VII Capítulo

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Segurei em sua mão, em seguida ele jogou aquele pó verde em mim e tive pensamentos felizes. Voamos para a praia e ficamos pairando sobre os viajantes que haviam chegado na ilha... Não... Não podia ser...

-Ei, não caia agora.

Ele me segurou e fiquei agarrada a seu corpo. Estava chocada demais para pensar em qualquer outra coisa.
Minha família. Minha família estava aqui.

P.O.V Emma
Comecei a entrar na floresta e procurei pelas marcas que havia deixado na ilha. Eu havia colocado "marcas" nas árvores, indicando o lugar do acampamento de Pan.
Peter Pan. Esse nome ainda me causava arrepios... Depois de todos esses anos eu espero que ele e aqueles malditos meninos perdidos estejam fora daqui.
A última marca. Andei mais alguns metros e... Não! Não! O acampamento não estava mais aqui! Não!

-Pensou mesmo que eu fico no mesmo lugar por muito tempo?

Ouvi uma risada e estremeci na mesma hora. Peter apareceu de trás das árvores e havia alguém ao longe, provavelmente um de seus meninos perdidos.

-Quanto tempo, Emma.
-Quanto tempo, Pan.
-Você cresceu... Lembro ainda de quando dia 13 anos, continua linda.
-Cadê a minha filha?
-Vamos com calma Emma, vamos conversar um pouco.
-Só vou repetir mais uma vez: cadê a minha filha?!
-Ah, Selina? -ele soltou o ar pesadamente- Ela está bem. Está feliz.
-Você é um mentiroso Pan! Devolva a minha filha.
-Oh, eu devolveria ela com o maior prazer, a questão é: ela quer voltar?
-É óbvio que quer voltar, ela quer voltar para o Instituto. Para sua família.
-Eu não teria tanta certeza disso. Ela gostaria mesmo de voltar para um lugar onde não pode ter amigos? Um lugar onde é obrigada a treinar para ser algo que não quer? Nunca poder sair de casa? Um lugar onde ela se sente aprisionada?
-Cale a boca. Você a sequestrou para esta maldita ilha!
-Eu não a sequestrei, apenas dei algo que ela queria a tanto tempo: liberdade, felicidade, uma amizade.
-Ela é minha filha! Eu quero ela de volta! Ela vai voltar comigo! Eu não me importo como ela se sente, eu quero minha filha de volta!

Um enorme silencio surgiu e foi nesse momento que percebi que havia caído em uma das armadilhas de Pan. Selina surgiu detrás das árvores com os olhos marejados de lágrimas, parou ao lado de Peter e ele colocou a mão no ombro dela.

-Selina minha filha...
-Você nunca se importou comigo?
-Não é isso querida... Eu apenas...
-Cala a boca.
-Querida...
-Cala a boca. Volte para o Instituto e nunca mais procure por mim.
-Selina!
-Vai embora! Agora! Todos vocês!

Ela saiu correndo e Peter continuou na minha frente.

-Sinto que o resgate foi em vão, ela não vai voltar.
-Você é um imundo! Mundano desprezível!

Joguei uma de minhas adagas nele, mas ele apenas a pegou com a mão e a guardou no cinto.

-Eu não sou o mesmo de antes Emma, só quero ajudar.
-Eu te conheço, Pan. Você nunca quer ajudar.
-Você pode estar certa, mas de uma coisa você tem certeza: sua filha nunca mais voltará para você.

Ele sumiu envolta de uma fumaça verde. Cai de joelhos no chão, chorando. Ele estava certo. Nunca mais ela voltaria para mim... Mas precisava alerta-la no do que não coloquei no diário, precisava contar da mentira que escrevi naquelas páginas. De como Pan assombrou minha vida.

P.O.V Selina
-Como... Como ela pode... Minha mãe... Porque...

Eu corri totalmente sem rumo, atravessei o acampamento por acaso e continuei correndo, as lágrimas descendo sem parar. Só parei quando cheguei na praia, quando cedi e cai de joelhos. Abracei a minha mesma e me encolhi, chorando.
Como ela pode... Como ela pode?! Minha mãe foi quem eu sempre pude contar, minha única amiga. Ela nunca... Nunca me disse uma coisa dessas... As lágrimas não paravam de cair.
Senti uma mão em minhas costas, me ergui e vi que era Peter. Ele se aproximou, beijou minha testa e me abraçou, colocando minha cabeça em seu peito. Podia ouvir seu coração, batia normalmente... Eu o apertei forte e aos poucos, fui parando de chorar. Abraçá-lo me trazia uma sensação de paz, carinho e ternura. Ficamos assim por mais um tempo, até que o soltei e ele colou nossas testas.

-Se quiser, não vou deixar que ela chegue perto de você novamente. Posso mandá-la para o mundo dela, para nunca mais voltar.
-Não Peter... Eu só quero que ela me responda uma pergunta... Depois ela é toda sua.
-Que pergunta?
-Prefiro contar somente para ela.
-Sabe que pode confiar em mim, não é?
-Sei... Só... Por favor, me distraia.
-Com o que?
-Qualquer coisa, só quero pensar em qualquer outra coisa.
-Que tal isso?

Okay. Ele fez isso. Peter Pan me beijou.
Foi uma sensação estranha, entende? Não que eu nunca tivesse beijado alguém, é só que foi estranho ele me beijar. Naquele momento, quando estava me sentindo daquele jeito. E bem... Ele não beija mal. Ele colocou sua mão em meu pescoço e eu coloquei a minha em seu ombro. Aprofundamos o beijo mais ainda e esqueci tudo, por meros e lindos segundos, esqueci tudo e todos ao meu redor. O hálito dele era de hortelã e uvas, que engraçado. Não faço ideia de por quanto tempo ficamos assim, mas paramos para pegar ar e logo estávamos nos beijando de novo.
Ele foi se inclinando para cima de mim e logo, estava praticamente deitada na areia com ele em cima de mim. Minhas mãos estavam em sua nuca e as dele em meu pescoço. Peter desceu os beijos dele para meu queixo, logo depois, meu pescoço. Me arrepiei ao sentir o toque dos lábios dele, era uma sensação boa... Boa demais... Mas eu "acordei" quando senti uma de suas mãos em minha coxa.

-Peter...

Nos olhamos e ficamos assim por um bom tempo. Ele me deu um longo selinho e logo depois se levantou, me trazendo com ele. O abracei e notei uma coisa que não tinha percebido antes... Tínhamos o encaixe perfeito. Quando ele me abraçava, sua cabeça ficava em cima da minha e a minha em seu peito, ouvia seu coração batendo normalmente. Ele fez cafuné no meu cabelo e fechei os olhos. Foi... Incrível.

-Vamos voltar para o acampamento?
-Vamos.

Peguei na mão dele e Peter foi me guiando de volta ao acampamento. Onde tudo estava um completo caos.

Welcome to Neverland   •em revisão•Onde histórias criam vida. Descubra agora