|| O Começo ||

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Cheguei em casa já ao anoitecer depois de um passeio com meu país. E novamente examinei o perímetro, talvez não tivesse ninguém em casa. Estava tudo muito quieto e escuro para que houvesse alguém. Senti um arrepio. Fui até meu quarto acendendo o máximo de lâmpadas que eu pudesse, e enquanto seguia, percebi a luz saindo da brecha da porta de Renato. No momento em que eu vi, já pensei que era a hora de falar com ele, porém, tive que arrumar minhas roupas que eu carregava em minha mala, e também, tomar um bom banho. Depois, quando eu me certificar de minha coragem, eu me abriria para ele — de uma vez por todas. Entretanto, um calor

Renato On

Enquanto eu estava deitado a espera do Léo, olhando minhas redes sociais, eu senti medo, medo de como seria sua reação ao finalmente eu decidir externar minha emoções sobre ele. Os sentimentos quase transbordando, como uma caixa lotada de objetos, seu peso me puxando para baixo.

Hoje mais cedo tive uma conversa com minha mãe, dizendo que, supostamente, eu estava apaixonado pelo Léo. Minha mãe foi um tanto ríspida até entender que eu me sentia atraído por homens, mas depois, ela disse que só precisa de um tempo para processar, e não tive problema nenhum em relação a isso — até porque haviam maiores preocupações em minha cabeça.

Logo vi as luzes se acendendo, a aura branca evadindo a pequena brecha de minha porta; não imaginei naquele momento que fosse o Léo. Quando os passos graciosos se aproximaram do meu quarto, derrepente  escutei a porta do quarto ao lado rangindo, e sim, era o Léo. Fui correndo em direção a minha porta mas parei bem em frente à ela, paralisado, ao mesmo tempo pensei em coisas ruins. Isso parecia estar me matando, corroendo meu coração aos poucos. Então eu voltei a me deitar na cama, decidindo que ainda essa noite fosse o momento, só era necessário mais tempo para pensar.

Léo On

Enquanto a água fresca escorria pelo meu corpo, um peso em mim surgiu, um peso que jamais iria desaparecer. Para ser mais realista, eu já havia pensado demais, essa seria a hora, e iria de uma vez por todas.

Terminei meu banho e vesti meu pijama, e depois, pisoteei até o quarto no fundo do corredor. Brevemente me tremi, sem conseguir me controlar imediatamente tive que recuar um pouco — me encostei na parede e respirei fundo.

Ao chegar, dei leves batidas na porta, abrindo-se lentamente ao meu toque. Olhei para dentro do quarto, com apenas uma parte de minha cabeça revelando-se. Renato me encarou.

— Oi, Reh, posso falar com você? — me esguerei para dentro, os olhos focados nele.

Renato ergueu as sobrancelhas e me respondeu. — P-pode Léo — ele balbuciou, largou o celular sobre a cama.

Eu me aproximei olhando para o chão. Me encolhi. Tive certeza que se tentasse olhar em seus olhos meu rosto se transformaria em um pimentão.

Sentei-me na cama e refleti por um tempo.

— Então... Vai ser estranho, mas...

Valentemente, olhei em seus olhos, seu semblante mais sereno que nos últimos dias. Apenas o admirei em silêncio.

— O que você quer dizer, Léo? — Renato se pronunciou, perfurando meus olhos.

— Ah. Deixa pra lá.

Me levantei da cama num átimo, e então, Renato puxou meu braço esquerdo, arrastando-me para trás.

— Espera, Léo, quero te falar uma coisa também — ele soltou minha mão, pedindo que me sentasse denovo.

Eu me sentei novamente, o rosto corado.

— Léo, não sei quando isso começou ou quando realmente comecei a me sentir assim.  — ele brincou com os próprios dedos, a timidez havia o dominado. —  Mas eu acho que... eu estou gostando de você, não do modo que você pensa, como amigos. Eu estou apaixonado, por você — ele concluiu com ênfase e ergueu os olhos, e depois segurou minha mão.

Renato On

Quando eu realmente pensei que não fosse me sentir melhor, uma sensação um pouco mais extraordinária me pegou de surpresa: o ar em meu peito entrava e saia suavemente, meu coração batia como o habitual, e  a apreensão, que uma vez acumulada em minha mente, desaparecem num instante. Entretanto, a incerteza ainda me consumia. O alívio inexistente veio como um cometa, e o peso que havia se instalado em mim se cedeu.

Notei os olhos marejados do Léo, a primeira lágrima escapou.

— Reh, eu também estou apaixonado por você — Léo disse com a voz chorosa, limpou a lágrima de seu rosto.

Suas lágrimas eram de emoção, ele tinha os mesmos objetivos que eu. Com isso, me aproximei de seu rosto, e ele me imitou. O beijo tão perfeito como eram em meus sonhos, perfeito demais para que fosse real; seus lábios eram suaves, macios como seda, um dos detalhes que mais se destacavam quando eu sonhava com ele — era tão real quanto. Para minha felicidade, ficamos ali por uns minutos.

Lentamente, nos afastamos. Mesmo envergonhados, sorrimos um pro outro.

— Parece que me sai melhor que você, quase saiu correndo — eu disse com um sorriso, agarrei suas mãos.

Ele apenas sorriu, ainda secando a lágrima de seus olhos. E então me puxou para outro beijo, mais caloroso do que a última vez. Depois de uns segundos , os quais pareceram horas, ele me agarrou e me empurrou, caímos deitamos na cama. Abraçou-me.

— Eu te amo, Renato — ele sussurou perto do meu ouvido, e deitou sobre meu peito. Pude sentir o aroma suave de lavanda zarpando de seu pescoço.

Eu sorri outra vez, e isso já bastou.

MY LIFE | LeonatoOnde histórias criam vida. Descubra agora