X Capítulo

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P.O.V Selina
Me recostei em uma árvore e me pus a chorar. Não que eu não estivesse completamente feliz, mas eu tenho certeza de que eles nunca me perdoariam. Parei de chorar quando vi o sol se pondo. Puxa, passei o dia todo aqui? Mas eu tinha opção? Não sabia o caminho para o acampamento e Peter não iria aparecer nunca. Ouvi um barulho de um galho sendo quebrado atrás de mim, me levantei, Peter. Ele estava sorrindo, mas assim que me viu, tirou o sorriso dos lábios e me abraçou. Eu precisava de um abraço... Principalmente do dele...

-Eu nunca mais verei meu pai e meu irmão...
-Você os salvou Selina.
-Então porque me sinto tão culpada?

Ele começou a fazer carinho em meu cabelo. Enfiei meu rosto em seu pescoço e o abracei o mais forte que podia.

-Posso te distrair disso?
-Como?
-Assim -ele me soltou, segurou meu queixo cuidadosamente com uma das mãos e me beijou.

Peter tinha lábios vermelhos e carnudos. Quando sua língua entrou em minha boca, coloquei minhas mãos em sua nuca e ele colocou as dele em minha cintura. Ficamos assim por um bom tempo. Eu nunca pensei que... Poderia estar... Desse jeito por Peter... Não. Qualquer um menos ele. Separei nossos lábios, continuei de olhos fechados e nossas testas estavam coladas.

-Eu quero te entender, Peter.
-Como assim?
-Quando cheguei, você quase me mataria. Depois parecia querer me estuprar e agora... É bondoso. Ajudou meu irmão e meu pai e... Eu quero te entender. Para parar de ter medo -me separei dele e me afastei alguns passos.
-Porque você tem medo de mim?
-Ouvi coisas, Pan. Ouvi coisas... Muito sérias. E eu tenho medo de que... Sejam verdade.
-O que você ouviu? -ele ficou sério.
-Que... -minta Selina! Minta!- Quer o coração da minha mãe! Eu confiei em você e... Você vai matar minha mãe! -senti lágrimas escorrerem do meu rosto. Idiota! Idiota! É agora que eu morro.
-Selina, quem lhe disse estas besteiras?
-Uma pessoa.
-Que bom que foi uma pessoa, podia ter sido o dragão.
-Tem um dragão na ilha?!
-Não mude de assunto. Selina, seja lá quem lhe contou isso, é mentira. Pense comigo: o coração do verdadeiro crédulo é poderoso, poderia ter pego o coração de sua mãe a anos, mas não. Achei outra maneira. As vezes, pequenos objetos carregados de amor verdadeiro, amor inocente e puro, amor de criança, podem se tornar armas letais ou feitiços poderosos. Usei o pequeno boneco de pano que meu filho deixou para trás. Por favor, acredite em mim. Eu já sou imortal e nesta ilha, todos podem ser. Seremos imortais, Selina. Eu, você, os meninos perdidos... Por favor, diga que acredita em mim.

Fiquei em silencio, com medo de dizer qualquer coisa. Nemm percebi, mas ele abriu a mão esquerda e havia um pó azul-escuro nela.

-Peter... -disse com a voz trêmula- O que é isso?
-Sinto muito Selina, mas você precisa confiar em mim.

Mas já era tarde, ele havia jogado em mim e... Tudo fazia sentido agora... Peter não quer nada com minha mãe, ele apenas quer me ajudar a salvá-la.

-Está certo. Isso... Faz sentido.
-Que bom que acredita em mim -ele se aproximou e eu deixei.
-O que pensa que está fazendo Peter? -disse quando ele colocou suas mãos em minhas costas e me puxou para ele.
-O que lhe faz pensar que estou fazendo algo? -ele sorriu e me deu um longo selinho. Deu dois beijos em meu pescoço e depois sussurou no meu ouvido- Vamos nos divertir agora.

P.O.V Emma
Eu estava chorando. Talvez eu nunca mais veria meu marido ou meu filho e tinha certeza de que morreria nesta ilha. Não consegui escapar dos meninos perdidos, mas Tinke sim. Ela disse que voltaria para me pegar. Pan me colocou em uma jaula de madeira muito resistente. Era pequena, apenas conseguia ficar sentada, sem fazer movimento algum. Estava me sentindo tonta e triste.
Lutei tanto em minha vida... E agora vou morrer por causa de uma besteira minha na infância. Se ao menos eu pudesse ver minha filha uma última vez...

-Finalmente foi derrotada Emma, isto me diverte.

Olhei em volta e vi a pessoa que mais detestei desde que estive aqui.

-Vá embora Felix.
-Não quer que eu a veja chorando?
-Vá embora Felix.
-Quer ver sua filha, não quer?
-Vá embora Felix! -desta vez eu gritei e ele se calou por alguns minutos.

Ele jogou sua espada e cortou a corda. Ele se agachou na frente da jaula, me olhando.

-Eu quero te ajudar Emma... Por mais que não pareça, eu... Gostava de você.
-Felix...
-Eu sei, eu sei, só... -ele abriu a jaula- Ande logo antes que Peter perceba que sumiu. O acampamento fica a cinquenta passos a leste deste lugar, os meninos perdidos foram pescar e só voltam a noite, Selina esta na cabana com Peter... Tome cuidado.
-Obrigada Felix... Eu... -sai e me levantei.

Agora que cresci, estou um pouco maior que ele. Ele continua o mesmo: a cicatriz no rosto, o capuz escondendo seus olhos e seu pés descalços cheios de terra. Lhe dei um beijo na testa e corri para o acampamento. Felix podia me amar e eu podia odiá-lo, mas não quero pensar nisso agora. Vou pegar Selina de volta.

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