Human

8.3K 1.2K 950
                                    



A grande faixa que estava na entrada do prédio principal da escola realmente gritava que o time de vôlei era o orgulho da Itachiyama, e não era de se esperar algo diferente. Afinal eles tinham ganho com honras a primeira vaga da etapa de Tóquio do intercolegial.

Próxima etapa, nacional.

Como sempre estávamos fazendo nosso caminho para o refeitório dos alunos residentes quando meu celular começou a tocar, no identificador um nome bem conhecido.

-Quem é? – Taya perguntou vendo que eu olhei o celular e não atendi de imediato.

-Um amigo – respondi em seguida colocando o aparelho no ouvido. Até que ele demorou mais do que imaginei.

-Parece que você vai mesmo pro nacional.

-As pessoas costumam dar pelo menos bom dia quando ligam para os outros.

-E você liga pra isso desde quando?

-A partir de hoje – dei risada e fiz um sinal para que Taya, Komori e Sakusa fossem na frente enquanto eu dava um pouco de atenção para o levantador loiro da Inarizaki.

-Você é terrível sabia, não sei porque eu... Sou seu amigo.

O pequeno silêncio que teve no meio da frase dele me deixou apreensiva, não era característico dele esse tipo de dúvida. O garoto sempre era bem direto no que geralmente queria falar.

-Porque eu sou incrível é claro – tentei mudar um pouco o tom da conversa enquanto me sentava num banco qualquer – Como estão as coisas por ai? A final de Sendai vai ser no próximo final de semana não é?

-Sim, você podia vir e assistir. Os meninos do time com certeza iam gostar disso.

Pensei um pouco antes de responder -Próximo final de semana será a festa de noivado do Hide – comentei – Descul-

-Não, está tudo bem. Wah, Hideki-senpai vai casar? Já avisou Kita-san? Não se preocupe eu vou falar. De qualquer forma vamos nos encontrar no nacional, pode compensar assistindo nossos jogos lá.

-Atsumu eu-

-Oh, Samu está me chamando. Conversamos depois, só se cuide está bem?

Rapidamente ele desligou, finalizando a chamada em um tom estranho. Respirei fundo ainda encarando a tela apagada do celular tentaria falar com Suna mais tarde. Assim que me levantei dei de cara com alguém.

-Sakusa quantas vezes você vai me assustar! – coloquei a mão sobre o tórax sentindo os batimentos rápidos do meu coração

-Você estava demorado. Taya estava preocupada – respondeu e pareceu tentar ler um pouco da situação antes de continuar – Está tudo bem?

Sua testa estava um pouco franzida significando que genuinamente estava preocupado não era apenas uma pergunta formal, o que me fez pensar que ele usou a minha colega de quarto como desculpa para ficar para trás.

-Sim – passei a mão pelo meu pescoço aliviando um pouco a tensão – Não é tão fácil manter amizades a distância.

-O levantador da Inarizaki está te cobrando alguma coisa?

Balancei a cabeça – Não, ele só... Espera.

Me interrompi – Como você sabe que era o levantador?

A cara que o ace fez em seguida denunciou tudo – Você estava me espionando Sakusa Kiyoomi?

O garoto virou o rosto na tentativa de esconder o leve rubor em seu rosto, mesmo de máscara conseguia ver o tom avermelhado subindo pela sua bochecha.

-Não, foi uma suposição.

-Você estava escutando a minha conversa sim – não pude deixar de rir – Nunca iria imaginar que você é do tipo curioso.

-Cauteloso – ele rebateu – Existe diferença, mas Taya realmente ficou preocupada porque você demorou para atender.

-Mas você estava sim me espionando, poderia ter se anunciado ao invés de me assustar - peguei a bolsa do banco. Depois da pequena conversa sincera que tivemos antes do jogo eu me sentia um pouco mais à vontade para conversar com ele de uma maneira mais íntima, se é que eu poderia falar isso.

Voltei a olhar para frente e o garoto tinha dado alguns passos em minha direção encurtando a distância entre nós. O Sakusa se inclinou levemente para frente falando numa voz baixa como se fosse um segredo – Você fica fofa quando se assusta.

E sem dizer mais nada, se afastou e quase pude o ouvir rindo pela feição de espanto que aquela pequena frase tinha me causado.

-Vamos ou vai perder o café - Pelo jeito eu não era a única que tinha ficado mais confiante para conversar.

-Você não presta ace-kun.

O segui para o refeitório e Taya conversava animadamente com Komori, mas assim que me viu aproximar da mesa perguntou se estava tudo bem. Apenas respondi que sim e assim como nos outros dias tomamos um café tranquilo enquanto os estudantes regulares começavam a chegar na escola para as aulas.

-Você não está animada para o noivado de Hide-kun? – Taya me perguntou – Ichika-chan me pediu para tirar fotos, eu nunca participei desse tipo de evento antes deve ser tão lindo!

-Taya não é o casamento, é uma festa de noivado. Na verdade eu nem sabia que existia isso, mas Ichika sendo... Bem, ela mesma. Não esperaria menos.

-E eu estou animada – respondi a pergunta anterior – Só acho que não caiu a ficha que Hide vai começar a família dele.

-Está com ciúme gerente-chan?

-Não Komori, só é diferente. - rebati o líbero que me lançava um sorrisinho traiçoeiro.

-Como? – Sakusa perguntou.

Precisei de alguns momentos para formular um pensamento – Estou muito feliz pelo Hide, de verdade mas é como se ele tivesse se soltando de mim e do meu pai...? Acho que eu fico com uma sensação de que não sou mais necessária, o que é algo realmente idiota. Não sei realmente.

-Ciúme.

-Komori pare de pegar no pé de [Nome] – Taya veio em minha defesa, ela bateu no braço dele enquanto o líbero apenas ria e pedia desculpa falando que estava brincando.

-Acho que é normal – Sakusa começou a falar chamando a atenção – Afinal vocês são uma família, mas o fato dele começar sua própria não quer dizer que está deixando vocês para trás. Talvez se você pensar do ponto de vista que ele está agregando mais pessoas para perto de vocês ajude essa sensação a ir embora.

Aquela foi de longe a coisa mais humana que eu tinha o ouvido falar e foi sincero. O rapaz de verdade estava tentando ajudar e isso parecia ter surpreendido Komori e Taya também, porque os dois tinham parado a pequena briga deles e encaravam o atacante com surpresa.

-É um bom conselho Sakusa, obrigada.

Nossos olhos se encontraram por um instante antes dele desviar e voltar a prestar atenção na própria comida.

-Você pode me chamar de Kiyoomi... Se quiser.









N/a: Ih, aquele capítulo de transição para aquecer nossos corações!

Vejo vocês na próxima!

Até mais, Xx

Redamancy - (Sakusa x [Nome])Onde histórias criam vida. Descubra agora