XXIV Capítulo

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-Trauma Causado por Tristeza Prolongada -ela disse- Não sabe o que é isso, não é? Vou explicar: quando pensei que Jack havia morrido por minha culpa, um buraco negro se abriu em meu coração. Quando Tinke me levou de volta para o mundo mundano, meus pais estavam mortos. Logo depois descobri que seria castigada pela Clave, fui torturada a semanas na maldita Academia. Me tornei a melhor Caçadora de Sombras da minha idade, mas com vingança como motivação. Eu queria vingança por todos os problemas que me causou. Por sua culpa passei uma adolescência inteira me culpando por algo que não fiz, por sua culpa perdi os últimos momentos de alegria com meus pais e por sua causa fui para a Academia. Adivinha porque fui? Porque não restou mais ninguém da minha família! Me formei na Academia e me tornei professora só para poder ter uma casa! E então conheci Julian... Ele me salvou da tristeza. Me deu uma casa, filhos, felicidade. Mas eu, por um dia sequer, me esqueci de você e do que me causou. Quase fiquei maluca por vingança. Quando Selina veio para a ilha, toda minha raiva dos anos anteriores voltou. Não hesitei duas vezes antes de vir aqui tomar o que é meu e vingar toda a vida alegre que perdi por sua causa. E agora, que voltei a ilha... Não me importa que Selina o ame ou que você é imortal, sempre há um jeito de matar alguém.

Emma retirou da bota uma adaga com o cabo em forma de bolas pretas e a lamina era ondulada com estrelas pretas e... Essa não.

-Onde conseguiu isso? -perguntei.
-Onde mais?
-Emma, por favor...
-Eu te pedi isso há anos e lembra-se do que me disse? -fiquei em silêncio- Peter Pan nunca falha.
-Selina nunca vai perdoá-la.
-Ah vai, um dia. Mas até lá poderei ficar com a consciência tranquila de que me vinguei e terei certeza de que você estará morto, bem longe de me atormentar novamente.

Seu olhar maniaco me deixou perplexo, eu... Criei um monstro. Emma lançou a adaga contra mim, pulei para o lado e tentei ferir sua mão, mas ela tentou mais uma vez me atingir com a adaga. Desviei e fiz um corte em sua mão, rodopiei e fui parar longe dela, na porta da cabana.

-Emma, pense no que está fazendo. Você mal conseguiu aguentar uma morte falsa, vai conseguir carregar uma morte verdadeira nos ombros?
-Contanto que seja a sua.

Ela avançou e desviei indo para o lado, a adaga ficou presa na madeira da cabana e com um movimento de mãos a lancei para o outro lado do acampamento. Ela bateu em uma árvore, mas se levantou com uma velocidade incrível. Corri para pegar a adaga, assim que a peguei Emma chegou e enfiou uma lamina serafim em minha barriga. A lancei mais uma vez para o outro lado do acampamento e cai de joelhos. Tirei a lamina e a segurei com a mão esquerda.

-Tudo bem Emma, se uma luta até a morte é o que quer é o que terá.

O "furo" que a lamina fez em mim mexeu com meus sentidos e nem percebi que a adaga estava nas mãos dela novamente. Fiquei em posição de luta e esperei ela partir para cima de mim. Assim que fez isso, desviei de um golpe de adaga e fiquei atrás dela. A chutei e ela caiu no chão. Emma se virou de barriga para cima e tentou enfiar a adaga em minha perna, voei um pouco para cima e lancei a lamina contra ela. A mesma de cravou na terra a centímetros de seu ombro.

-Sou justo -falei descendo ao chão de novo- Não luto com alguém desarmado.
-Mundano desprezível.

Emma se levantou e pegou a lamina, correu para cima de mim e batemos as laminas. Aproveitando o momento, ela tentou enfiar a adaga em mim, mas peguei a lamina dela e a virei para Emma e empurrei para frente. Fez um pequeno corte em sua barriga. Joguei com violência minha lamina para o lado, seu braço segurando a lamina falhou e o braço virou de um jeito anormal. Chutei sua barriga e pisei em seu pulso direito, peguei a adaga do mesmo e enfiei a espada em seu peito. Mas... O que?!
Era para ela estar sangrando, morta. Mas ela estava... Rindo.

-Não foi o único que aprendeu alguns truques por aqui -Emma disse.

A adaga que pensei estar na minha mão evaporou e Emma... evaporou. Uma projeção realista, magia básica. Cai em uma armadilha. Me virei para trás erguendo a espada, mas já era tarde. A adaga estava atravessada em meu peito.

-Tenha bom sonhos, Pan.

Não sabia como descrever a dor em que meu corpo se encontrava. Assim que Emma saiu do meu campo de visão, arranquei a adaga de meu peito. Minha visão estava começando a ficar turva e quando percebi... Emma estava carregando Selina para longe.

-Selina! -berrei, mas já era tarde- Eu... Preciso... Sobreviver...

Espamos contínuos tomaram conta de mim, meu cérebro começou a explodir, me engasgava com meu próprio sangue, era o fim
Cai no chão, acabou.

P.O.V Selina
Quando acordei, o vento batia com agressividade em meu rosto. Mas o que estava acontecendo?! Abri os olhos e os fechei na mesma hora, o vento era muito forte. Quando consegui abrir melhor, vi que estava em cima de um... Dragão!?

-Aah! -gritei de pavor.
-Acalme-se Selina, estamos quase saindo de Neverland para sempre! -notei que minha mãe estava comigo.
-O que?! Mãe! Pare! Onde está Peter?!
-Morto! Eu o matei filha, agora podemos viver felizes para todo o sempre!

Ela tinha um sorriso totalmente louco no rosto, indescritível.

-Não... Não... Não! -berrei- Você está blefando!
-Não! Eu o matei com a adaga de um caro amigo meu! Agora poderemos ser felizes Selina! Um dia você me entenderá!
-Eu nunca irei te perdoar e mais uma coisa: eu te odeio! -berrei.
-Selina!!!

Me enchi de pavor e fiz a primeira coisa que veio a minha cabeça: pular. Cairia no imenso oceano de Neverland, não? Não. Eu me joguei para fora do dragão bem no momento em que estávamos saindo do reino de Neverland. Por segundos, fiquei em um vazio preto sendo jogada de um lado para o outro. Segundos depois, um clarão apareceu e vi que estava caindo de uma altura enorme. Vi um mar embaixo de mim e mais ao longe... Nem tive tempo de pensar em mais nada, pois no mesmo segundo cai com violência na água. Nadar, nadar, nadar! Nadei do melhor jeito que pude mas não aguentava mais, estava tossindo água e me sentia doente. Meu estado já não era bom, imagine agora que tive de me esforçar tanto? Me deixei cair no fundo, não tinha forças para nada. Vi uma forma... Uma pessoa, de cabelo vermelho e... Cauda? Uma sereia. Ela me carregou para a superficie e voltei a respirar, ela cuidaria de mim.
Mas Peter... Comecei a berrar e a chorar freneticamente. Peter Pan estava morto! Ele estava morto e minha mãe causou tudo isso! Tem alguma noção da dor que estou sentindo?! O amor da minha vida foi tomado de mim e alguém que eu pensava que só pensava no meu bem matou a pessoa que mais amava na minha vida! Eu quero morrer!

-O que está acontecendo?
-Temos que levá-la para Anne!
-Vamos cuidar dela primeiro!

Ouvi as mulheres do meu lado conversando. Continuei berrando e chorando.
Um buraco negro se abriu em meu coração, me sentia vazia e sem vida. O coração de Peter estava em mim... Mas ao mesmo tempo não estava. Está doendo demais... Eu não consigo suportar!

Peter Pan está morto.

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O I E
A M A D O S
L E I T O R E S

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MEU DEUS, MUITO OBRIGADA! SÉRIO! Eu realmente não sei como agradecer vocês, meus leitores!! Muito obrigada mesmo!! ❤❤
Vocês tem me dado um apoio que eu nem sei por onde começar a agradecer!! ❤❤

Welcome to Neverland   •em revisão•Onde histórias criam vida. Descubra agora