois de algum tempo, ele largou o aparelho sobre a mesa de centro feita a madeira e olhou para o lago em nossa frente, cintilante por conta da luz do sol — a imagem perfeita.

— Então, pai, quer conversar sobre alguma coisa? — coloquei meu celular entre as pernas e me virei para ele.

— Tive uma ideia! Vamos falar sobre o nosso dia! — Alex exclamou, quase saltando da espreguiçadeira.

— Nossa, pai, logo isso? — massageei a minha testa.

— Fale tudo o que aconteceu, sem inventar história.

— Virou uma brincadeira então?

— Hm, praticamente, por que você não começa? — ele sugeriu enquanto virava todo o seu corpo para mim, sentando-se.

Respirei fundo, pensei em estar pronto pra dizer o ocorrido, talvez eu possa falar sobre o sonho do Renato comigo. Pareci mais ansioso do que preocupado com sua reação.

— Então vamos lá. Ontem o Renato sonhou que estava me beijando. — nesse momento eu estremeci, as pernas bambas. Apertei meus joelhos com as duas mãos.

— Nossa Léo, pelo o que eu saiba, isso significa que ele está apaixonado.

— Por mim?

— Não foi bem o que eu quis dizer, mas acho que sim.

— Pai... — eu murmurei, respirando fundo. Eu me manti em silêncio.

— Pode falar.

— A-acho que eu estou gostando dele também, não sei se é bem isso mas, eu me sinto diferente todas as vezes que eu olho para ele — eu balbuciei, ainda apertando meus joelhos, dessa vez mais forte.

— Fala pra ele! — Alex

— O que? Mas do nada assim? — meus olhos arregalaram-se

— Claro, Léo! Ele pode estar gostando de você também! Deve estar lembrando do sonho que ele teve, não é? — ele fez uma careta.

— Mas pai, você me aceita do jeito que eu sou? Tipo... eu praticamente me assumi pra você. Você disse tanta coisa e não disse sobre isso até agora.

— Sim, meu filho, eu te aceito de todos os jeitos, não se preocupe com isso, o importante é amar, eu garanto que sua mãe e seus irmãos irão te aceitar.

Eu apertei meus lábios, os olhos inundados em lágrimas. O puxei com força para um abraço.

— Obrigado, pai — murmurei em seu ouvido, a voz chorosa.

— Tá tudo bem, filho.

Depois, fui até o quarto e começei a pensar se o Renato realmente gosta de mim, até que, depois de alguns minutos, o sono me consumiu.

Após algumas horas, levantei-me e fui fazer minhas necessidades. Quando eu terminei fui até a cozinha e meu pai e minha mãe já estavam tomando café.

— Bom dia.

— Bom dia, filho! — Alex e minha mãe falaram animadamente.

Me sentei, impetuosamente devorando tudo sobre a mesa, o pão e a mortadela que minha mão sempre se certificava que iria ter. Meus pais riram com a cena.

— Então, a gente vai a outro passeio hoje? — eu perguntei, a boca ainda cheia.

— Não com você, meu filho — disse minha mãe.

— Nossa, mãe — fiz biquinho.

— A gente já passeou ontem. Seu pai me chamou para ir, ele disse que tem um assunto para falar comigo — ela concluiu.

Eu já sabia de que assunto se tratava, e isso me deixou confortável.

— Verdade né! Tenho um vídeo pra gravar hoje, tenho que mostrar esse lugar.

Logo dei minha ultima mordida no pão e peguei minha câmera pra gravar.

Ao final da tarde, estávamos indo embora. Enquanto percorriamos a estrada, eu mirava o pôr do sol e pensava no meu futuro com o Renato, posso estar pensando besteira? Sim — ou concerteza — porque eu nem sei o que passa na cabeça do Renato e se ele realmente sente a mesma coisa que eu. O que importa mesmo é que meu pai me aceitou e me ama do jeito que eu sou, e quanto a minha mãe, talvez.

MY LIFE | LeonatoOnde histórias criam vida. Descubra agora