Coronado On
Léo arremessou a câmera robusta sobre a mesa do computador e depois puxou a gaveta embaixo. Ele retirou uma caderneta simples de dentro e também uma caneta Bic de cor azul. E então sentou-se na cama junto comigo, os olhos presos na caderneta.
Estiquei minhas pernas ao chegar o limite de deixá-las dobradas. Me espreguicei esticando todo o meu corpo, contorcendo a maior parte. Fui com a minha cabeça para cima dele com o objetivo de ler o que estava escrito na página, até que consegui. Estava escrito Renato no topo da folha. Será uma carta?
— Você já se abriu para ele, Léo? Já disse tudo o que sente? — eu me pronunciei. Léo olhou-me com os olhos arregalados.
Ele passou uns segundos em silêncio.
— Ah. — ele suspirou. — Eu já disse tudo. Só que eu vou escrever algumas coisas pra ele, coisas que não tenho coragem de falar pessoalmente.
— Argh. — eu grunhi. — Me dá isso aqui — afoitamente, agarrei a caderneta presa a sua mão e a lancei sobre os travesseiros atrás de mim. A caneta pulou sobre o chão.
— Você confia nele?
— Eu tenho confiança no Reh desde que nos conhecemos; desde quando começou a nossa amizade.
— Então, acho que está tudo bem.
Quando encerramos, Léo levantou-se e foi até a porta.
— Tem alguma coisa estranha — murmurei.
— O que? — Léo virou-se rapidamente para mim. Ele estremeceu. Ainda que eu não tivesse o objetivo que ele escutasse.
— Tá esperando alguém? Você parece ansioso — eu perguntei, a sobrancelha erguida.
— M-mas porquê?
— Você fica indo e olhando para a porta o tempo inteiro — acusei, mas de modo suave para que ele entendesse meu real objetivo.
— Não é nada, é que... Tá bom... Eu chamei o Renato para conversar mas, ele tá demorando muito — Léo choramingou.
— Sobre o que? — Não se preocupe, só está eu e você.
— Eu pensei em lugares pra gente viajar na nossa futura... — Léo calou-se.
— Se não quiser falar sobre isso tá tudo bem.
— N-não é que... — ele balbuciou. — Ele tá muito ansioso pro casamento, eu tô achando muito cedo pra isso.
— Você vê um problema nisso?
— Você vê algum? — ele me perguntou, a voz suave.
— Não vejo problema, mas... Porque não se casam logo?! Tipo, vocês são tão felizes juntos, pelo menos é o que eu vejo.
— A gente vai dar um tempo pro casamento, nós acabamos de começar a...
— Mas não precisa de tempo, vocês se veem felizes juntos. Você mesmo disse que confia nele — eu o interrompi.
— Posso te contar uma coisa?
— A vontade, Léo, sou todo ouvidos — deixei que minha expressão fosse ficando suave aos poucos, o mesmo que eu dissese que estava tudo bem.
— Minha mãe, quando eu era mais novo, descobriu que eu tenho um problema. Se eu tiver uma relação sexual com homens eu posso até engravidar.
— Nossa, Léo. Mas, e o preservativo?
— Minha mãe comprou um remédio assim que comecei a namorar com o Renato, para evitar. Mas ainda assim ela acha que é perigoso. E isso me deixa com medo.
— Onde essa criança se desenvolveria aí dentro?
— Qualquer lugar, essa é a pior parte. Se ela se desenvolver num lugar que seja muito perigoso eu posso até morrer. As chances de eu sobreviver a isso são pouquíssimas, meu corpo não suporta... — ele suspirou, a feição amedrontada.
— Vamos mudar de assunto, isso tá ficando bizarro — dei risada, dessa vez um pouco mais alta.
— Você e o Renato já fizeram... Você sabe.
— Nossa Coronado, que pergunta é essa? — para minha surpresa, ele sorriu.
— Como eu já disse, só tem a gente aqui, pode falar.
— Sim, a gente já teve, mas foi só uma vez. No dia seguinte minha mãe veio conversar com ele e estragou tudo, ela praticamente pediu pra ele parar de me fazer isso. Mas eu entendo ela.
— Eu também entendo.
— Olha, Coronado, obrigado por isso, é muito difícil decidir sozinho, sabe? Você foi um suporte e tanto.
Para ser sincero, não sabia que minha personalidade intrusiva traria esse resultado.
— Por nada, que bom que ajudei. pensa mais sobre o casamento,não precisa esperar,quando você achar que for certo já sabe né?
— Tô ligado, valeu de verdade.
Me levanto da cama e me dirijo até a porta.
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MY LIFE | Leonato
RomanceO que diria ao seu melhor amigo quando você o ama de verdade? Palavras como "eu te amo" soaria como uma pronúncia estranha aos outros ao meu redor. Mas eu não estou falando de um amor de "amigos" como uma vez pensaram, é um amor maior, ele me consom...