XXV Capítulo

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-Não! Não! -berrei quando as sereias tentavam me levar para algum lugar- Me levem de volta para a ilha! Eu imploro!
-Você está doente Selina! -reconheci a sereia, Celeste- Precisa deixar cuidarmos de você!
-Peter vai fazer isso, mas ele não tem muito tempo. Por favor me levem de volta para a ilha, agora!

Celeste e a outra sereia se entreolharam e concordaram com a cabeça.

-Prenda a respiração e segure-se firme, bem firme mesmo! -segurei na mão das duas fortemente e prendi a respiração.

No segundo seguinte elas foram batendo as caudas em uma velocidade inacreditável. A água passava por mim e até machucava, mas precisava aguentar. Se passou muito tempo e quase estava sem ar quando elas pararam bruscamente e fui lançada para frente. Fui para a superfície e vi: a praia.

-Selina, não podemos passar daqui sem nos afogarmos com o ar. Boa sorte.
-Obrigado Celeste.

Com forças que não sei de onde tirei, fui andando até a praia e cai umas duas vezes. Minha visão estava turva e estava perdendo as esperanças de encontrar Peter. Mas não podia desistir. Reuni a pouca da força que tinha e entrei no labirinto que era a floresta. As árvores eram altas demais e estava com uma tontura infernal. Tudo girava o tempo todo, mas não posso desistir! Não pense em você, pense em Peter.

"-Está arrepiada? Gosto disso... Teremos dias interessantes por aqui Selina..."
"-Não vou deixar que essa Sombra te pegue, Selina. Eu vou te proteger..."
"-Você tem fogo, eu gosto de fogo... É divertido brincar com você, Selina... Está com medo de mim?..."
"-Não vou te decepcionar, Selina. Eu prometo... Agora é quando as coisas começam a ficar interessantes Selina. Venha, vamos brincar..."
"-Por favor, me distraia... -Que tal isso?..."
"-Pare de pensar alto, Blacktorn!... -Você lê mentes por acaso?... -Não. É que você não sabe disfarçar..."
"-O que lhe faz pensar que estou fazendo algo? Vamos nos divertir agora..."
"-Se quer me beijar só precisa pedir, não precisa cair de propósito Blacktorn..."
"-É lindo... -Não tanto quanto você..."
"-Parece que venci... -Eu te odeio... -Sei que me ama..."
"-Me distraia, Peter Pan... -Sei exatamente como..."
"-Já viu um anjo? Nem eu vi... -Claro que vi... -Quem?... -Você. Eu te amo Selina, te amo mesmo..."
"-Você, parece uma criancinha descobrindo o mundo..."
"-É a minha garota perdida"

Peter Pan, estou indo até você.

O tempo pareceu se estender por décadas, e a cada minuto dessa década era um sofrimento para mim. Parecia que cada vez mais Peter estava longe e cada vez mais eu piorava. Mas não posso desistir, não posso. Uma chama... Oh, Deus! O acampamento! Cheguei!
Me concentrei e tentei ver o lugar... Procurei por Peter e até gritei por ele, um gemido... Um engasgo... Seja o que quer que fosse aquele som, me chamou a atenção e fui na direção dele. Era Peter!

-Meu deus Peter! Peter! Sou eu! Selina!

Ele estava engasgando no próprio sangue e gemendo de dor. Me arrastei até a cabana e peguei duas coisas que sabia com certeza quem poderiam ajudar. Um pote com um pó verde brilhante e um copo tampado com um líquido azul-verde. Sai da cabana e joguei o pó no ferimento de Peter. Nada.
Joguei um pouco do liquido na ferida que continha um montinho do pó verde. Funcionou! O pó começou a se fundir com o liquido e perfurou o furo no peito de Peter. Peguei o resto do pó e o joguei dentro do resto do liquido, joguei a mistura na boca de Peter e esperei. E esperei. E esperei.

-Peter... Por favor... Acorda! Eu preciso de você...
-Selina? -ele abriu os olhos e abri o maior sorriso que já dei na minha vida.

O beijei. O beijei pelo tempo que consegui. Ele ficou ajoelhado e fiz o mesmo. Nos abraçamos e ele colou nossas testas.

-Eu pensei... Pensei que tinha te perdido -disse com lágrimas nos olhos...
-Eu pensei que tinha te perdido -Peter colocou minha cabeça em seu peito, fiquei ouvindo meu coração que batia em seu peito- Foi sua mãe, ela tentou me matar e...
-Eu sei. Eu sei. Ela saiu de Neverland, duvido que volte de novo. Mas não vamos falar disso agora, okay? Só... Oh deus, me sinto... Horrível...
-Selina!

Ele me deitou no chão e colocou um líquido na minha boca, a "poção" que fiz para Peter. No segundo seguinte me senti bem melhor. Ele colocou a mão em minha cabeça e senti um "raio" que ia da minha cabeça até meus pés. Finalmente pude enxergar melhor e vi os grandes e brilhantes olhos verdes de Peter me olhando. Puxei seu rosto em direção ao meu e o beijei freneticamente, como se todo o tempo tivesse acabado e eu precisasse aproveitar cada segundo que me restava. Ficamos assim por muito tempo.
Peter Pan está vivo e bem, consegui salvá-lo. A alegria não cabia em mim, meu amor por ele só aumentou.
Depois de um bom tempo, paramos o beijo por falta de ar e olhamos um para o outro.

-Conseguimos, Selina -Peter disse sorrindo.
-Conseguimos não é? -ri.
-Eu te amo, oh Deus, eu te amo tanto.

Peter me deu um longo selinho.

-Juntos até o fim?
-Juntos até o fim, minha garota perdida.

Welcome to Neverland   •em revisão•Onde histórias criam vida. Descubra agora